Autocarro incendiado ao final da tarde no bairro do Zambujal na Amadora
A polícia montou um perímetro de segurança no acesso à zona do fogo, muito próximo de prédios de habitação. O incidente ocorreu no bairro onde um homem morreu após ter sido baleado pela polícia.
Um autocarro da Carris Metropolitana foi esta terça-feira incendiado no bairro do Zambujal, na Amadora, distrito de Lisboa, onde no dia anterior um homem morreu após ter sido baleado pela polícia. Pelas 19:05, as equipas de prevenção e intervenção rápida da PSP que se encontravam na praça de São José deslocaram-se para o interior do bairro, com duas carrinhas e seis motas.
Em declarações à Lusa, uma moradora relatou que o autocarro foi mandado parar por um grupo de jovens do bairro que, depois de o motorista sair, lançou fogo à viatura. As chamas consumiram o veículo, tendo-se também ouvido explosões e disparos. Entretanto, a polícia montou um perímetro de segurança no acesso à zona do fogo, muito próximo de prédios de habitação.
Segundo a Polícia de Segurança Pública, um homem de 43 anos “em fuga” morreu na segunda-feira após ser baleado pela polícia na Cova da Moura, quando tentava resistir à detenção e agredir os agentes com uma arma branca. “Minutos antes, na Avenida da República, na Amadora, o suspeito, ao visualizar uma viatura policial, encetou fuga para o interior do Bairro Alto da Cova da Moura”, referiu a força de segurança em comunicado na segunda-feira.
O homem acabou por morrer no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, para onde foi transportado, e a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. A ministra da Administração Interna classificou como “infeliz incidente” os acontecimentos na Cova da Moura, justificando o inquérito na Inspeção-Geral para se “saber exatamente o que aconteceu”.
“Mandei abrir o inquérito para saber exatamente em termos exaustivos o que aconteceu”, disse Margarida Blasco aos deputados da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
Em resposta aos deputados do Bloco de Esquerda Fabian Figueiredo, do PCP António Filipe e do Livre Paulo Muacho, a ministra escusou-se a acrescentar mais pormenores, referindo que “as circunstâncias sobre o que aconteceu” na segunda-feira vão ser averiguadas pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), a quem pediu um inquérito “com caráter de urgência”.
Além do inquérito de cariz disciplinar a decorrer na IGAI, a governante disse também que está a decorrer um processo no Ministério Público, que está em segredo de justiça. O deputado do BE Fabian Figueiredo questionou ainda a ministra sobre se os agentes da PSP que balearam o homem foram transferidos para funções administrativas, tendo Margarida Blasco respondido que há procedimentos e protocolos na PSP e GNR.
“Na PSP, o agente em causa ou os agentes que tenham intervindo em situações deste tipo são chamados ao comando, é feito um exame, são postas questões e são muitas vezes colocados de imediato em serviço administrativo e desarmados. Esse processo está neste momento a decorrer porque é obrigatório. Estamos no prazo, isto passou-se ontem”, disse, frisando que este processo está a ser feito pelo comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP.
O agente da PSP foi constituído arguido pela Polícia Judiciaria e a arma de serviço foi-lhe apreendida para investigação, disse à Lusa fonte da PJ.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa já contestaram a versão policial sobre a morte de Odair Moniz e exigem uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
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