Indústria alemã dá sinais de recuperação, mas mantém-se em contração
Apesar do PMI da indústria alemã ter atingido um máximo de três meses em outubro, o índice permanece num nível 14% abaixo dos 50 pontos que separam a contração da expansão.
O setor industrial alemão mostrou sinais de melhoria em outubro, com o índice PMI a subir 5,9% para 43 pontos, face aos 40,6 registados em setembro, alcançando o valor mais elevado dos últimos três meses.
Os dados calculados pelo Hamburg Commercial Bank (HCOB) e divulgados esta segunda-feira pela S&P Global ficaram também ligeiramente acima das expectativas dos analistas, que apontavam para 42,6 pontos.
“O estado de espírito da indústria alemã manteve-se sombrio em outubro. No entanto, há sinais de que já se pode ter atingido o ponto mais baixo”, escreve Jonas Feldhusen, economista do HCOB, em comunicado.
Apesar da subida, o índice PMI permanece bem abaixo dos 50 pontos que separam a contração da expansão, indicando que a maior economia europeia continua a enfrentar desafios significativos no setor industrial.
“Embora o PMI global tenha permanecido em território recessivo em outubro, mostrou uma ligeira melhoria a partir de um nível muito baixo. No entanto, é necessário ter cuidado ao interpretar os valores, uma vez que se trata apenas de uma melhoria num mês”, destaca ainda Jonas Feldhusen.
Os números revelam ainda que tanto a produção como as novas encomendas continuaram a cair em outubro, embora a um ritmo mais lento do que no mês anterior. O emprego no setor também registou uma queda, mas menos acentuada do que em setembro, quando atingiu o nível mais baixo em mais de quatro anos.
Contudo, “a questão dos cortes de empregos está a tornar-se cada vez mais aguda, não apenas na Volkswagen, onde se discutem três encerramentos de fábricas e despedimentos extensivos, mas em todo o mercado de trabalho”, sublinha ainda Jonas Feldhusen.
Apesar da ligeira melhoria, as empresas do setor industrial alemão mantêm-se pessimistas quanto ao futuro, citando a incerteza económica e política, bem como preocupações com os setores automóvel e da construção.
O relatório indica ainda que os preços de produção caíram a um ritmo mais acelerado em outubro, refletindo a forte concorrência por novos negócios e a pressão para repassar as poupanças de custos resultantes dos preços mais baixos dos insumos.
Embora estes dados sugiram uma possível estabilização nos próximos meses, a indústria alemã continua a enfrentar ventos contrários significativos, incluindo taxas de juro elevadas, incerteza económica e fraca procura por parte da China.
À boleia do comportamento da indústria alemã, também o setor industrial da área do euro mostrou sinais de melhoria em outubro, com o índice HCOB Eurozone Manufacturing PMI a subir para 46 pontos, o valor mais elevado dos últimos cinco meses.
Apesar desta subida, tal como sucede com o PMI da Alemanha, o índice europeu permanece abaixo dos 50 pontos, indicando que o setor continua em contração, embora a um ritmo mais lento do que nos meses anteriores.
“O ambiente da política monetária pode ser um pequeno raio de esperança para a indústria transformadora”, destaca Jonas Feldhusen, notando que o HCOB Economics prevê uma nova redução das taxas de juro na zona euro e duas nos EUA em 2024 e que “estas medidas poderão aliviar a pressão do financiamento e apoiar a procura no setor industrial alemão orientado para a exportação”.
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