Rui Costa ilibado no caso dos emails do Benfica. Luís Filipe Vieira vai a julgamento

O ex-presidente do Benfica foi acusado no processo dos emails do clube encarnado. O Ministério Público pediu também a suspensão do Benfica e do Vitória de Setúbal das competições desportivas.

O ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, o antigo assessor jurídico do clube Paulo Gonçalves e as SAD do Benfica e do Setúbal foram acusados no processo dos emails do clube encarnado. Já o atual presidente do Benfica, Rui Costa, foi ilibado pelo Ministério Público. Em causa está a simulação de uma compra e venda de jogadores com o Vitória de Setúbal para injetar dinheiro no clube, entre 2016 e 2019.

Segundo o Jornal de Notícias, a acusação garante que Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves desviaram milhões do Benfica, através de negócios fictícios na transferência de três atletas brasileiros. No total, o processo conta com 11 arguidos, entre eles as SAD do Benfica e do Setúbal. Em causa estão crimes de corrupção em concurso com participação económica em negócio e fraude fiscal.

Para além de Rui Costa, também o ex-administrador, Domingos Soares de Oliveira, passou de arguido a testemunha no caso, uma vez que a investigação não recolheu indícios de que tivesse participado no esquema.

O Ministério Público pediu ainda a suspensão do Benfica e do Vitória de Setúbal das competições desportivas, avança a CNN Portugal. Esta é uma pena acessória que, segundo o despacho de acusação, é justificada pelo grau de ilicitude dos factos, o seu modo de execução e o grau de violação dos deveres impostos.

Para além desta pena acessória, pediu ainda a proibição do exercício da profissão ou atividade de agente desportivo para Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, o antigo presidente do V. Setúbal Fernando da Silva Oliveira, o antigo dirigente do V. Setúbal Vítor Hugo Valente e o antigo diretor desportivo do V. Setúbal Paulo Grencho.

A SAD do Benfica foi acusada pelos crimes de corrupção ativa, oferta indevida de vantagem e fraude fiscal qualificada. A SAD do Vitória de Setúbal responde por corrupção passiva, por recebimento indevido de vantagem e fraude fiscal.

(Notícia atualizada às 15h21)

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Corium Biotech levanta 500 mil euros para ajudar a transformar a indústria do luxo

A biotech incubada na Uptec também planeia "iniciar parcerias com marcas e designers de moda de luxo que procuram incorporar materiais sustentáveis nas suas coleções".

Maria João Maia, CEO e cofundadora e Margot Muller (cofundadora)

A Corium Biotech, startup incubada no Uptec, acaba de levantar levanta 500 mil euros para ajudar a transformar a indústria do luxo ao desenvolver couro exótico em laboratório através de agricultura celular.

“Estamos entusiasmados por contar com o apoio de investidores tão importantes enquanto damos o próximo grande passo no desenvolvimento da nossa tecnologia”, diz Maria João Maia, CEO e Cofundadora.

Este financiamento será fundamental para acelerar os nossos esforços de I&D e levar o nosso couro exótico ao mercado. Estamos entusiasmados por ultrapassar os limites da biotecnologia e redefinir o futuro dos materiais de luxo”, refere ainda a cofundadora Margot Muller.

A ronda de financiamento pré-seed contou com a participação da Biotope by VIB e da Portugal Ventures. “O financiamento será utilizado para confirmar a nossa estratégia de scaleup, aprimorar o desenvolvimento de novas variantes de couro exótico cultivado em laboratório e expandir a equipa com talentos de topo nas áreas de biotecnologia e ciência dos materiais”, refere a startup.

Atualmente, a startup já conta com sete colaboradores — “dois já contratados graças a esta ronda” — e tem objetivos de reforçar a equipa. “Iremos contratar mais três a quatro pessoas, recursos altamente qualificados com experiência em scaleup de processos biológicos, assim como técnicos que auxiliem no laboratório os nossos investigadores”, adianta Maria João Maia, ao ECO.

A startup tem um modelo híbrido de trabalho de 35 horas semanais “geridas pelo colaborador mediante sua preferência (por exemplo) fazer as 35 horas em quatro dias e ficar com um dia livre por semana)”, refere a CEO.

A empresa também planeia “iniciar parcerias com marcas e designers de moda de luxo que procuram incorporar materiais sustentáveis nas suas coleções”.

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Economia portuguesa está menos “intensa” em carbono há quase dez anos

Em 2022 a Energia, água e saneamento foi o ramo de atividade com maior Intensidade Carbónica, seguido da Agricultura, silvicultura e pesca e da Indústria.

A intensidade carbónica da economia portuguesa, que mede a quantidade de emissões de gases com efeito de estufa por cada unidade de riqueza gerada, voltou a diminuir em 2022, prolongando uma tendência que se mantém desde 2013.

Entre 2013 e 2022, a intensidade carbónica da economia portuguesa decresceu 23,5%, lê-se no boletim publicado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística. A contribuir para esta tendência, explica o INE, está o aumento em dois pontos percentuais da produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, nomeadamente fotovoltaica, a substituição por fontes menos poluentes na indústria e a implementação de medidas de eficiência energética, como as melhorias na eficiência dos transportes e das habitações, por via da certificação dos edifícios.

Em 2022 a Energia, água e saneamento foi o ramo de atividade com maior Intensidade Carbónica, seguido da Agricultura, silvicultura e pesca e da indústria. No período compreendido entre 2013 e 2022, os ramos de atividade que registaram maiores reduções da Intensidade Carbónica foram a Indústria (-26,7%) e a Energia, água e saneamento (-25,8%). A Construção (+8,2%) e a Agricultura, silvicultura e pesca (+3,5%) foram os ramos que registaram aumentos.

Em 2022, as emissões de gases com efeito de estufa geradas pelas atividades económicas em Portugal somaram 60,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, sendo 9,5% inferiores às de 2013 e 18,3% inferiores às de 2017, ano no qual se registou o resultado mais elevado desta década (73,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente).

Os setores de atividade que mais pesam na emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera são a Indústria (23,3%), a Energia, água e saneamento (22,7%) e as famílias (15,3%). E são precisamente estes grandes emissores que têm vindo a reduzir os seus contributos poluentes. A redução foi de 11,6% no caso da indústria, de 30,7% na Energia e água e de 3% nas famílias.

Já os restantes setores rumam no sentido oposto. O destaque vai para a Construção, que polui hoje 27,1% mais do que em 2013, mas também para os Transportes, informação e comunicação (uma subida de 10,4%) e a Agricultura, silvicultura, pesca (mais 4,2%)

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Dívida pública mundial pode ser pior do que parece, alerta FMI. Em 2030 pode já superar 100% do PIB

O Fundo Monetário Internacional adverte para a trajetória insustentável da dívida global, alertando para a necessidade de muitos países terem de promover ajustes orçamentais do valor de 3,8% do PIB.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) lança um alerta preocupante no seu mais recente relatório Fiscal Monitor, publicado esta terça-feira: a dívida pública global pode estar numa trajetória ainda mais insustentável do que as projeções oficiais sugerem.

Segundo o documento produzido pela equipa de analistas do departamento de finanças públicas do FMI liderado por Vítor Gaspar, a dívida pública mundial deverá ultrapassar os 100 biliões de dólares até ao final de 2024, cerca de 93% do PIB global. Mas o cenário piora nas projeções para o final da década, com o rácio da dívida a aproximar-se perigosamente dos 100% do PIB em 2030.

“Este valor é dez pontos percentuais do PIB acima do nível de 2019, ou seja, antes da pandemia”, referem os técnicos do FMI, notando que a situação é particularmente desafiadora em países como França, Itália e Reino Unido, onde a dívida não está projetada para estabilizar nos próximos anos sem ajustes orçamentais adicionais.

O relatório estima que, para estabilizar a dívida com alta probabilidade, seria necessário um ajuste orçamental cumulativo de 3,6% do PIB em média nos países onde a dívida está projetada para estabilizar, e de 4,5% do PIB nos países onde a dívida continua a crescer.

As razões para esta evolução preocupante da dívida pública mundial são várias, mas o Fundo destaca três fatores principais:

  1. Pressões crescentes para aumentar a despesa pública em áreas como a transição verde, cuidados de saúde, envelhecimento da população e defesa;
  2. Um viés de otimismo nas projeções oficiais de dívida, que tendem sistematicamente a subestimar os níveis futuros;
  3. A existência de “dívida não identificada” significativa, sobretudo em economias emergentes, que pode materializar-se de forma abrupta em períodos de stress financeiro.

Embora o panorama não seja homogéneo, com o FMI a prever que a dívida pública estabilize ou diminua em dois terços dos países, o Fiscal Monitor de outubro mostra que “os futuros níveis de dívida poderão ser ainda mais elevados do que o previsto e que são necessários ajustamentos orçamentais muito maiores do que os atualmente projetados para a estabilizar ou reduzir com elevada probabilidade.”

Riscos elevados e assimétricos

Um dos aspetos mais preocupantes da análise da equipa de analistas de Vítor Gaspar é que os riscos em torno das projeções de dívida estão fortemente inclinados para continuarem a crescer.

Utilizando uma nova abordagem denominada debt-at-risk, os economistas do FMI estimam que a dívida global possa atingir 115% do PIB num cenário adverso extremo no espaço de três anos — quase 20 pontos percentuais acima das projeções atuais para 2026 presentes no relatório World Economic Outlook.

O relatório do FMI destaca que os países estão cada vez mais vulneráveis a fatores globais que afetam os seus custos de financiamento, incluindo os efeitos de contágio de uma maior incerteza política em países sistemicamente importantes, como os EUA. O que é uma preocupação, dado que os níveis de dívida de muitos países são elevados, potenciando assim uma amplificação dos efeitos negativos num eventual cenário de crescimento mais fraco ou de condições financeiras mais restritivas sobre os níveis futuros de dívida, alertam os especialistas do Fundo.

A dívida pública elevada é uma preocupação generalizada e mesmo para alguns países onde os níveis de dívida pública parecem gerenciáveis, os riscos são elevados e os resultados efetivos da dívida nos próximos anos podem ser piores do que o projetado.

Face a este cenário, o Fundo defende a necessidade de ajustamentos orçamentais duradouros e cuidadosamente desenhados na maioria dos países para estabilizar ou reduzir os rácios de dívida com uma probabilidade elevada.

No entanto, alerta que “tendo em conta os riscos específicos de cada país em torno das perspetivas da dívida, os ajustamentos orçamentais atuais — em média, de 1% do PIB ao longo de seis anos até 2029 — mesmo que implementados na íntegra, não são suficientes para reduzir ou estabilizar significativamente a dívida com uma alta probabilidade”.

Os cálculos do Fundo apontam para a necessidade de um aperto orçamental cumulativo de cerca de 3,8% do PIB até 2029 para garantir uma alta probabilidade de estabilização da dívida numa economia média. Mas em países onde não se projeta a estabilização da dívida, como a China e os EUA, o FMI refere que “o esforço necessário é substancialmente maior.”

Focando a análise na Zona Euro, o FMI alerta que adiar os ajustes orçamentais necessários seria custoso e arriscado para os países europeus, pois a correção exigida se tornaria ainda maior com o passar do tempo.

Por essa razão, os especialistas recomendam que os governos europeus aproveitem o atual momento de abrandamento da inflação e de corte das taxas diretoras do Banco Central Europeu para implementarem consolidações orçamentais graduais, mas sustentadas nos próximos anos.

Impactos no crescimento económico e na desigualdade

O FMI reconhece que ajustamentos orçamentais desta magnitude, se não forem bem calibrados, terão custos significativos em termos de atividade económica e poderão prejudicar grupos vulneráveis, aumentando assim a desigualdades nas sociedades.

Por isso, o Fundo defende a adoção de um desenho cuidadoso das medidas de consolidação orçamental por parte dos governos nos próximos anos para mitigar os custos do ajustamento e obter apoio público para as reformas necessárias.

“A escolha das medidas orçamentais é importante porque os impactos não são iguais e envolvem trade-offs”, refere o FMI, sublinhando que cortes no investimento público geram fortes perdas no PIB e prejudicam as perspetivas de crescimento de longo prazo, enquanto reduzir as transferências sociais prejudica as famílias vulneráveis e aumenta a desigualdade.

É também nesse sentido que os economistas do Fundo referem que “um ajustamento bem concebido — que combine medidas em matéria de despesas e de receitas — pode atenuar significativamente os efeitos adversos sobre o produto e a desigualdade e é mais suscetível de ser socialmente aceite.” Nesse sentido, o FMI traça recomendações diferenciadas para economias avançadas e emergentes.

  • As economias avançadas devem avançar com reformas dos direitos adquiridos, repriorizar despesas e aumentar receitas onde a tributação é baixa.
  • As economias emergentes e em desenvolvimento têm maior potencial para mobilizar receitas fiscais, alargando as bases tributárias e reforçando a capacidade da administração fiscal, ao mesmo tempo que fortalecem as redes de segurança social e salvaguardam o investimento público para apoiar o crescimento de longo prazo.

O Fundo defende ainda que a velocidade do ajustamento promovido pelos governos também deve ser levada em conta para minguar as pressões sociais e potenciar os efeitos positivos dessas medidas.

Assim, segundo cálculos dos especialistas do FMI, um ritmo de ajustamento “gradual e sustentado será capaz de limiar simultaneamente o impacto negativo no PIB e na desigualdade em cerca de 40%, em comparação com um aperto mais abrupto. “No entanto, alguns países com alto risco de sobre-endividamento precisarão de ajustes antecipados”, ressalva o FMI.

O alerta do Fundo é claro: a dívida pública elevada é uma preocupação generalizada e mesmo para alguns países onde os níveis de dívida pública parecem gerenciáveis, os riscos são elevados e os resultados efetivos da dívida nos próximos anos podem ser piores do que o projetado.

Os especialistas do Fundo consideram que os planos de ajustamento atuais não são suficientes para estabilizar ou reduzir a dívida com confiança na maioria dos países, mas que ajustamentos fiscais bem desenhados podem ajudar a reduzir os riscos da dívida, melhorar as perspetivas da dívida pública e mitigar o impacto adverso na sociedade.

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Crédito ao consumo sobe 8,7% para recorde de 5,5 mil milhões até agosto

Empréstimos para compra de carro continuam em forte alta e a impulsionar o crédito ao consumo. Famílias pediram valor recorde de 5,5 mil milhões nos oito meses de 2024 apesar das taxas de juro altas.

As famílias pediram mais de 5,5 mil milhões de euros de crédito ao consumo nos primeiros oito meses do ano, correspondendo ao valor mais elevado desde, pelo menos, 2013, quando começa a série estatística do Banco de Portugal.

Em causa estão financiamentos concedidos por bancos e financeiras para a aquisição de bens de consumo, como automóveis, eletrodomésticos e eletrónica, férias ou educação.

Os dados até agosto mostram um aumento de 8,7% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo supervisor bancário, confirmando-se a tendência que se vem verificando desde a pandemia, apesar das taxas de juro elevadas nos últimos dois anos.

Todos os segmentos do crédito ao consumo registam aumentos desde o início do ano, com particular destaque para o financiamento para a compra de carro: aumenta 12,2% para 2,15 mil milhões de euros entre janeiro e agosto.

Novo crédito ao consumo continua a subir

Fonte: Banco de Portugal

O crédito pessoal continua, ainda assim, a ser a principal componente do empréstimo ao consumo: as novas operações aumentaram 6% no mesmo período, totalizando os 2,46 mil milhões de euros. Neste segmento, embora o novo crédito com a finalidade educação, saúde, energias renováveis e outros tenha decrescido perto de 1% para 91,88 milhões, os outros créditos pessoais (lar, consolidado, sem finalidade específica) registou um aumento de 6,28% para 2,37 mil milhões.

Já os empréstimos concedidos por cartão de crédito tiveram um aumento de 8,11% para 932,4 milhões de euros em termos de novas operações.

Em agosto, o montante de novas operações de crédito ao consumo ascendeu a quase 700 milhões de euros, mais 7% em relação a agosto de 2023, impulsionado pelo crédito automóvel, que aumentou 9% para 278,4 milhões de euros. O crédito pessoal subiu 4% para 299,3 milhões e o crédito com cartão de crédito subiu 9% para 116,4 milhões.

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BES. Ricardo Salgado não volta a mais nenhuma sessão de julgamento

Dez anos depois da queda do BES, com o arguido Ricardo Salgado acusado de 62 crimes (três entretanto prescreveram).

Ricardo Salgado não vai comparecer em mais nenhuma sessão de julgamento. A defesa fez um requerimento nesse sentido e a juíza presidente aceitou.

Esta terça-feira começou o julgamento daquele que já é conhecido como o maior processo da Justiça portuguesa. Dez anos depois da queda do BES, com o arguido Ricardo Salgado acusado de 62 crimes (três entretanto prescreveram), o julgamento do processo BES conta com 18 arguidos singulares, sete empresas arguidas, 733 testemunhas, 135 assistentes e mais de 300 crimes.

Este megaprocesso, que já vai nos 215 volumes após uma acusação com mais de quatro mil páginas, vai contar com a presença do principal arguido, apesar da doença de Alzheimer diagnosticada, por ordem da juíza presidente, Helena Susano.

O ex-banqueiro, que estava inicialmente acusado de um total de 65 crimes, vai agora ser julgado por 62, após terem prescrito dois crimes de falsificação de documento e um de infidelidade. O levantamento dos crimes em risco de prescrição recentemente realizado pelo MP indica ainda que Ricardo Salgado pode ver cair, em finais de novembro próximo, mais um crime de falsificação e outros dois crimes no final de dezembro. Em janeiro de 2025 prescrevem mais três crimes de falsificação de documento, no final de fevereiro cai um de infidelidade e até 28 de março tombam outros três de infidelidade.

Para já, o coletivo de juízes agendou 14 sessões, até 29 de outubro. As quatro primeiras – a 15 e 16 de outubro – serão para as alegações iniciais do Ministério Público e defesa dos arguidos.

Despacho da juíza a menos de 24 horas do início do julgamento

A juíza responsável pelo julgamento de Ricardo Salgado, a menos de 24 horas do início do julgamento, enviou um despacho às partes, assumindo que a extinção, arquivamento ou suspensão do julgamento não tem qualquer fundamento legal, apesar de admitir a doença de Alzheimer do arguido.

Helena Susano, num despacho de 116 páginas, a que o ECO teve acesso, defende que a tese da defesa decorrente do diagnóstico de Alzheimer, de que o ex-homem forte do BES está impedido de exercer, de forma pessoal e plena, a sua defesa, “ainda que se considerasse, em face da prova documental apresentada, demonstrado que o arguido padece da Doença de Alzheimer, em condições suscetíveis de configurar uma anomalia psíquica, a pretensão manifestada pelo arguido não possui qualquer respaldo, como se verá, quer na lei, quer em qualquer outra fonte de Direito”, justifica a juíza que ordenou, na semana passada, que Salgado estivesse presente na primeira sessão de julgamento.

“O Código Penal elenca, de modo taxativo, as causas de extinção da responsabilidade criminal – a prescrição, a morte, a amnistia, o perdão genérico e o indulto –, nelas não se divisando qualquer fundamento de extinção assente numa putativa diminuição das capacidades de exercício da defesa pelo arguido. O arquivamento, por seu turno, corresponde a um despacho que encerra a fase de inquérito e cuja competência se encontra reservada ao Ministério Público e também a suspensão não se encontra prevista nos para este fundamento em que o arguido alicerça a sua pretensão”, diz a magistrada.

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Atena lança terceiro fundo de private equity de 60 milhões para apoiar empresas portuguesas

Novo fundo vai apostar em empresas que precisem de assegurar a sucessão ou reestruturação. Na mira da Atena estão todos os setores de atividade com faturação superior a dez milhões de euros.

A Atena Equity Partners criou o terceiro fundo de investimento e angariou cerca de 60 milhões de euros para investir em empresas portuguesas. Na mira da Atena estão empresas com faturação superior a dez milhões que precisem de assegurar a sucessão ou a sua restruturação.

O fundo Atena III está interessado em empresas de todos os setores de atividade, nomeadamente em áreas como a indústria, serviços empresariais, saúde e tecnologias de informação. As empresas deverão apresentar preferencialmente um nível de faturação acima de dez milhões de euros, com resultados positivos ou negativos.

Subscrito na totalidade por investidores institucionais internacionais privados da Europa, do Reino Unido e dos Estados Unidos, o novo fundo de private equity da Atena Equity Partners vai apostar em empresas que necessitem de assegurar a sucessão ou a sua restruturação, bem como em movimentos de consolidação setorial e em unidades de negócios e empresas onde os grupos acionistas pretendem desinvestir.

Acreditamos no potencial das empresas portuguesas e estamos abertos a analisar todo o tipo de oportunidades de investimento. O novo fundo Atena III vai permitir-nos ajudar ainda mais empresas e empresários.

João Rodrigo Santos

Partner da Atena Equity Partners

“Acreditamos no potencial das empresas portuguesas e estamos abertos a analisar todo o tipo de oportunidades de investimento. O novo fundo Atena III vai permitir-nos ajudar ainda mais empresas e empresários, dando a oportunidade de crescerem e de se desenvolverem, respeitando e preservando os seus legados”, afirma João Rodrigo Santos, partner da Atena Equity Partners.

“Ao longo da última década temos vindo a apoiar o desenvolvimento e transformação do tecido empresarial português, criando valor para as empresas onde investimos e para os seus colaboradores, parceiros e fornecedores. O sucesso alcançado desde a criação da Atena também se traduziu na geração de valor para os investidores nos nossos fundos e facilitou o lançamento deste terceiro instrumento de private equity, num momento desafiante para levantar capital”, afirma João Rodrigo Santos, partner da Atena Equity Partners, citado em comunicado.

Os dois primeiros fundos geridos pela Atena Equity Partners estão totalmente investidos em empresas como as clínicas dentárias Malo Clnic, a empresa de moldes Tecnifreza, a farmacêutica Sidefarma, a empresa têxtil Quinta & Santos de Barcelos, a rede de hospitais privados Unisana Hospitais, a empresa de brinquedos Science4You, a produtora e comercializadora de produtos de cerâmica tableware Matcerâmica ou o grupo especialista em cibersegurança e tecnologias de informação Redshift.

Entre os desinvestimentos já concretizados estão as Páginas Amarelas, a Simi, a ASBW, a Leya, a Cariano ou a Prado Cartolinas da Lousã.

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Diretor da BBC diz que cortes orçamentais beneficiam China e Rússia

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

O orçamento do Serviço Internacional da BBC é de 479 milhões de euros. Já a Federação Russa e a China gastam entre sete mil milhões e nove mil milhões euros nas suas "atividades mediáticas mundiais".

A China e a Federação Russa “estão a ganhar” com os cortes orçamentais que obrigaram a BBC a reduzir o seu serviço internacional, para avançarem com uma “propaganda incontestada“, disse esta segunda-feira o diretor-geral, Tim Davie.

“Podemos constatar que quando o Serviço Internacional [da BBC] se retira, os operadores mediáticos financiados por Estados aproveitam para ocupar o terreno“, acrescentou, referindo-se à estação russa RT, disponível em Inglês, Árabe e Castelhano, e à chinesa CGTN.

O Serviço Internacional da BBC emite em mais de 40 línguas e tem uma audiência semanal, espalhada pelo mundo, estimada em 365 milhões de pessoas.

Durante anos, foi financiada por subvenções do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo britânico. Mas depois de 2014 passou a ser financiada por uma contribuição audiovisual paga pelas famílias. Em 2022, o grupo anunciou o encerramento dos seus serviços em Árabe e Persa, bem como centenas de despedimentos.

Enquanto o orçamento do Serviço Internacional da BBC é equivalente a 479 milhões de euros, a Federação Russa e a China gastam entre sete mil milhões e nove mil milhões euros no “desenvolvimento das suas atividades mediáticas mundiais”, em África, Médio Oriente e América Latina, disse Davie, durante um evento em Londres.

“Em particular, em África, os meios russos estão incrivelmente ativos na promoção dos seus argumentos”, adiantou, assegurando que “este investimento” tem resultados “positivos significativos” para a Federação Russa.

Em abril foi lançado um inquérito parlamentar sobre o financiamento do Serviço Internacional da BBC.

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Publicidade mais inclusiva gera melhores resultados junto do consumidor, revela estudo

Segundo o estudo, há "fortes evidências empíricas" que mostram que as marcas que incluem representações publicitárias de género mais positivas apresentam um melhor desempenho comercial.

A publicidade que apresenta representações mais autênticas e positivas das mulheres gera melhores resultados comerciais e junto do consumidor. Esta publicidade mais inclusiva beneficia a relação do consumidor com a marca em termos de lealdade, avaliação e poder de preço (pricing power).

Na verdade, marcas que dão mais atenção a representações positivas de mulheres na sua publicidade têm uma probabilidade 62% maior de serem a primeira escolha do consumidor. Ao mesmo tempo, as marcas mais inclusivas apresentam um poder de preço (conseguir praticar preços acima dos concorrentes) 54% superior ao das marcas com as pontuações mais baixas em termos de publicidade inclusiva.

As conclusões são do estudo “Inclusion = Income: The Business Case for Inclusive Advertising“, da Unstereotype Alliance, que analisou 392 marcas de diferentes países oriundas de 58 países, entre 2020 e 2023, e que mostra que além de ajudar na prossecução de objetivos éticos, a publicidade inclusiva pode também ajudar a gerar melhores resultados financeiros.

Segundo o mesmo, as marcas que apresentam práticas de publicidade mais inclusivas vendem mais 3,46% (a curto prazo) e 16,26% (a longo prazo). Além disso, estas marcas são capazes de recolher maior “curiosidade” mas também fidelidade junto do cliente, uma vez que apresentam uma probabilidade 8% superior de serem experimentadas e 23% menor de serem descartadas após o “teste”.

As marcas com melhor desempenho em representações femininas positivas em anúncios são também encaradas como mais diferenciadoras (+12,1%), mais relevantes (+9,4%) e mais significantes (+8,3%).

Estes benefícios comerciais apresentados por insígnias com práticas publicitárias mais inclusivas não são exclusivos de determinadas marcas, setores ou geografias, uma vez que “são encontrados independentemente da categoria do produto ou do mercado geográfico“, sublinha o estudo.

Com base nestas conclusões, torna-se indispensável para as empresas abraçar a publicidade inclusiva, não como algo ‘bom de ter’, mas como algo vital para operações comerciais saudáveis e responsáveis, resultando num maior sucesso financeiro mas também contribuindo para um progresso social positivo“, refere-se no “Inclusion = Income: The Business Case for Inclusive Advertising”.

Na publicação defende-se ainda que é “relativamente fácil” para as marcas adotarem práticas publicitárias mais inclusivas, referindo que as campanhas que obtiveram melhores pontuações e que indicaram práticas publicitárias mais neste sentido evitaram ativamente representações de personagens que perpetuassem estereótipos de género.

“Por exemplo, a representação feminina estereotipada pode reduzir a personagem a um simples objeto de interesse, em vez de uma consumidora de espírito independente. Da mesma forma, os estereótipos masculinos, como o ‘pai incompetente’, que provavelmente se vai prejudicar – a si e a outros – se tentar realizar uma tarefa doméstica, foram simplesmente evitados pelas marcas que alcançaram melhores pontuações”, explica-se.

“As conclusões sugerem, portanto, que os passos que as marcas precisam de tomar em relação às práticas de publicidade inclusiva não precisam de ser excessivamente complicados. As marcas podem simplesmente evitar a perpetuação de estereótipos e representar autenticamente as comunidades em toda a sua rica diversidade“, aponta o estudo.

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Euribor sobe a três meses e desce a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

Taxa a três meses, que avançou para 3,215%, continuou acima da taxa a seis meses (3,057%) e da taxa a 12 meses (2,766%).

A Euribor subiu esta terça-feira a três meses e desceu a seis e a 12 meses em relação a segunda-feira. Com as alterações a taxa a três meses, que avançou para 3,215%, continuou acima da taxa a seis meses (3,057%) e da taxa a 12 meses (2,766%).

A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro de 2023, baixou hoje para 3,057%, menos 0,005 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a agosto mostram que a Euribor a seis meses representava 37,6% do ‘stock’ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,2% e 25,8%, respetivamente.

No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2022, também recuou hoje, para 2,766%, menos 0,033 pontos do que na segunda-feira. Em sentido contrário, a Euribor a três meses subiu hoje, ao ser fixada em 3,215%, mais 0,010 pontos.

A média da Euribor em setembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em agosto e com menos intensidade nos prazos mais curtos. A média recuou 0,114 pontos para 3,434% a três meses (contra 3,548% em agosto), 0,167 pontos para 3,258% a seis meses (contra 3,425%) e 0,230 pontos para 2,936% a 12 meses (contra 3,166%).

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se na quinta-feira na Eslovénia, com os analistas a esperarem que a instituição desça de novo as taxas de juro em 25 pontos base. Em 12 de setembro, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022. Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Portugal ocupa o 22.º lugar em índice mundial de pensões

Os desafios que Portugal enfrenta passam pelo aumento da cobertura dos sistemas de pensões privados e pela redução gradual dos níveis de dívida pública e de despesa com pensões públicas.

Portugal ocupa a 22ª posição no Índice Mundial de Pensões da Mercer e do CFA Institute, tendo a sétima classificação mais baixa no critério da sustentabilidade, segundo informação divulgada esta terça-feira. Ainda assim, a análise atribui ao sistema de pensões português o grau ‘B’, indicando “uma estrutura sólida com diversas características positivas, mas com áreas que necessitam de melhorias.”

O índice em causa avalia comparativamente 48 sistemas de pensões mundialmente, atribuindo aos Países Baixos a melhor classificação, seguido pela Islândia e pela Dinamarca. Portugal ocupa o 22.º lugar, com uma pontuação global de 66,9 pontos, diminuindo ligeiramente face aos 67,4 registados em 2023.

Este ano o sistema português regista a quinta e oitava classificações mais elevadas no subíndice “adequação” (83,4) e “integridade” (85,7), respetivamente, mas a sétima classificação mais baixa no subíndice de “sustentabilidade”, pontuando 34,6 pontos neste parâmetro.

Entre as principais melhorias inclui-se “a necessidade de, por um lado, existir um aumento no valor das pensões relativas aos sistemas privados, implicando um acréscimo do nível de contribuições e do montante de ativos alocados a estes sistemas”, bem como uma “uma redução gradual dos níveis de dívida pública e de despesa com pensões públicas“.

“Perante o decréscimo da natalidade e o aumento da esperança média de vida, os sistemas de previdência estão no centro das atenções”, realça Cristina Duarte, responsável da Mercer, citada em comunicado.

Neste sentido defende ser necessário “garantir um forte alinhamento entre os regimes de pensões públicos e privados, alargar a cobertura dos colaboradores e incentivar uma maior participação da força de trabalho para aqueles que desejam trabalhar em idades mais avançadas”.

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Não há risco de repetição de práticas anticoncorrenciais na banca, assegura Vítor Bento

  • Lusa e ECO
  • 15 Outubro 2024

Presidente da APB defende que práticas anticoncorrenciais são de um "passado distante". Diz que setor não tem lucros excessivos e que difícil acesso a crédito da casa não se deve aos bancos.

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Vítor Bento, defende que práticas como as que levaram a coimas no processo conhecido como ‘cartel da banca’ são relativas a um “passado distante” e não há risco de se repetirem. Considera ainda que os bancos “não têm tido muitos lucros”, porque é preciso avaliar a rentabilidade do capital, e que a dificuldade de acesso a crédito à habitação se deve a fatores externos às instituições financeiras.

Vítor Bento advogou que os factos que deram origem ao ‘cartel da banca‘ ocorreram há muitos anos e que “nada têm que ver com o presente” e “não há sequer qualquer risco de repetição desse tipo de cenário”.

“Esse facto tem a ver com o passado distante, não tem a ver com a banca hoje. Estamos a falar de um passado distante, no presente não temos situações dessas nem o risco de termos situações dessas“, afirmou Vítor Bento à Lusa, numa conversa a propósito dos 40 anos da APB.

 

Em setembro, o Tribunal da Concorrência confirmou as coimas aplicadas em 2019 pela Autoridade da Concorrência a 11 bancos no processo conhecido por ‘cartel da banca’. No total, foram confirmadas coimas de quase 225 milhões de euros após o tribunal ter concluído que, entre 2002 e 2013, houve “conluio” na troca de informações sobre créditos (‘spreads’ e montantes concedidos) que “alinharam práticas comerciais” e falsearam a concorrência.

Sobre a crítica do tribunal aos bancos por não terem tomado medidas reparadoras para com os clientes e questionado sobre se a banca o devia fazer, até por questões reputacionais, Vítor Bento afirmou que dessas práticas “não houve danos para os clientes”, pois houve “uma acusação de concertação por objeto e não por resultado“.

Vítor Bento afirmou que dessas práticas “não houve danos para os clientes”, pois houve “uma acusação de concertação por objeto e não por resultado.

O responsável da APB considera ainda que “se não fosse o crédito bancário, grande parte das famílias não tinha tido acesso à habitação”.

“Estimo que cerca de dois terços das famílias em Portugal têm habitação da qual são proprietárias devido ao crédito bancário”, disse, acrescentando que as taxas de juro deste crédito em Portugal foram, nos últimos 20 anos, mais baixas do que a média da zona euro. Sobre as dificuldades sentidas por muitas famílias em acederem a crédito à habitação, defendeu que se deve a fatores exógenos (preço das casas, rendimentos) e não por restrição dos bancos.

“O acesso é até bastante fácil. As dificuldades que as pessoas sentem são exteriores às condições do crédito, não têm dificuldade no acesso ao crédito naquilo que depende dos bancos. É do interesse dos bancos conceder o maior volume de crédito possível, desde que esse crédito seja seguro”, afirmou.

As dificuldades que as pessoas sentem são exteriores às condições do crédito, não têm dificuldade no acesso ao crédito naquilo que depende dos bancos.

Vítor Bento

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

Quanto à garantia pública que o Estado prestará para jovens acederem ao crédito à habitação, que deverá estar operacional no final do ano, Vítor Bento considerou que a extensão do impacto da medida dependerá de várias variáveis, designadamente da adesão. Sobre a posição do Banco de Portugal sobre esta medida, que tem alertado para cautela, disse compreender as duas perspetivas, a do Governo, que quer apoiar essa população, e a do Banco de Portugal, que quer assegurar a qualidade dos empréstimos e resiliência dos bancos, mas anteviu que serão “reconciliáveis”.

APB rejeita ideia que banca tem lucros excessivos

Vítor Bento rejeitou ainda a ideia de que os bancos têm tido elevados lucros, afirmando que não se pode olhar apenas para o valor absoluto e que “só em 2023 a rendibilidade do setor foi ligeiramente superior” à rendibilidade média das grandes empresas dos setores não financeiros.

“Na questão dos lucros, que é um tema muito falado, as coisas têm que ser vistas em perspetiva. Quem fala dos lucros está a ver os valores absolutos, mas não faz comparação com outros setores nem com o volume de capital que é necessário para gerar esses lucros. O setor da banca é, enquanto setor, o que mais capital tem aplicado na sua atividade, cerca de 40 mil milhões de euros”, referiu.

Questionado sobre se os bancos estão a distribuir lucros acima do que deveriam, Vítor Bento rejeitou essa ideia e recordou os elevados níveis de capital dos bancos portugueses.

Quanto à medida recentemente tomada pelo Banco de Portugal de obrigar os bancos ao reforço de ‘almofadas de capital’ (pela constituição de uma reserva contracíclica em 2026), o presidente da APB disse que do “ponto de vista estritamente financeiro é acomodável”, mas que “quanto mais capital ficar imobilizado nos bancos, mais os bancos precisam de ser mais rentáveis para conseguir atrair capital de investidores”, pelo que defendeu um equilíbrio.

Vítor Bento considerou ainda que a banca é um setor com “excesso de fiscalidade”, afirmando que com isso “os bancos que criam emprego em Portugal têm desvantagem [competitiva] face aos bancos que criam emprego lá fora” ainda que operem em Portugal.

A proposta do Orçamento do Estado para 2025 mantém a contribuição sobre o setor bancário, estimando arrecadar 210 milhões de euros, e o imposto adicional de solidariedade, mais 40,8 milhões de euros. Há duas semanas, o Ministério Público pediu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade deste imposto adicional, depois de três decisões do Tribunal Constitucional nesse sentido.

Para Vítor Bento, as decisões do Tribunal Constitucional sustentam a posição da APB “de que não há sustentação racional e razoável para a manutenção desse adicional que foi criado num momento muito especial, quando vivemos a pandemia”.

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