“Não sou um avançado ou ponta-de-lança” do ministro das Finanças, diz próximo administrador do Banco de Portugal
Apertado pelo PS, por conta das palavras de Miranda Sarmento aquando da nomeação de Centeno para governador, Luís Morais Sarmento recusou que haja uma “colonização” no Banco de Portugal.
Luís Morais Sarmento, que acabou de ser indigitado pelo ministro das Finanças para administrador do Banco de Portugal, recusa a ideia de ser um “avançado ou ponta-de-lança” de Joaquim Miranda Sarmento no supervisor liderado por Mário Centeno. E afastou que haja uma colonização na instituição.
“Não sou um avançado ou ponta-de-lança. Não acho que haja uma colonização nenhuma do Banco de Portugal, não tenho nenhuma dependência em relação ao Governo”, afirmou Luís Morais Sarmento na audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) a propósito da sua indigitação para administrador do regulador bancário.
O grupo parlamentar do PS questionou Luís Morais Sarmento sobre a sua independência e lembrou as críticas do atual ministro das Finanças aquando da nomeação de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal em 2020.
Luís Morais Sarmento argumentou que “não é cadastro ter exercido funções políticas”, lembrando que foram exercidas “há mais de dez anos”. E recordou que, embora tenha sido secretário do Orçamento no Governo de Passos Coelho, também trabalhou enquanto diretor-geral do Orçamento durante o Governo de José Sócrates.
O deputado socialista Miguel Costa Matos questionou ainda Luís Morais Sarmento sobre a sua passagem pelo Governo em 2011 e 2012. “Foram anos de sacrifício para os portugueses e para o país”, começou por responder. “Mas foi o que permitiu ter estes resultados atualmente”, acrescentou.
Luís Morais Sarmento disse ainda que tem inveja de não ter podido apresentar contas públicas positivas naquele período como aconteceu em 2019, quando Mário Centeno era ministro das Finanças. “Tenho inveja de não ter podido apresentar números idênticos”.
Cartel? “Banco de Portugal tem tido ação cada vez mais efetiva”
Confrontado sobre a recente decisão do Tribunal da Concorrência sobre o cartel da banca, Luís Morais Sarmento recusou comentar o processo porque não o conhece, mas sublinhou que o Banco de Portugal tem exercido as suas competências na supervisão comportamental de forma crescente.
“A ação tem sido cada vez mais efetiva, resultando em situações em que os bancos são chamados a atenção e alvos de coimas”, disse.
Inflação? “Ainda é cedo para declarar vitória”
Sobre o tema da inflação, Luís Morais Sarmento afirmou que “já passámos a crista da onda” e que, “em 2026, estaremos no objetivo de longo prazo” que é de 2%.
“Ainda é cedo para declarar vitória. O problema não está resolvido, mas o período mais difícil está”, disse.
O nome de Luís Morais Sarmento para o Banco de Portugal será agora apreciado pela comissão, que emitirá um parecer que não é, contudo, vinculativo.
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