Investidor alemão “interessado” na falida fábrica de detergentes da Jodel, com dívidas de 45 milhões
Administrador de insolvência da produtora da Azambuja, que soma dívidas de 45 milhões, garante ao ECO que já tem "vários interessados, incluindo um alemão". Estado e Novobanco são os maiores credores.
A fabricante de detergentes Jodel entrou em insolvência com dívidas acumuladas de 45,5 milhões de euros, tendo o Estado e o Novobanco como principais credores (11,9 e 4,6 milhões de euros, respetivamente). No entanto, o administrador de insolvência adiantou ao ECO “que já existem vários interessados em comprar a empresa” da Azambuja.
“Há vários interessados na empresa, incluindo um alemão, e todas as pessoas vão ter conhecimento de quando será [feita] a venda da unidade”, afirma José Eduardo de Castro Martins. O gestor judicial acredita que a “empresa valerá sempre acima dos 20 a 25 milhões de euros”, mas nota que tudo depende ainda da avaliação que irá ser realizada por uma entidade credenciada na CMVM.
Há vários interessados na empresa, incluindo um alemão. (…) A venda da empresa valerá sempre acima dos 20 a 25 milhões de euros.
Além da dívida ao Estado, a Jodel deve um total de 16 milhões de euros a várias instituições financeiras. O Novobanco surge à cabeça, a reclamar um crédito de 4,6 milhões, seguido do BCP (3,7 milhões) e do Banco BIC (3,4 milhões). De acordo com a documentação consultada pelo ECO, a empresa deve ainda 5,3 milhões de euros aos trabalhadores.
“A lista de credores ainda não é a definitiva, ainda podem surgir credores que não tenham reclamado o crédito dentro do prazo”, sublinha o administrador de insolvência. Porém, José Eduardo de Castro contabiliza que a “lista definitiva de credores andará por volta dos 47 milhões de euros”. E traça, desde já, uma meta: “se conseguir pagar, no máximo, 70% aos credores, garantidamente é uma boa liquidação”.
Na assembleia de credores da Jodel, agendada para esta quinta-feira, o administrador judicial vai apresentar um plano para “estabilizar a empresa durante aproximadamente três meses”. Na fase seguinte ambiciona “vender a empresa no e-leilões, com os 70 trabalhadores incluídos, sem nenhuma intervenção de leiloeiras e prontinha a trabalhar e a lucrar”.
Quero vender a empresa no e-leilões, com os 70 trabalhadores incluídos, sem nenhuma intervenção de leiloeiras e prontinha a trabalhar e a lucrar.
Questionado sobre o valor dos ativos da empresa, o administrador judicial diz que ainda é precoce avançar com um número, mas sustenta que o portefólio engloba a unidade industrial com os respetivos pavilhões, maquinaria, equipamentos e veículos.
Localizada em Aveiras de Cima, no concelho da Azambuja, a Jodel entrou em insolvência a 30 de outubro, requerida por uma ex trabalhadora. Já com falta de liquidez e tesouraria, a empresa ficou a dever três meses de salários referentes ao meses de julho, agosto e setembro, assim como o subsídio de férias. A 1 de outubro, os trabalhadores concentraram-se em frente às instalações da empresa para denunciarem os salários em atraso.
Prejuízos de quase 7 milhões em dois anos
Para a empresa continuar a laborar, o administrador de insolvência diz ter efetuado “um empréstimo pessoal à Jodel no valor de 200 mil euros para o pagamento dos vencimentos do mês de outubro, e de outras despesas mais prementes”, lê-se ainda na análise de viabilidade, a que o ECO teve acesso.
José Eduardo de Castro garante, por outro lado, que os 70 funcionários “continuam a trabalhar” e empenhados em fazer singrar a empresa. O administrador judicial menciona ainda que o “salário do mês de dezembro e o subsídio de Natal serão pagos”.
Com base nos dados apresentados, conclui que para fazer face aos gastos, e, considerando a margem bruta de 46,7%, a empresa necessita de ter o valor mínimo de vendas no montante de 441 mil euros por mês.
Considerando o início do plano em janeiro do próximo ano, lê-se no relatório que “para a empresa conseguir cumprir os pagamentos propostos no plano, necessitará de libertar durante o primeiro ano e seguintes o valor de 3,2 milhões de euros, o que representa cerca de 40% do volume de negócios da empresa a 31 de outubro de 2024″.
De acordo com o relatório de insolvência, a Jodel Hygiene Products Manufacturing acumulou prejuízos de quase 7 milhões de euros nos últimos dois anos. Em 2022, apresentou um resultado líquido negativo de 3,2 milhões de euros e em 2023 de -3,7 milhões de euros.
Fundada em 1968 por José Ferreira e Maria Manuela Ferreira, a empresa estava a ser gerida pelos filhos, Paulo e Filipa Ferreira (que assumiu a presidência em 2020). No início do mês de dezembro, em declarações ao ECO, Eduardo de Castro Martins não hesitou em dizer que foram os herdeiros “que destruíram a empresa, que foi criada pelos pais com muito carinho”.
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