Diretora do FMI alerta para crescimento de médio prazo fraco
Kristalina Georgieva está confiante de que o aumento da inflação está mais controlado, mas recomenda que os países reduzam a dívida pública e criem almofadas financeiras para o futuro.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse esta quinta-feira que a inflação global está finalmente a recuar, mas alertou que o crescimento económico a médio prazo será fraco. Num discurso que antecede as reuniões anuais entre a instituição e o Banco Mundial que arrancam na próxima semana, Kristalina Georgieva recomendou que os países reduzam a dívida pública e criem almofadas financeiras para o futuro.
“A grande onda de inflação global está a recuar“, afirmou, acrescentando que foi alcançado sem empurrar a economia global para uma recessão e para perdas de empregos em grande escala.
A responsável do FMI destacou que tanto nos EUA como na zona euro os mercados estão a arrefecer de forma ordenada. No entanto, deixou claro que apesar das “boas notícias”, a próxima semana não trará “festas de vitória”. “Por um lado, as taxas de inflação podem estar a cair, mas o nível de preços mais elevado que se sente nas nossas carteiras veio para ficar”, aponta, acrescentando que “as famílias estão a sofrer com isso“.
Paralelamente, o contexto geopolítico é “difícil”: “Estamos todos muito preocupados com a expansão do conflito no Médio Oriente e com o potencial para desestabilizar as economias regionais e os mercados globais de petróleo e gás. O seu impacto humanitário, juntamente com as guerras prolongadas na Ucrânia e noutros locais, é desolador”, disse. Georgieva assinalou ainda que tal ocorre numa altura em que as previsões do FMI, que serão divulgadas na próxima semana, apontam para uma “combinação implacável de baixo crescimento e dívida elevada”, apontando para “um futuro difícil”.
“Prevemos que o crescimento a médio prazo seja fraco. Não muito inferior à pré-pandemia, mas longe de ser suficientemente bom”, indicou. “Não é suficiente para erradicar a pobreza mundial. Nem para criar o número de empregos de que necessitamos. Nem para gerar as receitas fiscais de que os governos precisam para pagar dívidas pesadas, ao mesmo tempo que respondem às necessidades de investimento, incluindo a transição verde”.
Recomendou ainda que os governos devem “trabalhar para reduzir a dívida e reconstruir almofadas para o próximo choque – que com certeza virá e talvez mais cedo do que o esperado”. Neste sentido, defende que os Estados devem criar espaço orçamental, embora admita que “envolve escolhas difíceis sobre como aumentar receitas e tornar a despesa mais eficiente, enquanto têm a certeza que as ações de política são bem explicadas para ganhar a confiança das pessoas”.
Isto numa altura, em que em diversos países, mesmo os partidos mais conservadores estão a “desenvolver o gosto” por maiores aumentos da despesa. “As reformas orçamentais não são fáceis, mas são necessárias e que podem melhorar a inclusão e as oportunidades“.
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