Crise em Moçambique põe empresas em alerta. Segurança é a prioridade
As empresas portuguesas estão "a acompanhar a situação" em Moçambique, onde a violência tem estado a escalar nos últimos dias, após os resultados das eleições.
É no distrito de Boane, Província de Maputo, que a Sumol Compal tem instalada uma das suas cinco unidades industriais — as outras quatro estão em Portugal. Com o país a atravessar um período de grande instabilidade devido às manifestações após as últimas eleições, a empresa garante que “está a monitorizar a evolução da situação em Moçambique”, onde tem cerca de 150 colaboradores. À semelhança da Sumol Compal, outras empresas no país garantem que estão a “a acompanhar” a situação, mas continuam a operar.
A contestação aos resultados das eleições do passado dia 9 de outubro, incitada pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, acelerou uma série de protestos no país, que resultaram em violentos confrontos com a polícia, mortes e desordem. As eleições que deram a vitória ao partido no poder, a Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, têm sido amplamente contestadas, com acusações de fraude. Uma situação que está a paralisar o país e a criar um clima de grande insegurança.
“A segurança dos trabalhadores é a nossa prioridade pelo que estamos em contacto permanente com as nossas equipas”, afiança fonte oficial da Sumol Compal ao ECO. Com uma fábrica em Moçambique, inaugurada em 2013, a empresa, liderada por Diogo Dias desde o passado mês de setembro, é uma das companhias portuguesas que tem em Moçambique uma importante parte do seu negócio.
A propósito da comemoração da primeira década da unidade no país, celebrada no ano passado, a empresa destacou que, “nos últimos 10 anos, investimos não apenas na produção de bebidas de qualidade, mas também na inovação constante”.
A banca portuguesa é outro dos setores com forte exposição a Moçambique, com os principais bancos presentes no país. “O Millennium BIM [banco do BCP em Moçambique], como banco de referência no mercado, zela sempre para a segurança dos seus clientes e colaboradores“, adiantou ao ECO fonte oficial do BCP.
O Millennium BIM [banco do BCP em Moçambique], como banco de referência no mercado, zela sempre para a segurança dos seus clientes e colaboradores. Estamos a acompanhar a situação com atenção, e temos confiança que Moçambique vai superar os desafios com que se está a deparar.
“Estamos a acompanhar a situação com atenção, e temos confiança que Moçambique vai superar os desafios com que se está a deparar”, acrescenta fonte do banco. O Millennium BIM, o segundo maior do país, contribuiu com um resultado líquido de 63,6 milhões de euros para o BCP, o que representa um terço dos lucros de 192,7 milhões gerados pelas operações internacionais do grupo, nos primeiros nove meses do ano.
Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos, que controla o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) no país, também garante que o banco, que foi criado em 1997 e conta com uma rede de mais de 200 agências e mais de 30 centros de atendimento especializados para empresas, está a acompanhar a situação em Moçambique.
“A Covid trouxe coisas negativas de uma forma geral, mas trouxe uma coisa positiva: a forma de trabalhar. Utilizando os meios à disposição, posso dizer que ontem [quarta-feira] a comissão executiva do Banco Comercial e de Investimentos reuniu normalmente. Houve hoje [quinta-feira] comissão de crédito, que também funcionou normalmente“, acrescentou o administrador do banco de capitais públicos, José João Guilherme.
O mesmo responsável adiantou que esta quinta-feira todos os bancos em Maputo estavam encerrados. “Foi uma medida tomada por todos, incluindo pelo banco central. As medidas que tomamos foram no sentido de proteger quer os nossos colaboradores quer os nossos clientes“, explica o administrador.
Encerrados, nos últimos dias, estiveram também os escritórios da Miranda & Associados no país. No entanto, o escritório associado da Miranda em Maputo, a Pimenta e Associados, que tem cerca de 30 pessoas, deverá reabrir esta segunda-feira.
Sem alterações à sua atividade continua também a TAP. “Temos a operação completamente normal“, garante ao ECO fonte oficial da companhia de aviação portuguesa, sem especificar se tem algum plano de contingência caso a situação evolua.
Moçambique é um importante mercado para as empresas portuguesas, que têm grande representação no país nos setores da construção civil e obras públicas, energia, indústria, banca, distribuição e serviços.
Segundo a AICEP em agosto, a propósito da participação das empresas portuguesas na 59.ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), Moçambique é um importante destino do investimento português e dispõe de potencial para o incremento da cooperação económica e empresarial, sendo o domínio das energias renováveis uma das áreas com futuro. Historicamente, Portugal está entre os dez maiores exportadores para Moçambique.
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