Huawei assina dois acordos globais de patentes com a Vivo e a Amazon

  • Servimedia
  • 7 Março 2024

Acordo celebrado com a empresa chinesa de smartphones e dispositivos inteligentes abrange patentes essenciais padrão para smartphones, incluindo 5G.

A Huawei anunciou esta semana dois acordos globais de patentes com a Vivo e a Amazon. O primeiro, celebrado com a empresa chinesa de smartphones e dispositivos inteligentes, baseia-se num acordo de licenciamento cruzado que abrange patentes essenciais padrão para smartphones, incluindo patentes no âmbito do 5G.

Alan Fan, diretor do Departamento de Propriedade Intelectual da Huawei, afirmou: “Este acordo reflete que a indústria está a trabalhar em conjunto e que a Huawei está a investir em investigação, estando empenhada em normalizar e partilhar os frutos dessa inovação.

Além disso, a principal empresa de telecomunicações também chegou a um acordo plurianual de licenciamento cruzado de patentes com a Amazon, que resolve litígios pendentes entre as duas empresas. A Huawei tem o prazer de trocar direitos de patente com a Amazon”, afirmou Alan Fan, acrescentando que estes acordos “proporcionam aos consumidores produtos e serviços mais inovadores”.

Scott Hayden, Vice-Presidente de Propriedade Intelectual da Amazon, afirmou: “A Amazon respeita a carteira global de patentes, as inovações e as contribuições da Huawei para o processo de normalização.

Ao longo das últimas décadas, a Huawei tem sido um dos principais contribuintes para os padrões e normas no setor das TIC, em áreas como a móvel, Wi-Fi e 5G, onde é líder em número de patentes. De acordo com os últimos resultados anuais apresentados, a empresa chinesa dedicou quase um quarto das suas receitas à investigação e desenvolvimento em 2022, e 55,4% da sua força de trabalho (114.000 funcionários) trabalha em áreas relacionadas com a inovação.

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Copa América convoca o Team B para sessões de treino e construção da equipa

  • Servimedia
  • 7 Março 2024

A equipa de voluntariado da Copa América vai reunir-se nas instalações da Antiga Fàbrica de Estrella Damm nos próximos dias 9 e 10 de março, e 27 e 28 de abril.

A comunidade de voluntariado da 37ª Copa América Barcelona 2024 continua com o seu calendário de atividades previstas para a inauguração do evento. Após a boa receção do Volunteer Day realizado no centro de divulgação oficial America’s Cup Experience no mês de dezembro passado, a Antiga Fàbrica de Estrella Damm sediará nos próximos dias 9 e 10 de março, e 27 e 28 de abril as sessões de capacitação e construção da equipa do Team B.

Nestes dias, que serão o último passo antes da confirmação das suas posições definitivas, os participantes do programa de voluntariado da 37ª Copa América serão distribuídos em quatro grupos, de acordo com a data selecionada. Em cada uma delas, a equipa da organização, America’s Cup Event (ACE) Barcelona, poderá conhecer mais profundamente os membros do Team B e ministrar os treinos necessários para os postos previstos em cada uma das quatro áreas de participação (operações em terra, operações na água, mídia e TV). As oficinas serão ministradas em catalão e espanhol nas quatro sessões, e também em inglês nos dias 10 de março e 28 de abril.

Em seguida, os participantes desfrutarão de uma série de atividades lúdicas, que incentivarão a aquisição de dinâmicas de grupo. Dessa forma, as quatro sessões programadas continuarão fortalecendo os alicerces de uma comunidade que está ativa desde a realização da primeira regata preliminar em Vilanova i la Geltrú no mês de setembro passado.

“Estamos ansiosos para nos reunir novamente com o nosso povo, que conhecemos durante as regatas preliminares em Vilanova i la Geltrú. E para conhecer todas as pessoas que agora se juntam à equipa e que nos esperam seis meses incríveis. Essas quatro sessões têm como objetivo explicar aos futuros voluntários todos os detalhes do evento, treiná-los em suas áreas e também socializar e se divertirem. O momento em que a equipa e a equipa de voluntariado se conhecem é sempre especial, e está prestes a chegar”, afirmou o responsável pelo programa, Xavier Prat.

Além de entrar para a história como o maior programa de voluntariado da Copa América, o Team B será uma equipa diversa, inclusiva e representativa de Barcelona, Catalunha, Espanha e dos incondicionais da Copa América de todo o mundo. Para tanto, no processo de seleção de candidatos, foram considerados todos os grupos etários e demográficos, com menção especial às pessoas residentes nos bairros mais próximos ao evento, que continuam a responder positivamente ao chamado da organização.

As 2.300 pessoas selecionadas para fazer parte da equipa contribuirão para tornar esta 37ª Copa América de Barcelona a melhor da história. Os dados são extremamente positivos para a organização, que recebeu quase três vezes o número de solicitações necessárias de acordo com os dados previstos no início da campanha.

 

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O dia em direto nos mercados e na economia – 7 de março

  • ECO
  • 7 Março 2024

Ao longo desta quinta-feira, 7 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Montepio Crédito distinguido com o Prémio Cinco Estrelas 2024 na Gala de Estrelas

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  • 7 Março 2024

Montepio Crédito vence Prémio Cinco Estrelas 2024 na categoria Financiamento Sustentável. A distinção foi atribuída pela Five Stars Consulting.

Realizou-se no passado dia 23 de fevereiro, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a cerimónia de entrega do Prémio Cinco Estrelas, gala que assinalou os 10 anos do prémio e distinguiu o Montepio Crédito como vencedor do Prémio Cinco Estrelas 2024.

Uma noite de celebração, liderada por Filomena Cautela e com a participação de Eduardo Madeira contou muita animação, surpresas e humor, onde os protagonistas da noite foram as marcas, as personalidades e os órgãos de comunicação social preferidos dos portugueses para 2024.

No estudo realizado a 2097 consumidores através de focus group, inquéritos de satisfação a clientes e estudo de mercado à marca na categoria de consumo foram avaliadas 3 marcas, nomeadamente Cetelem, Caixa Geral de Depósitos e Montepio Crédito.

No resultado desta avaliação o galardão foi entregue ao Montepio Crédito na categoria Financiamento Sustentável, onde a instituição foi reconhecido com uma satisfação global de 7,68, num máximo de 10, tendo-se destacado nos critérios Satisfação/Experimentação dos consumidores e na intenção de a marca ser recomendada pelos seus clientes.

Montepio Prémio Cinco Estrelas
Manuel Baptista – Administrador e Joana Correia – Diretora de Marketing em representação do Montepio Crédito

Os resultados obtidos nos testes e estudo de mercado realizados no âmbito do Prémio Cinco Estrelas 2024, permitem afirmar que a marca Montepio Crédito é considerada pelos consumidores como extraordinária, realmente Cinco Estrelas. Assim, para 2024, a marca Montepio Crédito obtém o título Cinco Estrelas, na categoria “Financiamento Sustentável”.

Montepio Crédito vencedor do Prémio Cinco Estrelas 2024 na categoria Financiamento Sustentável.

Este prémio – referente ao ano de 2023 – foi atribuído por Five Stars Consulting.

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu.

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5 coisas que vão marcar o dia

O BCE decide se mantém ou corta as taxas de juro, o congresso do PPE deverá confirmar a recandidatura de von der Leyen à liderança da Comissão Europeia e Joe Biden discursa sobre o Estado da União.

O Banco Central Europeu (BCE) decide esta quinta-feira se mantém ou corta as taxas de juro diretoras, o congresso do Partido Popular Europeu (PPE) deverá confirmar a recandidatura de Ursula von der Leyen à liderança da Comissão Europeia e o presidente dos EUA, Joe Biden, discursa sobre o Estado da União em ano de eleições norte-americanas. Por cá, são divulgados os resultados da REN relativos a 2023 e o INE publica o índice de custos de construção de habitação nova.

BCE decide se mantém ou corta as taxas diretoras

O Banco Central Europeu (BCE) decide se mantém as taxas de juro na faixa 4%-4,5% ou antecipa um corte. De recordar que, em outubro do ano passado, o conselho de governadores suspendeu as subidas consecutivas das taxas diretoras. Foi a primeira pausa desde que o BCE iniciou o ciclo de aumentos a 27 de julho de 2022. No espaço de 15 meses, o BCE subiu as taxas de referência por 10 vezes, num total de 450 pontos base (4,5 pontos percentuais).

Von der Leyen recandidata-se à presidência da Comissão Europeia

A atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deverá ver o seu nome confirmado como recandidata à liderança da instituição por mais cinco anos pela bancada de centro-direita, no congresso do Partido Popular Europeu (PPE), que termina esta quinta-feira na capital romena, em Bucareste. Recorde-se que, há duas semanas, von der Leyen anunciou a sua candidatura a Spitzenkandidat (cabeça de lista) do PPE para as eleições europeias de junho.

Joe Biden discursa sobre o Estado da União em ano de eleições

O presidente dos EUA deverá dirigir-se às duas câmaras do Congresso para o discurso sobre o Estado da União, um dia depois de Joe Biden ter garantido a vitória nas primárias dos democratas em quase todos os círculos eleitorais, com um resultado acima dos 90%, contra os seus adversários a nível nacional, Dean Phillips e Marianne Williamson, tendo obtido um empate com o empresário Jason Palmer, que concorreu localmente no território da Samoa Americana. Biden será assim recandidato à presidência dos EUA e terá como adversário o republicano, Donald Trump, nas eleições de 5 de novembro.

REN revela quanto lucrou em 2023

A REN divulga os resultados obtidos em 2023. Nos primeiros nove meses do ano, lucrou 96,2 milhões de euros, um aumento de 18,2% face ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, a empresa salientou, no comunicado divulgado na altura, que os resultados foram negativamente impactados por menores resultados financeiros (uma quebra de 9,7 milhões de euros) e impostos mais elevados (que pesaram 7,9 milhões de euros nas contas).

INE divulga o custo de construção de habitação nova

O INE divulga o índice dos custos de construção de habitação nova relativo a janeiro. Em dezembro, os custos aumentaram 1,8% face ao período homólogo, mas em relação ao mês anterior caíram 0,6 pontos percentuais. A queda do preço dos materiais em 2,2% acabou por ser anulada pelo aumento do custo da mão de obra em 7,5%.

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Grupo Gallo associa-se à Fertiberia para utilizar fertilizantes de baixa emissão de carbono com o objetivo de produzir trigo duro mais sustentável

  • Servimedia
  • 7 Março 2024

Grupo Gallo promoverá o uso dos fertilizantes da linha Impact Zero da Fertiberia, que reduzem as emissões de carbono na sua fabricação, para a fertilização de cultivos de trigo duro.

O Grupo Gallo anunciou nesta quinta-feira que se torna “pioneiro na utilização de fertilizantes de baixa emissão na produção de trigo duro”, a matéria-prima utilizada na produção das suas reconhecidas massas. Através do uso da linha Impact Zero, as primeiras soluções de nutrição vegetal produzidas a partir de fontes renováveis, o Grupo Gallo procura uma nova alavanca no seu plano estratégico de redução da pegada de carbono, em parceria com a Fertiberia.

O Impact Zero foi criado pela Fertiberia para impulsionar a descarbonização da indústria agroalimentar. Ao aderir a essa iniciativa, o Grupo Gallo promoverá entre os agricultores produtores de trigo duro o uso de fertilizantes produzidos a partir de hidrogénio verde, em substituição ao gás natural.

Desta forma, é possível reduzir as emissões de CO2 tanto na fabricação do fertilizante quanto na fase de adubação, o que resultará numa redução da pegada de carbono em toda a cadeia de valor para a produção das suas massas. Nesse sentido, estima-se que a produção de cada quilo de trigo duro com esse fertilizante reduzirá mais da metade das emissões em comparação com o trigo duro fertilizado de forma convencional.

No Dia Mundial dos Cereais, o Grupo Gallo quis mostrar seu compromisso com a descarbonização da indústria alimentar, “defendendo seu compromisso com a sustentabilidade econômica e social do setor agrícola por meio da produção de alimentos mais responsáveis ​​com o meio ambiente”. A redução das emissões é um dos principais desafios ambientais que a empresa considera em seu Plano ESG 2023-2030, cuja estratégia se baseia em quatro focos de atuação: agricultura verde, mudanças climáticas, produtos saudáveis ​​e desenvolvimento de talentos.

As primeiras semeaduras com esses fertilizantes já começaram em Andaluzia por meio de um teste piloto. O responsável pelo trigo do Grupo Gallo, José Chacón, destaca a importância da matéria-prima na produção de massa e afirma que “no Grupo Gallo estamos animados em sermos pioneiros e estarmos na vanguarda das inovações. Portanto, apostamos nos fertilizantes Impact Zero, que, além de reduzirem a pegada de carbono do cultivo pelo seu método de fabricação, também possuem formulações que o tornam mais eficiente, sustentável e garantem a máxima qualidade de nossos trigos duros”.

A implementação deste projeto em conjunto com a Fertiberia faz parte da estratégia do Grupo Gallo para impulsionar a agricultura sustentável, que também inclui a pesquisa para obter variedades mais eficientes e sustentáveis ​​de trigo duro através do investimento em pesquisa sobre técnicas de agricultura regenerativa. Entre outras iniciativas, a empresa colabora com a Universidade de Córdoba por meio do projeto ‘LIFE Innocereal EU’ e com a empresa Agrovegetal para o desenvolvimento de variedades de trigo duro mais resistentes aos efeitos adversos das mudanças climáticas, como a seca.

Fernando Fernández, CEO do Grupo Gallo, ressaltou a importância desta iniciativa para o cumprimento dos objetivos de redução da pegada de carbono da empresa. “Durante todos esses anos, trabalhamos lado a lado com os agricultores para obter uma produção de trigo duro muito mais eficiente. O acordo com a Fertiberia busca dar um passo adiante, buscamos gerar um impacto positivo, sustentável e mais eficiente no cultivo de trigo duro e, como sempre fizemos no Gallo, gerar um impacto positivo em nossa sociedade”, afirmou.

Este projeto faz parte do compromisso do Grupo Gallo com a sustentabilidade, viabilidade e futuro do campo andaluz, onde a empresa mantém uma estreita conexão com os agricultores locais através da compra de 80% do trigo duro de produtores locais, fornecendo apoio a mais de 2.000 famílias locais.

Javier Goñi, CEO do Grupo Fertiberia, destacou que “a descarbonização da indústria alimentar requer empresas capazes de coordenar esforços de todos os envolvidos em prol de um objetivo comum, que é a redução de emissões sem perder competitividade nem eficiência, e esse papel é assumido por empresas como a Grupo Fertiberia e Pastas Gallo, que unem esforços em toda a cadeia para reduzir as emissões em todo o setor graças à nossa linha Impact Zero”.

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ABC dos seguros: Um guia de proteção ao ordenado

Os seguros continuam a ser, para muitos, uma incógnita. Mas a chave para a resiliência financeira está na compreensão. Se quer ter mais proteção em caso de perda de rendimentos, este artigo é para si.

O fim de contratos não permanentes, despedimentos por mútuo acordo, insolvência de uma empresa. Muitos são os fatores que afetam o orçamento pessoal. Mas, afinal, como podem as pessoas prevenir-se de uma perda súbita de rendimentos com produtos de seguros?

Sérgio Nolasco, Diretor Regional da DS Seguros, explica, em entrevista ao ECOseguros, quais os produtos de seguros que servem para garantir que, em caso de perda repentina de rendimentos provenientes do trabalho, o segurado consegue cobrir parte das suas despesas e assim reduzir o impacto na sua qualidade de vida.

O setor segurador disponibiliza produtos de proteção ao rendimento e ao pagamento que “normalmente estão associados a outro tipo de produtos”, como seguros de vida e de acidentes pessoais, que podem ser contratualizados pelos interessados enquanto obtêm rendimentos. Sérgio Nolasco, Diretor Regional da DS Seguros explica que o primeiro paga diretamente ao segurado parte do rendimento que deixou de auferir, enquanto o segundo assume os compromissos do devedor face a créditos contraídos, ambos sob determinadas condições, com diferentes ofertas pelo mercado segurador. Importa relembrar que, como todos os produtos de seguro, a contratualização deste produto adicional de proteção ao rendimento pressupõe o pagamento de uma mensalidade.

Proteção ao Rendimento, Plano Proteção ao Desemprego, Plano Proteção ao Ordenado são três dos nomes dados à cobertura oferecida em caso de perda de rendimentos. Para simplificar, o especialista apresenta quatro diferentes situações em que este produto pode ser comprado e, posteriormente ativado, para diminuir o impacto da quebra de rendimentos em caso de desemprego involuntário ou acidente.

  • O Seguro Proteção de Ordenado, que está afeto ao ramo de seguros de vida e acidentes pessoais, “vai garantir uma percentagem do salário bruto ou líquido” . Em caso de sinistro, a companhia vai pagar um montante mensalmente, indexado ao ordenado da pessoa, que varia “entre os 25% e 40% do salário líquido que uma pessoa auferia até um limite máximo de, dependendo da companhia, 600 a 700 euros por mês.”. Quer os trabalhadores por conta de outrem quer os por conta própria podem contratar este produto, no entanto em condições são diferentes. Ambos têm disponível a cobertura em caso de incapacidade por acidente ou doença temporária. No entanto, aos trabalhadores por conta própria não está disponível a opção de cobertura em caso de desemprego. Já os trabalhadores por conta de outrem “em contratos que não sejam a termo” e que ocupem o cargo por 7 ou mais meses, dependendo da companhia, e o que o “desemprego seja superior a 30 dias e o segurado está comprovativamente à procura de um novo trabalho”, é-lhe garantida cobertura, por um limite máximo, geralmente, de 6 meses.
  • “O produto de proteção ao rendimento/ordenado inerente a seguros de acidentes pessoais” vai garantir que o segurado “tenha uma remuneração mensal em caso de incapacidade por acidente ou doença temporária”. Neste caso, o cliente pode ser coberto durante um limite máximo de dois anos;
  • Coberturas inerentes a seguros de vida, nomeadamente de proteção a crédito”. Neste caso, quando um segurado está numa situação de desemprego de longa duração, a seguradora pode pagar os custos que o cliente tinha com o seguro. Mas ainda há “outras garantem mesmo a mensalidade do crédito (até um determinado limite pré-acordado)”;
  • Há também ainda os seguros de proteção de pagamentos que estão normalmente afetos à utilização de cartões de crédito”, diz Sérgio Nolasco. Neste produto, se o segurado tiver um acidente ou ficar desempregado, a seguradora pagará o capital que está em dívida à entidade de crédito;

O especialista diz que é essencial, em primeiro lugar, o cliente avaliar as suas necessidades, que devem ter em conta os seus rendimentos e quais são os objetivos que tem com o seguro que vai contratualizar, como, por exemplo, garantir que continua a receber parte do ordenado em caso de desemprego ou cobertura de parte de créditos contratualizados. Uma vez analisada a informação, convém comparar as ofertas disponíveis no mercado e verificar a que melhor se alinha com o que procura.

Convém verificar também os períodos de carência, isto é, o período entre a contratualização de seguro, e os sucessivos pagamentos, até ele ser acionado e assim beneficiar da sua cobertura em caso de sinistro. É também essencial verificar as exclusões e os prazos de cobertura, que no caso de desemprego involuntário é de meio ano.

O Diretor Regional da DS Seguros, Sérgio Nolasco, aconselha os interessados a entrar em contacto com um mediador ou agente de seguros, que “analisa as necessidades dos cliente e dentro da oferta dos parceiros entrará qual a solução mais adequada pelo cliente”, refere o especialista.

Importa reforçar que estas garantias não são de caráter obrigatório, são complementares, tendo assim um custo extra. O objetivo deste produto “não é substituir o ordenado”, mas “minimizar o efeito da perda de rendimento e até de complementar um subsídio de desemprego que eventualmente a pessoa possa ter”, para que a pessoa não sinta de forma tão drástica a perda de rendimentos, remata Sérgio Nolasco.

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Justiça, a matéria que reúne consenso: é urgente fazer “uma reforma profunda”

No total, nos programas dos partidos foram 23.700 palavras dedicadas à Justiça. Partidos e especialistas contactados pelo ECO concordam: é necessária a tão aguardada reforma do setor.

Todos os partidos com assento parlamentar – que no dia 10 de março vão a votos – sem exceção, concluem que a justiça portuguesa precisa de uma reforma profunda, e não apenas de melhorias pontuais para se adequar à realidade atual, e que a morosidade e complexidade da sua atuação prejudicam o país, os cidadãos e a economia, bem como a performance de todos os agentes do sistema. Para dar resposta a este diagnóstico, também parece haver consenso sobre um conjunto alargado de matérias. Pedro Nuno Santos, líder do PS, já abriu a porta a um consenso na área da Justiça, no debate divulgado pelas rádios, que juntou todos os líderes, à exceção de André Ventura. “Já sabemos que do líder do PSD normalmente vem um nim e não uma resposta. Posso falar da disponibilidade do PS para em matéria de Justiça procurar o consenso mais alargado”, atirou o secretário-geral do PS, quando questionado sobre a necessidade de haver um pacto para a Justiça. Por sua vez, o líder do PSD garantiu também estar disponível para fazer parte de um consenso alargado sobre uma reforma da Justiça que a torne mais célere e transparente. “Estivemos sempre disponíveis para consensos, quer no Governo quer na oposição”, reforçou.

No total, nos programas dos partidos com assento parlamentar, foram 23.700 palavras dedicadas em concreto ao tema da Justiça. Mas se pegarmos na palavra “advocacia”, esta aparece apenas três vezes, com os ‘advogados’ a merecerem apenas 24 menções em propostas concretas que são apenas duas dezenas, apresentadas por apenas cinco forças políticas (CDU, Chega, BE, Livre e PAN).

Chegados aqui, o ECO falou com vários especialistas da área que fazem um balanço do que, efetivamente, a Justiça necessita para que o status quo mude e, por outro lado, qual a avaliação que fazem dos programas eleitorais na área da Justiça dos partidos com assento parlamentar. Seguem as suas respostas.

Como acelerar e simplificar a Justiça?

Joaquim Shearman de Macedo, sócio da PLMJ

“Para agilizar a justiça em Portugal, é crucial enfrentar os obstáculos e entraves que contribuem para a morosidade, especialmente na justiça civil e administrativa. O arquétipo processual vigente é do século XIX, isto é, um conjunto de ritos processuais muito formais previstos para eras antigas, antes do copy paste, do processamento de texto e da interação virtual. Só uma mudança em substância e em forma pode mudar a situação calamitosa vigente.

Limitar a extensão das peças processuais – como acontece em vários países e já sucede nas instruções para apresentação de peças no Tribunal de Justiça da União Europeia. Exigir a apresentação de toda a prova desde o início do processo. Incluir nessa prova a submeter com a primeira peça processual não apenas todos os documentos mas também videogramas de depoimentos das testemunhas. Realizar audiências apenas para resolver questões de prova controversas resultantes da prova já pré-produzida, sob proposta das partes a decidir pelo juiz. Com exceção da audiência de julgamento, a realização obrigatória de diligências e audiências por meios telemáticos. Tudo a contribuir para reduzir significativamente a dilação temporal na resolução do diferendo.

Além disso, estabelecer um prazo máximo para a resolução de litígios, à semelhança das listas de espera dos hospitais, por exemplo três ou quatro anos, com a opção de qualquer das partes iniciar arbitragem obrigatória após esse período, para promover a eficiência e celeridade (solução semelhante já foi testada no caso da chamada arbitragem de medicamentos, pese embora necessite de melhorias de monta para um recurso nestes termos). Em termos coadjuvantes, publicar as sentenças de primeira instância, à semelhança do que acontece com as decisões dos tribunais superiores, para permitir maior transparência, previsibilidade e capacidade de sindicância.

Além disso, estabelecer um prazo máximo para a resolução de litígios, à semelhança das listas de espera dos hospitais, por exemplo três ou quatro anos, com a opção de qualquer das partes iniciar arbitragem obrigatória após esse período, para promover a eficiência e celeridade”.

Joaquim Shearman de Macedo

Sócio da PLMJ

Na esfera da justiça penal, abolir ou restringir a fase de instrução a uma revisão da decisão de acusação por um juiz, sem produção de prova adicional. Juntamente com isso, suspender efetivamente a prescrição penal a partir da acusação até a decisão final para evitar a impunidade pela demora da justiça. Limitar o efeito suspensivo do recurso das decisões condenatórias ao recurso da sentença de primeira instância, iniciando-se o cumprimento da pena após confirmação desta decisão pela Relação. Além disso, introduzir limitações aos recursos interlocutórios com efeitos de suspensão do processo para reduzir atrasos desnecessários. Criar regras processuais que desincentivem a criação de mega-processos, facilitando a separação da investigação em diferentes processos que se consigam gerir mais facilmente. Atrever-me-ia também a propor a limitação da extensão das acusações e sentenças, que chegam aos milhares de páginas muito porque estão recheadas de copy pastes de escutas, correspondência eletrónica, promoções, contestações, entre outras “repetições”.

Por último mas não menos importante, premiar aqueles magistrados que se destacam pela qualidade, quantidade e tempo médio das suas decisões. A criação de uma política de incentivos justa é imprescindível para a transformação necessária. Essas reformas são essenciais para garantir uma justiça acessível, eficaz e rápida em Portugal, fortalecendo a confiança dos cidadãos no sistema judicial.”

Joaquim Shearman de Macedo, sócio da PLMJHugo Amaral/ECO

Nuno Galvão Teles, managing partner da Morais Leitão

O advogado assume que “no setor da justiça, há muito que os diagnósticos foram feitos, abordando os mais diferentes ângulos. Se é relativamente consensual referir o eterno problema de gestão dos nossos tribunais, devemos também reconhecer, da mesma maneira consensual, que nem tudo funciona ao mesmo ritmo e não se deve responder com generalizações simplistas”.

Por isso, diz o líder da Morais Leitão, “temos, felizmente, tribunais a trabalhar muito bem, onde o tempo de conclusão dos processos ou das decisões são razoáveis – e por vezes até abaixo da média europeia. Da mesma forma, não se pode comparar a justiça cível com a justiça penal ou com a justiça administrativa e fiscal: os problemas ou desafios são diferentes, e exigem respostas diferenciadas”.

Alexandra Nascimento Correia, sócia da Abreu Advogados

“A aceleração e simplificação da Justiça passará necessariamente pela implementação de medidas concretas nos nossos tribunais que permitam a agilização dos processos pendentes, a fim de se ultrapassar a estagnação gerada por múltiplas causas, entre as quais, a mais recente, relacionada com a suspensão dos processos judiciais durante a pandemia.

Em primeiro lugar, importa reforçar os tribunais com os meios tecnológicos necessários à realização de audiências virtuais, com todas as garantias processuais asseguradas, o que tornaria o acesso à Justiça mais ágil, menos oneroso e, por isso, ao alcance de mais cidadãos.

Por outro lado, urge encontrar uma solução para o volume ingerível de processos de insolvência acumulados nos tribunais de comércio. A criação de juízos de competência especializada de insolvência nas comarcas em que tal se justifique poderia contribuir para a solução.

Por fim, a implementação da figura de coadjutor de magistrado judicial, a fim de que cada juiz possa ter assessoria individualizada na análise e preparação dos processos e no estudo e pesquisa necessários para a elaboração das sentenças, agilizaria a discussão do litígio e diminuiria certamente o tempo de espera por uma decisão judicial.”

Em primeiro lugar, importa reforçar os tribunais com os meios tecnológicos necessários à realização de audiências virtuais, com todas as garantias processuais asseguradas, o que tornaria o acesso à Justiça mais ágil, menos oneroso e, por isso, ao alcance de mais cidadãos”

Alexandra Nascimento Correia

Sócia da Abreu Advogados

Maria Raquel Moreira, sócia da Cuatrecasas

“Quando falamos de lentidão da Justiça falamos de um sintoma comum a males diversos. São várias as causas que concorrem para uma perceção generalizada de que se trata de um mesmo problema, mas, na verdade, são diferentes as razões que determinam e caracterizam a lentidão nas várias jurisdições, obrigando a que se atenda a essas particularidades na definição de caminhos para a sua resolução. Mas se assim é, há igualmente um conjunto de remédios que podem, com eficácia, ser aplicados tendencialmente em todos os tribunais e a todos os tipos de processos, sendo da soma de todos eles, de graus de dificuldade, investimento e timings distintos, que poderá contrariar-se a lentidão e simplificar-se a Justiça. Das muitas medidas que podem adotar-se, destacaria:

  • Incremento da utilização de ferramentas tecnológicas e continuação da trajetória já iniciada de digitalização dos processos, com isso agilizando procedimentos, aliviando carga administrativa e tornando o processo mais próximo e acessível a todos os agentes.
  • Simplificação e clareza das leis, evitando complexidade, ambiguidade e contradição na sua interpretação e aplicação, que alimentam recursos desnecessários e infindáveis discussões doutrinais e jurisprudenciais; a jusante, mais frequente intervenção do legislador no sentido de pôr termo a essas discussões, especialmente em matérias processuais, sem aguardar por revisões legislativas de fundo.
  • Promoção de uma cultura de mediação e de arbitragem com baixos custos que, de preferência, obvie ao litígio ou, quando não possível, pelo menos o resolva rapidamente.
  • Maior especialização dos tribunais, com reforço de competências e valências dos magistrados, o que além de mais celeridade trará garantia de mais qualidade das decisões.
  • Valorização do instituto da litigância de má-fé, como instrumento efetivo e justo de combate ao uso indevido do processo.”

Ana Simões Ferreira, sócia contratada da Abreu Advogados

No caso específico da jurisdição administrativa impõe-se “uma revisão da lei de processo aplicável, para que a tramitação destes processos não tenha de seguir as regras do processo civil, abandonando-se, por exemplo, a prática generalizada de realização de uma audiência prévia, que se mostra desadequada face à natureza das partes envolvidas”

Como avalia as propostas previstas nos vários programas, no que toca à Justiça?

Rui Patrício, sócio da Morais Leitão

“É muito difícil em poucas palavras fazer uma avaliação (de adequação e/ou de realismo, e já agora de necessidade) das propostas ou preocupações expressas pelos partidos nos seus programas, pelo seu número, pela sua diversidade e, também, porque muitas delas não aparecem detalhadas ou explicadas.

Há algumas que penso que têm razão de ser e de que me aproximo (por exemplo, (i) as do PS sobre a clarificação de questões relacionadas com a estrutura e o funcionamento do MP, (ii) as da AD, da IL, da CDU e do Livre sobre a jurisdição administrativa e fiscal, (iii) as do PS e do Livre sobre o sistema prisional, (iv) as da AD, da IL e da CDU sobre carreiras, (v) as da AD e da CDU sobre custas, (vi) as do PS e da CDU sobre a assessoria nos tribunais, (vii) as do PS e do PAN sobre tecnologias).

Outras são meramente retóricas ou redundantes (por exemplo, (i) a ideia da AD de inscrever a celeridade na Constituição, o que j lá está, (ii) ou o empenho de vários partidos em legislar sobre megaprocessos, quando a Lei que já existe só precisa de ser aplicada, e não alterada, (iii) ou as vagas medidas que PS, AD, CDU e Livre afirmam em matéria de manobras dilatórias, as quais, além de serem uma questão muito menor no panorama geral, não se resolvem por decreto nem com alterações das leis, até porque estas já têm tudo o que é preciso).

Outras estão muito longe do que me parece necessário ou adequado, e algumas estão até bem fora do nosso modelo de Estado de Direito (por exemplo, parte das do BE e quase todas do Chega, o que aliás está de acordo com a feição populista e com o extremismo dos dois partidos em várias áreas, entre elas a da justiça).

Não há muitas verdadeiramente ousadas ou marcantes, destacando-se neste campo (i) as ideias do PS e da IL sobre mecanismos de oportunidade na justiça penal, e também, em certa medida, as que já referi de alguns partidos sobre (ii) custas, (iii) sistema prisional e (iv) carreiras, estes sim problemas reais e transversais ao nosso sistema. Outra questão central (e muito preocupante) é a (v) justiça administrativa e fiscal, mas não aparece muito explicada nos programas de modo a se perceber bem como pretendem atacar as questões.

Os programas estão quase todos muito marcados (ainda que uns mais, outros menos) pelas três ou quatro questões que dominam a discussão e o ruído mediático sobre a justiça, ou seja, corrupção e afins (incluindo a idiota panaceia universal do enriquecimento ilícito), megaprocessos, morosidade; e mais uns quantos satélites discursivos dessa nuvem que, baseada em duas dezenas de processos e em muita mistificação (doloso ou ignorante), tapa os reais problemas do sistema, os que é preciso analisar, discutir e enfrentar”

Rui Patrício

Sócio da Morais Leitão

Duas últimas notas, (i) uma para dizer que os programas estão quase todos muito marcados (ainda que uns mais, outros menos) pelas três ou quatro questões que dominam a discussão e o ruído mediático sobre a justiça, ou seja, corrupção e afins (incluindo a idiota panaceia universal do enriquecimento ilícito), megaprocessos, morosidade; e mais uns quantos satélites discursivos dessa nuvem que, baseada em duas dezenas de processos e em muita mistificação (doloso ou ignorante), tapa os reais problemas do sistema, os que é preciso analisar, discutir e enfrentar. O que – e esta é a segunda nota – (ii) mostra que na sua larga maioria os responsáveis políticos, para além de alguns deles contribuírem muito para aquela nuvem (por ação ou omissão), ou não conhecem a realidade (o que é grave) ou, conhecendo-a, estão reféns do discurso de parte da opinião publicada e do mediatismo que vive à custa da novela da corrupção e afins (o que é igualmente grave). E, se assim é e continuar a ser, então a conclusão é a de que, para além dos operadores judiciários (que têm parte grande da responsabilidade) e da comunicação social (que tem parte de leão também), o terceiro grande responsável pelo estado das coisas – que se traduz numa discussão que é superficial, ruidosa, pouco séria e que, sobretudo, se centra numa ínfima parte do sistema esquecendo quase tudo o resto e dando uma perceção pública negativa, perniciosa e nada útil para resolver o que precisa de ser resolvido – são os responsáveis políticos, que chumbam ou por falta de estudo ou por falta de coragem, ou, em casos mais graves, porque além de cábulas são ou fazem-se de rufias”.

Rui Patrício, sócio da Morais Leitão, em entrevista ao ECO/Advocatus - 09FEV24
Rui Patrício, sócio da Morais Leitão.Hugo Amaral/ECO

Jane Kirkby, sócia da Antas da Cunha Ecija

“A ideia com que se fica dos programas eleitorais para a área da justiça é que os partidos políticos estão mais preocupados em acompanhar a agenda mediática do que solucionar os problemas reais que afetam a justiça em Portugal.

Sendo certo que a corrupção, o branqueamento de capitais ou o tráfico de influência são áreas de extrema importância, desde logo pelo impacto que têm na sociedade e na confiança dos cidadãos nos políticos, nos órgãos de soberania ou nas instituições, há uma tendência generalizada para que esses temas monopolizem os programas políticos, deixando de lado outros problemas igualmente graves que efetivamente comprometem o acesso à justiça.

É que, como é evidente, os megaprocessos e os crimes económicos são uma fatia muito reduzida do que é a vida judiciária em Portugal e a verdade é que há outros problemas com maior e mais grave impacto na vida das pessoas e das empresas, que põem em causa o princípio da tutela jurisdicional efetiva, obstaculizando o direito de acesso aos tribunais para defesa de direitos. Para resolver estes problemas, vemos poucas ou nenhumas propostas de relevo.

Um dos aspetos negligenciados, com exceção da Iniciativa Liberal é o calvário que temos na jurisdição administrativa, em que, segundo estatísticas do próprio Ministério da Justiça, o tempo médio das decisões em primeira instância nos tribunais administrativos é de 41 meses, mas que em determinados tipos de ações, designadamente processos de impugnação, passa a 252 meses, ou seja, 21 anos! De primeira instância!

Esta situação é especialmente grave, quando podem estar em causa situações de injustiça provocadas pela própria administração pública e nas quais os particulares ficam durante anos desprotegidos, a aguardar uma decisão.

E não se diga que isto se deve à complexa da tramitação dos processos, a prazos judiciais demasiado longos ou à admissibilidade de atos dilatórios, pois nas ações administrativas, não raras vezes, não há sequer audiências ou articulados supervenientes.

É de salutar o destaque que a Iniciativa Liberal confere à justiça administrativa e fiscal, em particular no reforço da arbitragem, contudo para que tal medida tenha um efeito útil, mostra-se essencial que a Administração seja obrigada a celebrar compromisso arbitral, ao contrário do que se passa atualmente”.

Sendo certo que a corrupção, o branqueamento de capitais ou o tráfico de influência são áreas de extrema importância, desde logo pelo impacto que têm na sociedade e na confiança dos cidadãos nos políticos, nos órgãos de soberania ou nas instituições, há uma tendência generalizada para que esses temas monopolizem os programas políticos, deixando de lado outros problemas igualmente graves que efetivamente comprometem o acesso à justiça”

Jane Kirby

Sócia da Antas da Cunha Ecija

Regulamentação do lobbying

“Com exceção do PCP, todos os partidos com assento parlamentar, incluindo AD, defendem nos seus programas a regulamentação do lobbying. Apesar de este tema estar na ordem do dia, na sequência das mais recentes polémicas como a Operação Influencer ou a operação na madeira, certo é que há anos que se fala em regulamentar o lobbying em Portugal, como forma de reduzir a corrupção e o tráfico de Influências e de tornar a nossa democracia mais transparente.

No Programa do XVIII Governo Constitucional (2009-2013), de José Sócrates, surgiu uma primeira tentativa de definição de regras de transparência do lobbying e, no Governo seguinte, Pedro Passos Coelho, levou para a agenda política o tema.

A partir de 2016 foram apresentados e discutidos projetos de lei do CDS-PP, PS, PSD, IL, PAN, com avanços e recuos.

Apesar de o tema já estar na agenda política há mais de 10 anos, certo é que já estivemos muito perto de ver aprovada a regulamentação do lobbying , tendo chegado os últimos projetos de lei do PS, PSD, IL e PAN a ser aprovados na generalidade na Assembleia da República, no dia 5 de janeiro, apenas ficando pelo caminho devido à dissolução do parlamento. Assim, é expetável que na próxima legislativa a regulamentação do lobbying veja a luz do dia, em prol do combate à corrupção e ao tráfico de Influências e de uma democracia mais transparente.”

A digitalização da justiça e o uso de inteligência artificial para automatizar tarefas

“A digitalização da justiça, que é um tema transversal às propostas dos partidos, assim como o uso de inteligência artificial, que é uma das medidas do PS, são uma inevitabilidade. Contudo também representam muitos desafios que Portugal está longe de alcançar. Se pensarmos bem, em pleno século XXI, continuamos com inúmeros problemas nas plataformas CITIUS e SITAF, nomeadamente de interoperabilidade e de segurança dos dados, continuamos com diligências judiciais por meios de comunicação remota que são adiadas porque os sistemas de gravação não estão a funcionar, continuamos a usar DVD e pens para a junção de documentos aos autos.

Assim, esta tem de ser, sem dúvida, uma aposta fortíssima na área da justiça, mas dificilmente se conseguirá alcançar numa legislatura o que não se conseguiu alcançar em 15 anos.”

António Cluny, procurador-geral adjunto jubilado e antigo membro nacional da Eurojust

“Da análise dos programas dos partidos – à exceção do programa do Chega, que fere a minha sensibilidade jurídica e de cidadão e que, por isso, não quero comentar – resulta, em meu entender, uma conclusão óbvia e positiva.

À exceção da duvidosa proposta da legalização do lobbying e da extensão do enquadramento e competência dos tribunais arbitrais – designadamente daqueles que se destinam a julgar casos em que o Estado Português intervém – nada, em tais programas, impede a busca de um amplo consenso democrático sobre medidas necessárias a uma maior eficiência e clareza na intervenção da Justiça.

À exceção da duvidosa proposta da legalização do «lobbying» e da extensão do enquadramento e competência dos tribunais arbitrais – designadamente daqueles que se destinam a julgar casos em que o Estado Português intervém – nada, em tais programas, impede a busca de um amplo consenso democrático sobre medidas necessárias a uma maior eficiência e clareza na intervenção da Justiça”

António Cluny

Procurador-geral adjunto jubilado

Tal aumento de eficiência, sendo fundamental para todos os cidadãos que a ela recorram, torna-se absolutamente imprescindível para aqueles que, pela sua débil situação social, mais dela precisam quando querem efetivar direitos que a Constituição e a lei reconhecem; referimo-nos aos mais necessitados e expostos, por isso, aos maiores abusos.

Ora, um tal consenso político para introduzir alterações que, sem diminuir garantias, possibilitem maior rapidez e segurança jurídica, pode vir a assegurar para Justiça uma renovada legitimidade democrática e um indispensável prestígio institucional, características que, nos últimos anos, têm vindo, por uma conjunção de fatores internos e externos, a ser fortemente erodidas.

A sua renovada legitimidade institucional é tão mais necessária (e hoje, em tempos de apreciação mediática e relativismo científico, difícil de manter), quanto as concretas apreciações e decisões judiciais sobre os casos levados à resolução do sistema de Justiça escapam, naturalmente, ao escrutínio plebiscitário, fundando-se e validando-se, antes, num juízo racional e lógico e, só nessa medida, metodologicamente controlável.

Cremos estarem reunidos os pressupostos para estabelecer um amplo consenso democrático fundado nos princípios e valores da Constituição para – sem ruturas que contrariem os princípios humanistas consagrados na lei fundamental – melhorar e acelerar os métodos de funcionamento da Justiça e, renovar, assim, a sua legitimidade pública e, consequentemente, a imagem de retidão e independência que ela deve merecer aos cidadãos portugueses”.

António Cluny, magistrado do Ministério Público jubilado, em entrevista ao ECO/Advocatus - 19DEZ23
António Cluny, magistrado do Ministério Público jubilado, em entrevista ao ECO/Advocatus.Hugo Amaral/ECO

João Massano, líder do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados

“O grosso do diagnóstico dos problemas do setor vai para as causas e consequências da morosidade e complexidade da Justiça e dos por demais evidentes prejuízos para o país, os cidadãos e a economia bem como para a performance de todos os agentes do sistema.

Para já, quero falar de advocacia e de advogados e da forma como as formações políticas tratam as questões da classe nos seus programas eleitorais: afinal, é este o momento para verificar se os partidos políticos verdadeiramente têm sabido interpretar as preocupações que temos levantado, particularmente sobre o impacto da Lei das Associações Públicas Profissionais (LAPP) e da consequente alteração aos Estatutos da Ordem dos Advogados (EOA).

A palavra advocacia aparece apenas três vezes, os ‘advogados’ merecem apenas 24 menções e as propostas concretas são apenas duas dezenas, apresentadas por apenas cinco forças políticas (CDU, Chega, BE, Livre e PAN). Algumas propostas, como as que visam as alterações introduzidas ou induzidas pela LAPP, são temas sobre os quais o Conselho Regional de Lisboa (CRLisboa) vem fazendo um amplo trabalho de esclarecimento e partilha de informação, sobretudo com os partidos com assento parlamentar, em defesa da dignidade da classe e da profissão”.

Nuno Garoupa, economista

A última reforma estruturada da justiça deve-se a Laborinho Lúcio. Foi incompleta e amputada porque o PSD não quis fazer tudo no final do cavaquismo. Desde então temos apenas paliativos e medidas mediáticas para acalmar o crescente populismo justicialista. Por exemplo, os cinco pacotes contra a corrupção desde 2010. Todos nasceram por pressão externa ou mediática, tiveram boa imprensa doméstica e até internacional, criaram instituições inúteis, legislaram medidas inconsequentes, e passaram à antologia jurídica sem nenhuma avaliação. Aliás, todos os governos desde a Agenda de Lisboa 2000 (são dez governos desde então) comprometeram-se com a introdução de avaliação sistemática, prospetiva e retrospetiva, da legislação. Até hoje está por fazer.

Depois temos a panaceia dos meios. Portugal não tem meios, ponto final. Se o atual paradigma da justiça portuguesa só pode produzir resultados com mais meios como defende a ortodoxia jurídica vigente (para justificar o fracasso das últimas décadas), então simplesmente não serve. Porque Portugal não tem mais meios. Logo é uma conversa inconsequente de décadas. Apenas permite encher programas eleitorais com mais promessas de meios que todos sabemos objetivamente não existirem. Não existiram nos últimos trinta anos, não vão existir nos próximos trinta anos.

Os Governos Passos e Costa terminaram as suas legislaturas a dizer que a reforma da justiça estava feita com sucesso. Para logo falarem de mais reformas na legislatura seguinte. Tudo isto obviamente não é só responsabilidade do PS e do PSD/CDS, mas também da comunidade jurídica que insiste nas famosas reformas cirúrgicas há trinta anos, da comunicação social que papagueia a propaganda conjuntural de medidas inócuas ou inconsequentes, e dos eleitores para quem a justiça não tem sido obviamente uma prioridade”.

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Bracarense PeekMed abre escritório nos EUA e olha com interesse para Canadá e Ásia

Depois da Alemanha e do Reino Unido, Canadá, Ásia e América Latina são mercados de interesse para a empresa de Braga que desenvolveu sistema para ajudar médicos ortopedistas a preparar cirurgias.

A bracarense PeekMed abriu escritório nos Estados Unidos, mercado onde, depois de obter luz verde da Food and Drug Administration (FDA), se prepara para lançar a plataforma PeekMed Web. Depois da Alemanha e Reino Unido, a empresa, que desenvolveu um sistema para ajudar médicos ortopedistas a prepararem cirurgias, olha “com algum interesse” para outras geografias, como Canadá, Ásia e América Latina.

“Desde cedo” que a entrada nos EUA era um objetivo da PeekMed. E desde 2018, após obter a primeira certificação de produto da FDA, que tem uma ligação comercial com este mercado.

“Ao trabalharmos com parceiros e clientes no mercado americano, rapidamente percebemos a aceitação e o interesse que estávamos a despertar. Queríamos estar mais próximos deles e a cidade de Warsaw, no Indiana, era a localização que fazia mais sentido. É considerada a capital mundial da ortopedia, onde se encontram os grandes players da indústria e com os quais já temos vindo a trabalhar”, explica João Pedro Ribeiro, chairman e CEO da PeekMed, ao ECO.

Depois da aprovação no ano passado pela FDA da plataforma PeekMed Web, a empresa prepara o seu lançamento nos EUA. “O sistema já se encontra muito próximo da sua versão final, no que toca à UX/UI [experiência e interface do utilizador]. Planeamos lançar oficialmente o produto no mercado no decorrer de 2024“, adianta o CEO.

“É um produto que tem gerado grande interesse por parte da comunidade médica e tecnológica, e que está, inclusivamente, a ser introduzido em diversos projetos tecnológicos por parte de parceiros dos EUA. Estes parceiros, com quem já estamos a trabalhar, e outros que se juntarão em breve, são essenciais para aumentarmos a nossa base de utilizadores, que atualmente conta com cerca de 4.000 utilizadores ativos”, explica.

A abertura do escritório — liderado pelo general manager Patrick Henry, “que possui mais de 30 anos de experiência neste setor, tendo liderado grandes projetos e equipas nesta indústria” — tem como objetivo “continuar” estratégia de crescimento, “consolidando a nossa posição no mercado americano e conquistando novas parcerias junto de instituições locais e parceiros da indústria”.

“Vai permitir chegarmos mais rapidamente a cada vez mais médicos e contribuir para uma melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Temos desenvolvido soluções de planeamento que respondem às necessidades identificadas pela indústria e pelos médicos. A inteligência artificial (IA) tem um papel cada vez mais preponderante no nosso produto, permitindo-nos introduzir mais valor nos vários setores do mercado que procuram soluções de planeamento inovadoras, de alta precisão, que reduzam riscos, e aumentem a eficiência”, refere o responsável quando questionado sobre os objetivos de crescimento neste mercado.

“Estamos satisfeitos com as soluções que encontramos e encaramos o futuro com grande otimismo e confiança, prevendo um crescimento rápido neste mercado, aumentando assim a equipa local”, diz, sem adiantar números.

Com uma equipa de 50 pessoas — “uma mistura de engenheiros biomédicos, engenheiros informáticos e especialistas em IA, formando uma equipa de desenvolvimento com amplo conhecimento em imagens médicas, inteligência artificial, computação gráfica e visão computacional” –, trabalhando na sua maioria em regime híbrido a partir do escritório em Braga, a PeekMed tem também equipas na Alemanha e agora nos EUA.

“O nosso principal mercado é na Europa, com especial foco na região DACH (Alemanha, Áustria e Suiça), onde temos uma equipa a trabalhar diretamente. Recentemente, expandimos para o Reino Unido, após obtermos autorização por parte dos reguladores para operar nesse mercado. O Brasil e os EUA são os outros grandes mercados onde também já temos uma forte presença estabelecida”, adianta o CEO.

Projetos de expansão que não se ficam por aqui: “O Canadá, Ásia e América Latina são potenciais mercados para onde olhamos com algum interesse, mas os nossos planos para o curto prazo são a consolidação da nossa posição nos mercados onde estamos atualmente, conquistando uma maior quota de mercado.”

João Pedro Ribeiro não revela valores de faturação. Mas diz que 2023 foi um ano “muito positivo, com um grande crescimento na faturação”. “Especialmente na Europa, onde temos vindo a conquistar quota de mercado à concorrência, mas também nos EUA”, diz. “Para 2024, esperamos superar ainda mais o nosso ritmo de crescimento.”

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IAPMEI só adiantou 1,9 milhões para voucher e vales de startups

Um ano e quatro meses depois de ter lançado o concurso para apoiar startups a criar produtos verdes e digitais, ainda só foram pagos adiantamentos a 224 PME. Número de candidaturas justifica demora.

O IAPMEI já pagou 1,9 milhões de euros em adiantamentos dos vouchers para startups e vales para incubadoras e aceleradoras, avançou ao ECO fonte oficial do IAPMEI, justificando o facto de só terem sido feitos adiantamentos a 224 vouchers e a 22 vales com o elevado número de candidaturas recebidas e “os apertados critérios de validação”.

Os pagamentos dos primeiros adiantamentos começaram a ser feitos agora, de acordo com um comunicado da Startup Portugal de segunda-feira, que são referentes aos projetos cuja candidatura ao primeiro aviso tenha sido aprovada. Cada voucher recebe cinco mil euros e cada vale até um quarto do valor total a financiar.

Questionado pelo ECO sobre os montantes envolvidos, fonte oficial da agência liderada por Luís Guerreiro, revelou que “na presente data” se encontram pagos 224 vouchers, totalizando um incentivo de 1,12 milhões de euros e 22 vales que traduzem um incentivo de 782.175,87 euros.

As regras definidas em ambos os concursos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) determinam que “haverá lugar a novos adiantamentos trimestrais, no caso dos vouchers startups – mais quatro de cinco mil euros cada –, “ou semestrais, no caso dos vales incubadoras”, recorda a mesma fonte. No caso dos vales haverá lugar a mais dois com um valor individual de um quarto do incentivo não reembolsável.

O primeiro aviso dos vouchers para startups – novos produtos verdes e digitais, lançado a 3 novembro de 2022, tinha uma dotação de 45 milhões de euros e contou com 1.502 candidaturas, tendo sido aprovadas 726 candidaturas com um volume de incentivo aprovado de 21.780.000 euros, o que significa que foram pagos adiantamentos a apenas 31% das candidaturas aprovadas. Recorde-se que cada startup apenas pode receber um voucher, com um limite de 30 mil euros.

“Como se pode depreender, face ao elevado número de candidaturas aprovadas, e considerando os apertados critérios de validação a que se encontram vinculados os organismos gestores das medidas do PRR, encontram-se ainda a ser validados os Termos de Aceitação submetidos”, justifica fonte oficial do IAPMEI.

É nestes termos que são definidos os indicadores de resultados contratualizados nos quais as startups se comprometem com um determinado número de produtos ou serviços digitais com contributo positivo na transição climática. Este termo de aceitação marca também o período de 18 meses de duração máxima que os projetos podem ter, sendo que todos têm de estar concluídos no máximo até 30 de setembro de 2025.

Face ao elevado número de candidaturas aprovadas, e considerando os apertados critérios de validação a que se encontram vinculados os organismos gestores das medidas do PRR, encontram-se ainda a ser validados os Termos de Aceitação submetidos.

Fonte oficial do IAPMEI

No que respeita ao primeiro aviso dos vales para incubadoras e aceleradoras, lançado em janeiro de 2023, que tinha uma dotação de dez milhões de euros, foram aprovadas 63 candidaturas, correspondente a um volume de incentivo total aprovado de cerca de 9.123.000 euros, revela o IAPMEI, sendo que destas 22 receberam adiantamentos.

Entretanto, em novembro do ano passado foi aberto o segundo aviso para vouchers e vales com uma dotação global de 75 milhões de euros. Mas o IAPMEI não avançou quaisquer detalhes sobre este segundo aviso. Recorde-se que a instituição se compromete a dar uma decisão sobre o financiamento dos projetos no prazo de 40 dias úteis a contar da data de cada cut-off trimestral. Embora este prazo seja suspenso sempre que são solicitadas às startups mais esclarecimentos.

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Clima relegado nos debates. De assunto incómodo e secundário a oportunidade perdida junto dos jovens

É consensual que o tema clima não esteve tão presente nos debates como desejável face à sua urgência. Conheça as explicações e implicações, na visão dos partidos, politólogos e ambientalistas.

O confronto de ideias entre os oito partidos que têm assento na Assembleia da República foi feito através de um total de 30 debates. Na esmagadora maioria do tempo, notou-se uma ausência: o tema do clima e das alterações climáticas, concordam desde especialistas em política e ambiente até aos próprios partidos. As questões do clima ficaram para segundo plano face a assuntos como a habitação e saúde, ficando a sua exposição limitada às páginas dos programas.

O consenso aponta para alguma responsabilidade da parte dos moderadores mas também dos políticos, que não terão forçado suficientemente o tema. Fica assim com palco reduzido uma questão que importa em particular aos jovens, mas que é da maior urgência para toda a população, realçam os ambientalistas.

“Os temas relacionados com o ambiente e as alterações climáticas não têm estado presentes, praticamente, no discurso dos candidatos dos vários partidos. Existem algumas referências, mas a sensação com que fico é que não há um grande debate sobre o assunto”, acusa o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), Filipe Duarte Santos, para depois concluir que “não foi um tema central de modo nenhum”.

A politóloga Paula Espírito Santo aponta que o tema não só não teve presente nos debates como, fora deles, foi introduzido sobretudo como resposta a polémicas, como foi o caso das declarações do cabeça de lista da Aliança Democrática por Santarém e antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa. Este afirmou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas”. Declarações que forçaram o líder da AD, Luís Montenegro, a garantir que esta aliança está “comprometida com o clima”.

A falta de debate sobre o clima e a transição energética entre os principais líderes políticos é preocupante” remata a Zero, atendendo também a que o clima e a transição energética afetam não apenas o ambiente, mas também a economia, a segurança e o bem-estar das populações.

Partidos remetem para campanha e programa e acusam moderadores

Os partidos, confrontados com esta ausência do tema climático e com o que isto diz sobre as suas prioridades, defendem-se assinalando a presença do clima nos respetivos programas, noutros momentos da campanha e até fora dela, ao mesmo tempo que apontam o dedo aos moderadores.

Embora nos debates de um para um tivessem existido algumas referências à questão climática, no debate mais longo, entre os líderes dos dois partidos com maior representação parlamentar — PS e PSD –, houve uma total ausência do tema. Já no debate que juntou os oito candidatos com direito a assento parlamentar, Inês Sousa Real, do Partido Animais e Natureza (o PAN) foi a única a fazer uma menção ao clima e, mais tarde, à economia verde.

Inês Sousa Real usou o seu primeiro tempo de antena para abordar o protesto que teve lugar no início do debate, no qual ativistas climáticos mancharam de tinta o estúdio. “Embora possamos discordar da forma [de protesto], não podemos ignorar o problema e a ansiedade em que vivem em relação às alterações climáticas. As forças políticas que estão em condições de formar governo não tiveram uma palavra a dizer sobre o assunto”, criticou, apresentando no final o PAN como uma alternativa que responde à ansiedade perante a situação climática.

No mesmo debate, quando questionada sobre os planos de reforma fiscal e económica do partido, Sousa Real sublinhou “o potencial que a economia verde tem para gerar riqueza para o país”, considerando que “Portugal não deve ficar para trás nessa corrida”.

Agora, no rescaldo dos debates, o PAN autoproclama-se “o partido que mais tem trazido este tema para cima da mesa, seja nos debates, seja nas ações de campanha”, e considera que temas de coligações e cenários pós-eleitorais têm dominado os debates e a campanha eleitoral, “não deixando espaço para os temas que verdadeiramente interessam”. Para o partido, “o tempo dedicado a estes temas é pouco”, sendo insuficiente para identificar as forças políticas “verdadeiramente comprometidas” com a crise climática e para compreender as respetivas propostas.

Para o PCP, “os critérios jornalísticos na condução dos debates e o seu formato terão a sua quota de responsabilidade nesta matéria” mas “há muito mais campanha e propostas para lá da realização dos debates”. O partido sublinha que “as questões ambientais estiveram presentes em muitas iniciativas da campanha eleitoral da CDU”, nas quais o partido afirma ter denunciado problemas ambientais e reunido com populações afetadas pela exploração dos recursos naturais.

Já fonte oficial do Bloco de Esquerda aponta que “mesmo que os moderadores não tenham dado centralidade a esse tema”, Mariana Mortágua abordou-o nos debates com Inês Sousa Real e Rui Rocha, e reforça que este é um “tema central” no programa eleitoral.

A Iniciativa Liberal reconhece que “para um tema tão determinante para o futuro [o clima] deveria ter tido mais destaque”, a par de outros assuntos como a defesa, sustentabilidade da segurança social ou a reforma eleitoral. No entanto, o partido garante que da sua parte “existiu preocupação e foco no tema”, nomeadamente na apresentação do seu “Manifesto para o Crescimento Sustentável” no debate com o PAN. “Iremos insistir em dedicar mais atenção para este debate na próxima legislatura”, prometem os liberais.

A responsabilidade pode ser atribuída tanto aos moderadores/televisões como aos líderes políticos, pois ambos desempenham papéis importantes na condução do debate público.

Zero

PS, Aliança Democrática e Chega foram contactados pelo Eco/Capital Verde, mas optaram por não se pronunciar. O deputado do PS Miguel Costa Matos, que foi coautor da Lei de Bases do Clima, concede contudo que o tema foi menos discutido do que devia, já que tem uma “enorme importância” para o país, quer da ótica de problemas prementes como a escassez de água, quer “pela oportunidade de negócio que representa”. Questionado sobre o porquê da ausência neste caso, Costa Matos remete para os moderadores, mas ressalva que o líder do seu partido, Pedro Nuno Santos, abordou a questão ao falar sobre “a necessidade de transformação económica”.

Os ambientalistas concordam com a quota-parte de “culpa” dos moderadores. “Fica evidente que houve uma tendência em direção a questões que provocam reações imediatas e emocionais, como saúde, habitação e salários”, balança a ANP/WWF. No entanto, contrapõe a mesma organização, “também é fundamental reconhecer a responsabilidade dos líderes políticos. Estes têm a oportunidade, durante suas intervenções, de introduzir e destacar questões cruciais”.

A Zero reforça que “dar mais espaço ao debate sobre estes temas pode aumentar a conscientização pública e pressionar os líderes políticos a agirem de forma mais decisiva nestas áreas”, sendo que a comunicação social tem “um papel crucial” na formação da opinião pública. Contudo, “a responsabilidade pode ser atribuída tanto aos moderadores/televisões como aos líderes políticos, pois ambos desempenham papéis importantes na condução do debate público e na abordagem de questões relevantes”.

De assunto incómodo e secundário a oportunidade perdida junto dos jovens

“Notamos que a duração previamente definida para os debates é bastante curta e limita a profundidade da discussão. Este facto, leva a que algumas questões sejam deixadas em segundo plano e infelizmente, foi o que aconteceu com as questões ambientais”, considera a ANP/WWF, em resposta ao Eco/Capital Verde, reconhecendo que saúde, habitação e salários “são temas que impactam de forma mais direta a vida de todos os cidadãos”.

Fora a culpa apontada aos moderadores e ao tempo curto de debate, Paula Espírito Santo afere que o tema das alterações climáticas é “incómodo em termos políticos”, já que não depende unicamente de estratégias de governos nacionais e “envolve uma avalanche de compromissos e de situações” ao mesmo tempo que não existem “resultados para o dia seguinte”.

Claro que os debates tinham pouco tempo, e acaba por se privilegiar os temas que podem mobilizar mais eleitorado

Paula Espírito Santo

Politóloga

Claro que os debates tinham pouco tempo, e acaba por se privilegiar os temas que podem mobilizar mais eleitorado”, continua. Estes são sobretudo questões como a habitação, a saúde e a educação, que afetam de forma mais evidente o quotidiano de grande parte dos eleitores que vão até às urnas, por regra com idades em torno ou superiores a 40 anos.

Apesar disto, o tema “pode mobilizar o eleitorado mais jovem”, relembra a politóloga, e os políticos” podiam ter trazido mais o tema para captar a atenção” desta franja, alguns ainda sem idade para votar. Além do protesto que decorreu durante o debate entre todos os partidos, jovens ativistas pelo clima também atiraram tinta ao líder da AD, Luís Montenegro, durante a campanha, criticando novamente a ausência do tema no discurso político.

Estratégias criativas de trazer estes assuntos mais para o quotidiano eram bem-vindas, defende a mesma especialista em política. Ao mesmo tempo, o tema clima podia servir para “interromper o marasmo de uma mensagem muito centrada nos mesmos temas”, e evitar desta forma o desgaste de uma mensagem “relativamente redundante”.

Filipe Duarte Santos reforça que “as pessoas não estão interessadas em coisas tão básicas como a água”, por oposição a assuntos como a habitação, saúde e custo de vida, “portanto o debate centra-se nessas questões”. Mas há assuntos em que “mais tarde ou mais cedo, se continuar a inação, também vão ser problemáticos”. O responsável pelo CNADS salienta que, embora em matéria de transição energética o país esteja a avançar com ritmo, em matérias de adaptação às alterações climáticas as respostas são muito insuficientes: “Se não chover, o que é que se faz?”, questiona.

Programas “salvam” o tema. Uns mais do que outros

A boa notícia é que nos programas eleitorais os partidos foram mais cuidadosos e, de maneira geral, manifestam alguma preocupação ambiental e climática, em maior ou menor grau dependendo do partido”, avalia a ANP/WWF, reconhecendo, contudo, que a população não tem por hábito ler os programas na íntegra, pelo que os debates têm mais impacto, e por isso “teria sido importante discutir esta temática” nos mesmos.

A boa notícia é que nos programas eleitorais os partidos foram mais cuidadosos e, de maneira geral, manifestam alguma preocupação ambiental e climática, em maior ou menor grau dependendo do partido.

ANP/WWF

Numa análise “semáforo” do conteúdo dos programas no que toca o ambiente, a Zero dá um avaliação positiva (verde) aos programas do Bloco de esquerda, Livre e PAN. No “amarelo” posicionam-se os dois maiores partidos, PS e PSD, assim como a Iniciativa Liberal e a CDU. Nenhum partido resvala para o vermelho, mas os programas do CDS-PP e do Chega têm a avaliação mais negativa, de cor preta, representando um “semáforo fundido”, por não endereçarem devidamente o problema.

No caso do CDS, explica a Zero, “o compromisso com a natureza referido como ‘a defesa do ambiente faz-se no campo, não se faz nas cidades’ ignora por completo a necessidade de um modo diferente de reposicionar a sociedade e a sua maneira de ver o mundo”. Já no caso do Chega, “o ambiente está simplesmente ausente do programa”, acusa a organização. O partido publicou, contudo, após duas apresentações do programa e a disponibilização de uma versão mais curta, uma última versão, mais completa, que dedica um capítulo ao “Equilíbrio na Defesa do Ambiente e do bem-estar animal”.

Olhando ao futuro governo, a ANP/WWF mostra-se algo otimista, entendendo que “nenhum governo poderá ignorar estas questões, ainda que durante a campanha não tenham dado atenção suficiente”. A sociedade civil “estará cá, atenta, para pressionar”, garante. Já a Zero acredita que a falta de debate sobre o clima e a transição energética “pode definitivamente” comprometer a lista de prioridades do próximo governo.

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Crescimento dos salários adia corte de juros do Banco Central Europeu

O BCE vai continuar paciente, esperando pelos dados dos salários e confirmação de descida da inflação antes de cortar os juros. Taxa dos depósitos só deve baixar em junho.

Com a economia da Zona Euro estagnada e a inflação a manter uma trajetória de alívio, o Banco Central Europeu (BCE) vai anunciar esta quinta-feira a manutenção das taxas de juro no nível mais elevado de sempre. Será o sexto mês em que a taxa dos depósitos permanece em 4%, sendo expetável que continue neste patamar pelo menos mais três meses. As taxas de juro aplicáveis às operações de refinanciamento (4,5%) e de cedência de liquidez (4,75%) também vão ficar estáveis.

No final do ano passado, muitos investidores e analistas apontavam para que o BCE iniciasse em março o ciclo de descida das taxas de juro. Contudo, desde então, a inflação moderou de forma mais suave do que o previsto e a economia da Zona Euro, apesar de persistir com um fraco desempenho, continua distante de uma recessão pronunciada.

Entre outubro de 2023 e fevereiro deste ano, a inflação da Zona Euro baixou apenas três décimas. O indicador subjacente, que exclui alimentos e energia, recuou 1,1 pontos percentuais mas permanece acima dos 3%. Depois de ter contraído 0,1% no terceiro trimestre, o PIB da Zona Euro registou um crescimento nulo nos últimos três meses de 2023. Os últimos indicadores continuam a apontar para uma atividade económica estagnada.

A evolução destes dados económicos deu força para os responsáveis do BCE persistirem com uma abordagem paciente, transmitindo uma mensagem cautelosa com a alteração da política monetária. Com a inflação a manter-se substancialmente acima da meta dos 2%, não chegou ainda a altura de o banco central sinalizar uma redução de juros para breve.

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Acresce que os responsáveis do BCE têm destacado uma preocupação crescente com o impacto da evolução dos salários nas pressões inflacionistas. Os dados referentes ao quarto trimestre foram classificados de “encorajadores” por Christine Lagarde, mas a presidente do BCE salientou que será necessário esperar pelos números do primeiro trimestre (já incluem uma fatia considerável dos acordos salariais para 2024) para ter uma visão mais firme.

Os salários na Zona Euro registaram um crescimento homólogo de 4,5% no último trimestre de 2023, no primeiro abrandamento desde junho de 2022. Os dados dos primeiros três meses de 2023 não estarão disponíveis a tempo da próxima reunião de 11 de abril, daí que a generalidade dos economistas esteja agora a apontar 6 de junho como a data mais provável para o primeiro corte de juros na Zona Euro.

O BCE calcula que o ritmo de crescimento dos salários tem de moderar para 3% por forma a inflação aliviar para a meta dos 2%. Acresce que o mercado de trabalho da Zona Euro continua bastante resiliente, com a taxa de desemprego na região a baixar para um mínimo histórico de 6,4% em janeiro.

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A reunião desta quinta-feira será também marcada pela atualização das projeções macroeconómicas do staff do BCE, o que poderia representar uma oportunidade para o banco central dar mais um passo em frente em direção à remoção da política monetária restritiva. Isto porque os economistas aguardam que o BCE reduza as estimativas para o crescimento do PIB e evolução da inflação.

O Goldman Sachs espera que o BCE baixe a projeção do PIB para um crescimento de 0,6% em 2024 (0,8% em dezembro) e reduza a estimativa da inflação deste ano em quatro décimas para 2,3%, com o indicador atingir a meta dos 2% em 2025. A Capital Economics está mais pessimista, apontando para um crescimento de apenas 0,5% no PIB este ano, uma previsão que classifica de otimista.

Resistir à tentação

Na habitual sondagem publicada pela Reuters antes da reunião de política monetária do BCE, cerca de dois terços dos economistas estimam que o primeiro corte de juros vai acontecer em junho. O inquérito conduzido pela Bloomberg também aponta para junho, com os economistas a concordarem que seria um erro mais grave o BCE agir de forma precipitada, face a esperar demasiado tempo para aliviar a política monetária.

O líder do banco central da Alemanha tem efetuado declarações neste sentido, alertando que o BCE deve resistir à tentação de cortar os juros antes de aceder a dados chave que só serão conhecidos no segundo trimestre. “Apesar de parecer muito tentador, é demasiado cedo para cortar juros”, disse Joachim Nagel, acrescentando que “só vamos receber dados mais detalhados sobre como estão as pressões inflacionistas no segundo trimestre”. Só depois “poderemos contemplar um corte de juros”.

Deverá ser esta a tónica do discurso que será adotado esta quinta-feira por Christine Lagarde, com os economistas a admitirem apenas ligeiros ajustes na comunicação da líder do BCE que podem reforçar a probabilidade de cortes de juros em junho.

“Esperamos que Lagarde destaque que as projeções [para a inflação] são encorajadoras, que o Conselho do BCE permanece dependente dos dados, mas que necessita de mais confiança de que a inflação regressará a 2% de forma atempada e sustentável”, refere o Goldman Sachs, admitindo que Lagarde vai utilizar a terminologia “mais alguns meses” para que os juros possam baixar.

A Capital Economics espera alterações ligeiras no conteúdo do comunicado que será emitido pelo BCE, qualificando a tendência descendente da inflação, mas reiterando a indicação de que “as taxas de juro do BCE estão num nível que, se forem mantidas por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial” para atingir as metas de inflação.

O nível persistente da inflação subjacente, especialmente nos serviços, a incerteza relativamente à evolução dos salários e a confiança inesgotável numa recuperação económica na Zona Euro impedem o BCE de reduzir os juros. Em junho o banco central já terá disponíveis dados suficientes, que vão confirmar se a besta da inflação foi realmente domesticada, ou se existe uma nova pressão ascendente sobre os preços.

Carsten Brzeski, Global Head of Macro do ING

O ING também aguarda alterações “subtis” no comunicado do BCE que abram caminho para um corte de juros em junho. O nível “persistente da inflação subjacente, especialmente nos serviços, a incerteza relativamente à evolução dos salários e a confiança inesgotável numa recuperação económica na Zona Euro impedem o BCE de reduzir os juros” agora, refere o economista Carsten Brzeski, salientando que em junho o banco central já terá “disponíveis dados suficientes, que vão confirmar se a besta da inflação foi realmente domesticada”, ou se existe “uma nova pressão ascendente sobre os preços”.

Por outro lado, “qualquer revisão em baixa do perfil de crescimento e sinais de que a inflação poderá atingir os 2% antes do terceiro trimestre do próximo ano abrem a porta a cortes antecipados nos juros”. Neste caso, segundo o ING, o BCE teria de incluir no seu comunicado que o Conselho do BCE teve “uma primeira discussão sobre as condições prévias para cortes de juros”, ou que “foi decidido iniciar esta discussão na próxima reunião” de abril.

Um cenário pouco provável, uma vez que até os economistas que aguardavam descidas de juros em abril estão agora a deslocar a estimativa para junho. É o caso do Goldman Sachs e da Capital Economics, que também reduziram o número de descidas esperadas para 2024.

O Goldman Sachs espera cortes consecutivos de 25 pontos base a partir de junho, com o ciclo a terminar nos 2,25% em 2025. Ou seja, cinco baixas na taxa dos depósitos em 2024 (antes estimava seis) e mais duas no próximo ano. A Capital Economics aponta para apenas quatro cortes este ano (total de 100 pontos base), mas também estima uma taxa terminal de 2,25% em meados de 2025.

Os responsáveis do BCE “têm dito que estão à espera dos dados dos salários do primeiro trimestre antes de decidirem cortes de juros. Mas estes dados devem evidenciar apenas uma pequena redução da taxa de crescimento anual”, pelo que “apesar de junho ser a reunião mais provável para o primeiro corte de juros, existe uma hipótese significativa de tal não acontecer antes de julho ou setembro”, alerta Andrew Kenningham, Chief Europe Economist da Capital Economics.

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