Italianos da Mastrotto pagaram antecipadamente os 3,9 milhões que o Banco de Fomento investiu na Coindu
No mesmo dia em que comprou a Coindu, o Grupo italiano Mastrotto amortizou voluntária, antecipada e integralmente a exposição financeira de 3,91 milhões que o Banco de Fomento tinha.
A unidade fabril da Coindu em Arcos de Valdevez vai encerrar no final deste mês de dezembro e deixar sem emprego cerca de 350 trabalhadores. Mas o encerramento da fábrica de componentes para o setor automóvel não significa a perda dos 3,91 milhões de euros que o Banco de Fomento investiu na empresa em novembro de 2022, confirmou o ECO.
O encerramento da fábrica, no distrito de Viana do Castelo, acontece cerca de um mês depois da empresa ter sido comprada pelo grupo italiano Mastrotto. O grupo, fundado em 1958 na Itália, é líder da indústria de couro e ao comprar a Coindu, a 15 de outubro, pretendia relançar o negócio e “avançar na integração vertical, aumentando a capacidade da empresa de oferecer soluções de ponta a ponta para os interiores dos automóveis e, fortalecendo sua posição competitiva no mercado global”, lê-se no comunicado feito ao mercado.
Mas a história não acabou bem para a unidade fabril de Arcos de Valdevez, uma das duas que a Coindu tem em Portugal. Há uma segunda em Joane, concelho de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.
No mesmo dia em que compraram a Coindu, o grupo que estava comprometido em expandir a presença em segmentos de mercado de luxo, pagou a integralidade do montante em dívida. “No dia 15 de outubro de 2024, a Coindu, com a entrada do Gruppo Mastrotto S.p.A. como novo acionista, procedeu à amortização voluntária, antecipada e integral da exposição financeira do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR)”, avançou ao ECO fonte oficial da instituição liderada por Ana Carvalho.
“Desta forma, o investimento do FdCR foi totalmente recuperado, sem qualquer perda para o Fundo”, concluiu a mesma fonte.
No dia 15 de outubro de 2024, a Coindu, com a entrada do Gruppo Mastrotto S.p.A. como novo acionista, procedeu à amortização voluntária, antecipada e integral da exposição financeira do Fundo de Capitalização e Resiliência.
Os 3.912 milhões de euros que o Banco de Fomento investiu na Coindu foram no âmbito do Quadro Temporário de Auxílio Estatal, uma medida extraordinária aprovada pela Comissão Europeia para mitigar os impactos económicos da pandemia, a chamada janela B do programa de recapitalização estratégica. Assim, o Fundo de Capitalização e Resiliência “podia financiar diretamente os beneficiários finais” sem ser obrigatória a participação de coinvestidores privados, “desde que todas as condições, incluindo as financeiras, previstas na ficha técnica aprovada pela Comissão Europeia, fossem integralmente cumpridas”, recordou a mesma fonte. Por isso, os italianos da Mastrotto não tiveram de saldar contas com mais nenhum investidor.
À semelhança do financiamento à Coindu, também os investimentos feitos na ERT, Lunainvest, MD Group, Têxtil António Falcão e Viagens Abreu foram enquadrados na Janela B do programa e, portanto, também não existe um coinvestidor privado a acompanhar a operação com 30% do valor.
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