Fibra, dois cartões e três meses de fidelização por 35 euros. Assim é a Digi em Espanha

Nova marca de telecomunicações iniciou esta semana a fase de pré-lançamento em Portugal. Ainda não há data para o arranque, nem preços. Até lá, saiba as condições que a operadora pratica em Espanha.

A Digi está obrigada pelo regulamento do leilão do 5G a lançar serviços até ao final de novembroHugo Amaral/ECO

A nova operadora Digi, que vai entrar no mercado português com redes próprias, tem mantido em segredo a data de lançamento comercial dos seus serviços, bem como a estratégia que vai seguir nas ofertas e nos preços. Mas entre os consumidores e reguladores existe a esperança de que a empresa adote um modelo parecido com o de Espanha, com preços mais baixos e fidelizações menos duradouras do que as da concorrência. Como opera a Digi do outro lado da fronteira?

Há, desde logo, uma diferença muito importante que pode baralhar as contas em qualquer comparação: em Portugal, além das ofertas fixas e móveis, a Digi pretende disponibilizar um serviço de televisão, enquanto em Espanha só fornece serviços de fibra ótica e 5G, com o telefone fixo a ser opcional. Distribuir canais de televisão tem custos e são conhecidas as dificuldades que a operadora tem tido em licenciar alguns dos canais mais vistos pelos portugueses. Esses custos não existem em Espanha, um detalhe que não se pode perder de vista.

Depois, o preço a pagar pelos serviços da Digi Mobil, o nome que a operadora adotou no mercado espanhol, varia também consoante o local de residência do consumidor. Se por sorte viver numa zona acesso à rede própria de fibra ótica da Digi, tem à sua disposição ofertas mais baratas e com uma velocidade de acesso superior face às restantes. No pacote de fibra e 5G mais barato a diferença é de dez euros, enquanto na oferta mais musculada é de apenas um euro, apesar de a velocidade anunciada ser dez vezes superior.

Vamos a casos concretos. Um casal em Espanha que resida num local em que a Digi ainda não tem fibra própria ficará a pagar 35 euros por mês, com IVA incluído, por um acesso fixo com 300 Mbps (megabits por segundo) simétricos, ou seja, a velocidade de upload é igual à de download. O preço inclui ainda dois acessos móveis 5G, cada um com 15 GB (gigabytes) de dados e chamadas ilimitadas dentro do país, tanto para números fixos como para outros telemóveis. O plafond não usado acumula para o mês seguinte, com a validade de um mês.

Se o mesmo casal viver numa zona com fibra Digi, paga apenas 25 euros e a velocidade do fixo sobe para 500 Mbps. Ambos os pacotes têm três meses de fidelização, o que deixará muitos consumidores portugueses admirados, num país em que o normal é subscrever pacotes de telecomunicações com vínculos contratuais de 24 meses (dois anos).

No mercado português as ofertas disponíveis são mais rígidas e os clientes tendem a optar por pacotes com quatro ou cinco serviços, que incluem televisão e telefone fixo. Um casal português pode esperar pagar quase 70 euros por um pacote com televisão, telefone, fibra ótica com 1 Gbps (gigabit por segundo) de download e 400 de upload e dois cartões de telemóvel com 20 GB de tráfego não acumuláveis. Mas há que ressalvar que as ofertas não são diretamente comparáveis, pois em Portugal têm características muito distintas.

Na Digi em Espanha, o mínimo que uma família pode esperar pagar para ter dois telemóveis e internet em casa são 19 euros por mês, desde que esteja numa zona com rede própria de fibra. Nesse caso, o acesso faz-se a 500 Mbps e cada cartão tem apenas 3 GB de tráfego e 100 minutos de chamadas. Se a mesma família optar pela Vodafone Espanha, a mensalidade mínima que pode esperar pagar são 40 euros por mês, o que inclui fibra com 600 Mbps e dois cartões com 25 GB cada, de acordo com simulações a partir do site da empresa.

Arrancou esta semana a fase de pré-lançamento da Digi Portugal com um stand no Alegro SintraHugo Amaral/ECO

Esta análise não tem em conta outros fatores que podem fazer um consumidor preferir uma operadora em relação à outra, como é o caso da qualidade de serviço. Nesta altura do campeonato, não se sabe se os preços da Digi serão assim tão diferentes dos da concorrência, muito menos se a qualidade do serviço da operadora conseguirá, pelo menos, equiparar o das principais concorrentes.

Outra incógnita é se a empresa vai mesmo conseguir lançar, desde o primeiro momento, uma oferta completa com televisão – que, num país como Portugal, em que a grelha gratuita da TDT é curta, continua a ter um peso importante para muitas famílias. Cenário muito diferente do de Espanha, cuja oferta da TDT inclui dezenas de canais.

Esta terça-feira, o ECO noticiou em exclusivo que a Digi iniciou a fase de pré-lançamento com a inauguração de um stand no centro comercial Alegro Sintra. A empresa está a recrutar potenciais clientes que aceitem, gratuitamente, testar a sua rede de fibra ótica. A iniciativa pressupõe a aceitação dos termos e condições e é necessário facultar dados pessoais, tal como agendar a visita de um técnico para instalar o serviço na residência, caso esteja numa zona elegível.

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