BRANDS' ECOSEGUROS Desafios passados e turbulência futura no setor segurador

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Os últimos anos foram desafiantes para o setor segurador e os próximos não se preveem mais fáceis. A agilidade e capacidade de adaptação serão chave para ganhar vantagens competitivas no setor.

O ano cujo final agora se aproxima voltou a ser particularmente desafiante para o setor segurador a nível global. Foi o primeiro ano de reporte em IFRS 17, com continuada pressão para uma maior digitalização no setor, a agenda verde e uma crescente necessidade de uma maior eficiência de custos.

Transversalmente a todos os setores, a continuação e escalada dos conflitos regionais, a turbulência política no ocidente, o arrefecimento do crescimento nos mercados emergentes e o provável ressurgimento do protecionismo no comércio internacional, mesmo considerando a recente acalmia na inflação e decorrente alívio nas taxas de juros, existe uma incerteza crescente aos mercados a nível global.

Os próximos anos não se preveem menos desafiantes e irão exigir do setor um foco estratégico para ultrapassar estes obstáculos e encontrar áreas de crescimento, identificamos quatro áreas que se prevê que façam mexer o setor num futuro próximo.

  1. Pressão regulatória e aumento generalizado de custos
    A crescente pressão regulatória a que temos assistido nos últimos anos e que se prevê continuar, tem obrigado a um aumento dos custos operacionais das Companhias. IFRS 17, Solvência II, proteção de dados, branqueamento de capitais e sustentabilidade, entre outros, têm exigido um elevado volume de investimento, estando agora o mercado a virar-se para identificar potencias eficiências nestas e noutras áreas para melhorar a rentabilidade. Importa neste processo não perder de vista a qualidade do serviço. O investimento e automação, análise de dados e inteligência artificial, efetuado criteriosamente, poderá reduzir significativamente a ineficiência nos processos, podendo o investimento nestas áreas transformar estas barreiras regulatórias em vantagens competitivas.
  2. Desenvolvimento de novos produtos
    A forma como os seguros são consumidos tem sofrido grandes alterações nos últimos anos, potenciadas também por uma alteração do perfil de risco dos tomadores/beneficiários. Desde o crescimento no alojamento local, passando pelas plataformas como de entregas e transporte até ao crescimento galopante dos riscos de cibersegurança, são significativas as alterações. Existe hoje, potencialmente, um grande gap de proteção que as Companhias devem procurar endereçar, investindo na melhoria de processos que permita colocar e distribuir os produtos no mercado de forma mais rápida e ágil, mas sem perder de vista a eficiência e compliance regulatório já referida.

    Ruben Olival, Senior Manager EY, Assurance Financial Services
  3. Parcerias, ecossistemas e canais de distribuição
    Seja por via de uma maior eficiência, pela necessidade de acompanhar as referidas alterações no mercado ou pelo desejo de inovar, as Companhias têm procurado diversificar a colocação da sua oferta no mercado. As parcerias e ecossistemas estão a tornar-se centrais na estratégia de crescimento. Através de parcerias com empresas tecnológicas, da área da saúde e até do imobiliário, tem sido possível complementar os produtos tradicionais, como o seguro de saúde com os programas de bem-estar e multirriscos habitação com dispositivos inteligentes da casa. A identificação e escolha dos parceiros adequados é chave neste processo, para permitir a criação de valor para ambas as partes. Importa neste processo, nunca perder a ligação humana que a maioria dos tomadores ainda aprecia, quer na escolha dos melhores produtos para o seu perfil de risco, quer posteriormente quando existir algum assunto que não se enquadre num processo padrão.
  4. Capacitação de recursos humanos para responder aos desafios
    Os desafios referidos, bem como as áreas de foco, estão intrinsecamente ligados com a capacidade das Companhias potenciarem as suas pessoas para responder aos mesmos. Existe uma necessidade crescente por recursos com conhecimentos acerca das novas tecnologias e da recente digitalização, existindo um desequilíbrio no mercado onde a procura por esse tipo de conhecimento supera largamente a oferta. Isto torna fulcral o desenvolvimento de um mindset interno, que não só promova a formação nestas áreas, mas que as torne centrais no dia-a-dia das organizações. Os gestores de topo têm um papel chave na promoção da inovação, colaboração e adaptabilidade que permita que a Companhia saia vencedora de todos estes desafios.

Em conclusão, de modo a serem capazes de ultrapassar e crescer com os desafios atuais e futuros, as organizações devem focar-se na inovação estratégica, na eficiência de processos, na escolha criteriosa de investimentos e parcerias e no desenvolvimento e capacitação das suas pessoas. O futuro prevê-se continuadamente incerto e desafiante, mas trará também recompensas e crescimento para quem se conseguir adaptar de forma eficaz.

Ruben Olival, Senior Manager EY, Assurance Financial Services

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