Seguradoras querem que regulação “vá mais longe” para libertar capital
Relatório Draghi reconheceu importância do setor na economia europeia, mas para libertar capital e investir é preciso mudar as regras atuais, disseram quatro gestores na 5a Conferência ECOseguros.
O setor segurador pode ter um papel importante no aumento da competitividade da economia europeia, conforme sublinhou o relatório Draghi, mas a regulação tem de ser ajustada para libertar capital que possa ser investido, afirmaram esta quarta-feira quatro gestores do setor.
“Este é um tema que tem estado na agenda, e um dos aspetos que foi objeto de muito debate nos últimos anos foi precisamente esta necessidade de aligeirar das cargas de capital necessárias tão longe como o setor gostaria”, disse José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), no painel “Riscos e investimentos: Quais as estratégias de médio prazo para as seguradoras europeias” na 5a Conferência ECOseguros.
Para Galamba de Oliveira, o modelo atual de solvência “não vai à essência do que é o setor segurador, que é um setor por natureza muito conservador, que faz uma análise de risco muito séria, portanto não está à procura de flutuações, se o valor da ação de uma certa empresa subiu 10% hoje e amanhã desce, tem sempre uma perspetiva de longo prazo”.
Para o presidente da APS, o debate da solvência que foi feito nos últimos anos, e que está na fase final, traz algumas novidades, “mas não foi nem de perto nem de longe tão longe quando o setor gostaria e, portanto é uma guerra que vamos continuar a perseguir”.
Sublinhou que “o Relatório Draghi traz pistas e é um apoio a quem defende que o setor pode ter um papel interessante e importante no esforço que a Europa está a fazer para financiar a transição energética, a transição digital e todos os grandes requisitos”.
Luís Menezes, CEO do grupo Ageas Portugal, começou por lamentar “a falta de conhecimento que o mundo exterior tem da relevância do setor”.
“São dezenas de milhares de milhões de euros que nós colocamos na economia todos os anos… e as pessoas continuam a olhar para nós como um setor cinzento, chato, e não tem nada disso, é um setor comercialmente muito dinâmico”, salienta.
O CEO da Ageas Portugal recordou também a importância que o Relatório Draghi atribui ao setor, mas sublinhou que do ponto de vista regulatório “os tratamentos de solvência, por exemplo, no investir numa empresa que não esteja cotada em bolsa, significa que aquele capital que é avaliado a zero“, dando como exemplo o caso da Fidelidade, que detém a Luz Saúde, “que padece do mal, que à luz das regras que temos em vigor há um consumo total de capital”.
Maria João Sales Luís, administradora da Fidelidade, sublinhou que a seguradora tem uma enorme diversidade geográfica, “está a investir ajudando à inovação, já apoiou mais de 70 startups, tem investido largos milhões em fundos de Capital de Risco e está a apoiar 40 empresas no seu desenvolvimento”.
João Barata, CIO da Generali Tranquilidade, vincou “que há uma preocupação muito importante em apoiar a transição energética, e isto significa ser capaz de investir nas novas empresas, nas novas áreas que estão a surgir”.
“Esta é uma política que faz parte do futuro e da qual nenhuma seguradora pode passar ao lado“, referiu.
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