Putin antecipa aumentos de preços do gás na Europa
O presidente russo lembrou que existe uma "rota ativa" através da Polónia para os mercados europeus continuarem a receber gás russo. "Se a ligarem amanhã, nós fornecemos", garantiu.
Vladimir Putin acredita que os preços do gás na Europa vão aumentar com o fim do contrato de fornecimento russo através da Ucrânia a 1 de janeiro, adianta a agência Bloomberg. A decisão da Ucrânia de não renovar o contrato tem como objetivo “castigar” os países europeus, disse o presidente russo esta quinta-feira na televisão, antes de avisar que é impossível fechar um novo contrato com Kiev a poucos dias do fim do ano.
“Não há contrato e é impossível concluí-lo em 3-4 dias”, diss. Sem esta via, Putin indica que é possível ainda enviar gás para os mercados europeus através da Polónia. Há uma rota ativa ali, ninguém a atingiu, não há explosões, está a funcionar, só precisa de ligar o botão e está feito. Se a ligarem amanhã, nós fornecemos”, garantiu.
A Ucrânia tem vindo a reduzir as importações de gás via gasoduto desde o início da guerra, em 2022, mas o transporte através do gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod, da era soviética, com origem na Sibéria, continua ativo. Além de abastecer a Ucrânia, este gás chega também à Eslováquia, Hungria, República Checa e Áustria.
A rota continuou operacional mesmo depois da sabotagem do gasoduto Nordstream, que ligava a Rússia à Alemanha – a investigação alemã ao caso continua e aponta para um ucraniano como principal suspeito das explosões –, e do encerramento do Yamal-Europe.
De acordo com dados da Reuters, a Áustria continua a receber a maior parte do gás que consome através da Ucrânia, enquanto a Rússia é responsável por cerca de dois terços das importações de gás da Hungria.
Já a Eslováquia recebe cerca de três mil milhões de metros cúbicos da estatal russa Gazprom e a República Checa, embora tivesse cortado quase completamente as importações de gás, no ano passado, viu-se confrontada com um aumento de custos significativo o que obrigou a regressar ao fornecimento de gás russo este ano.
Segundo as contas do Bruegel, um think tank com sede em Bruxelas, o fim do contrato resultaria numa perda de 6,5 mil milhões de dólares anuais para a Rússia, a menos que esta possa redirecionar estes fluxos para outros gasodutos ou terminais de gás liquefeito (GNL)
“O fim do contrato marcará uma mudança importante porque o gás via Ucrânia regido pelo contrato representa atualmente metade das restantes exportações russas de gás por gasoduto para a UE e um terço do total das exportações russas de gás, incluindo o GNL“, estima Bruegel.
O impacto far-se-á sentir especialmente na Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia, países para os quais a rota de trânsito ucraniana satisfez 65% da procura de gás em 2023. Globalmente, a percentagem do trânsito ucraniano nas importações de gás da UE diminuiu de 11% em 2021 para cerca de 5%.
Vladimir Putin disse ainda que a Eslováquia se ofereceu para ser uma plataforma de possíveis conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, que estão em guerra há quase três anos.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, indicou que, se houver negociações, “eles ficariam felizes em fornecer a plataforma” para acolher o diálogo, declarou Vladimir Putin em conferência de imprensa, acrescentando que Moscovo “não era contra” esta opção.
Robert Fico, um dos poucos líderes europeus que se manteve próximo do Kremlin desde a invasão russa da Ucrânia, visitou Moscovo no dia 22 de dezembro.
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