Contas públicas passam de défice a excedente. IRC faz disparar receita fiscal até julho

Estado regista um saldo orçamental positivo de 1.059,8 milhões de euros até julho, pondo fim ao défice orçamental em contabilidade pública que se registava mensalmente desde março.

As contas públicas passaram de um défice orçamental a um excedente até julho, refletindo a melhoria da receita fiscal, suportada por um disparo no IRC. De acordo com dados da Direção-Geral do Orçamento (DGO) divulgados esta sexta-feira, o Estado registou um saldo orçamental positivo de 1.059,8 milhões de euros, em contabilidade pública.

O défice do Estado subiu para 2.731 milhões de euros até junho, o valor mais elevado desde dezembro de 2022, quando o saldo global foi negativo em 3.590,8 milhões de euros. No entanto, melhorou em julho, permitindo uma recuperação das contas públicas para terreno positivo. Ainda assim, corresponde a uma diminuição de 3.922,4 milhões de euros face ao evidenciado no mesmo período do ano anterior, em resultado do aumento da despesa (11,3%) ter sido superior ao da receita (4,3%).

A DGO recorda, contudo, que a variação do saldo encontra-se influenciada pela transferência, em 2023, da totalidade das responsabilidades asseguradas através do Fundo de Pensões do Pessoal para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), no valor de 3018,3 milhões de euros. Esta operação não teve impacto no saldo em contas nacionais, assumindo uma natureza financeira. Recorde-se que os dados da execução orçamental são em ótica de caixa (entradas e saídas de dinheiro), que difere da contabilidade nacional, que utiliza a lógica dos compromissos, sendo aferida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e nas comparações internacionais.

Fonte: Direção-Geral do Orçamento

Ajustado do efeito inerente ao Fundo de pensões da CGD, o saldo orçamental decresceu 904,1 milhões de euros, face ao registado no período homólogo.

Receita com IRC cresce 36%

A ajudar os cofres do Estado esteve o crescimento da receita fiscal de 7,6% até julho, totalizando 33.404 milhões de euros, influenciada em grande medida pelos efeitos dos pagamentos relativos ao regime de ativos por impostos diferidos de IRC em fevereiro de 2024 e pela prorrogação do pagamento de IVA milhões de euros em julho de 2023 e em julho de 2024.

Assim, o Estado arrecadou 15.562,7 milhões de euros com impostos diretos, um crescimento de 13,7% face a igual período do ano passado, e 17.841 milhões de euros com os impostos indiretos, um aumento de 2,8%. Entre os impostos diretos destaca-se o comportamento da receita com IRC, que aumentou 36% para 6.954 milhões de euros, enquanto a receita com IRS subiu 0,9% para 8.373,4 milhões de euros.

Entre os impostos indiretos, a receita do IVA subiu 0,7% para 12.920,3 milhões de euros, a do Imposto de Selo aumentou 10,7% para 1.269 milhões de euros e a do ISP 15,7% para 1.922 milhões de euros.

Já as contribuições para sistemas de proteção social aumentaram 10%, fundamentalmente devido à evolução das contribuições para a Segurança Social, explica a DGO.

Despesa com pessoal aumenta 7,3%

A despesa cresceu 11,3% até julho, face a igual período do ano passado, resultado sobretudo do comportamento das transferências, despesas com o pessoal e aquisições de bens e serviços. A despesa com pessoal subiu 7,3%, refletindo sobretudo o efeito da atualização remuneratória da Função Pública e o efeito resultante da medida especial de aceleração do desenvolvimento das carreiras da Administração Pública.

A DGO destaca, nomeadamente, a despesa com pessoal associado ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), com impacto do regime de dedicação plena, “o desenvolvimento da nova carreira de técnico auxiliar de saúde” e a “transição das Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo A e das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, para USF modelo B”.

Na área da educação, salientam-se os impactos do alargamento dos Quadros de Zona Pedagógica, do aumento de vinculações de docentes no quadro e de alterações de posicionamento remuneratório obrigatória.

A influenciar o crescimento da despesa esteve ainda o aumento de 10,7% associado às aquisições de bens e serviços e de 12% associado às transferências, devido ao aumento dos encargos com pensões, do número de pensionistas e da atualização intercalar de 2023, e de outros abonos do regime geral da Segurança Social.

A DGO indica ainda que a despesa de investimento evidenciou um acréscimo de 7%, excluindo os encargos com as parcerias público-privadas e as medidas extraordinárias.

(Notícia atualizada às 17h17)

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