Apenas 19% das recomendações da Comissão de Acompanhamento do PRR foram implementadas

Comissão de Acompanhamento do PRR tem emitido recomendações, algumas delas mais do que uma vez. Relatório revela que apenas duas em cada dez foram executadas.

A Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (CNA-PRR) tem feito um retrato do estado de execução dos principais investimentos e medidas, acabando diversas vezes por fazer recomendações, algumas das quais repetidamente, que contudo têm sido pouco acolhidas. É o caso da construção de uma agenda “coerente e global de avaliação do impacto do PRR”.

Entre as 21 principais recomendações identificadas pela CNA, apenas 19% foram implementadas, segundo o retrato traçado no último relatório de acompanhamento, divulgado na quarta-feira. Segundo a informação disponibilizada é possível aferir que 38% continuam por efetuar, enquanto 43% continuam em curso.

A definição do modelo de acompanhamento das agendas/alianças mobilizadoras e verdes para a inovação empresarial e das regras de execução e validação de despesa é uma das quatro sugestões com implementação concluída.

Paralelamente, a recomendação para que “fossem reforçados os montantes financeiros disponíveis para vários investimentos, em particular os mais afetados pelos eventos externos” também foi considerada concluída, após a aprovação da proposta de reprogramação, assim como a execução do site da CNA-PRR.

Por fim, a CNA tinha recomendado o aumento do valor de adiantamentos aos beneficiários finais, bem como a possibilidade de pagamento contra fatura. Neste âmbito, a entidade destaca que houve alterações de adiantamento para 23% e em alguns casos para valores superiores e alguns beneficiários intermédios utilizam a possibilidade de pagamento contra fatura.

Entre as nove recomendações que estão em curso encontra-se a operacionalização do mecanismo de reposição do IVA, com a CNA a assinalar que “apesar de ter sido operacionalizado, através de portaria em novembro de 2023, em termos práticos só a partir de maio de 2024 alguns beneficiários iniciaram esse processo”, ou a aceleração dos processos de autorizações. A CNA alerta que “continuam a verificar-se longos atrasos no caso de autorizações das tutelas” e que “no caso das necessidades de alterações legislativas, tal também se verifica com muito atraso”.

CNA alerta que não existe “agenda coerente” de avaliação

Entre as recomendações da CNA, oito continuam por implementar, revela o relatório de acompanhamento. Destas, a entidade liderada por Pedro Dominguinhos identifica a construção de uma agenda “coerente e global de avaliação do impacto do PRR”, que diz continuar por existir.

Paralelamente, aponta que não está efetuado um dashobard de execução do PRR ao nível territorial, que se mantiveram os atrasos de decisão de candidaturas, com prazos muito superiores aos expectáveis, ou que não existe uma maior usabilidade no Portal Mais Transparência.

A CNA tinha também recomendado que as entidades fizessem uma “reflexão”, antes de solicitar documentos de controlo, “evitando a lógica de ‘colecionar’ informação’”, mas a sua implementação continua por fazer, pelo que alerta para o consumo excessivo de tempo das equipas com processos “altamente ineficazes”. Já a publicação pelos beneficiários intermédios das atas de avaliação das candidaturas é outra das recomendações ainda por implementar.

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Jogos Olímpicos são ponto alto de comunicação para as marcas. Conheça as campanhas

Os Jogos Olímpicos decorrem em Paris entre 26 de julho e 11 de agosto. Ponto alto na comunicação para as marcas, +M compilou alguns dos spots já lançados.

Os Jogos Olímpicos estão de regresso em 2024, “estacionando” em Paris entre 26 de julho e 11 de agosto para vários dias recheados de provas. O evento, além de ser uma celebração do melhor desporto a nível mundial, é também uma oportunidade para as marcas chegarem aos consumidores, num investimento que parece estar a ser reforçado este ano.

Segundo uma análise da Darwin & Verne, citada pelo Periodico De PublicidAD, os principis patrocinadores globais contribuem com cerca de 30% das suas receitas para o evento, num total de 3,3 mil milhões de dólares (cerca de três mil milhões de euros) distribuídos em “pacotes” de patrocínios que começam nos 200 milhões de dólares.

Este ano, a novidade passa pelo facto de o Comité Olímpico Internacional permitir patrocínios individuais. Ou seja, as marcas podem patrocinar os seus próprios atletas e estes podem agradecer por estes apoios em momentos de visibilidade, como na televisão ou redes sociais.

Entre os patrocinadores do Comité Olímpico Internacional encontram-se marcas como a Airbnb, Deloitte, Alibaba, Allianz, Coca-Cola, Intel, Omega, Panasonic, P&G, Samsung, Toyota, Visa, Carrefour, LVMH, Decathlon ou PwC.

Algumas empresas norte-americanas, como a Nike, Warner Bros. ou Hoka, optaram também por abrir novas lojas e apostar em eventos de marketing de grande dimensão na cidade de Paris antes e durante o evento desportivo, com o objetivo de impulsionar as suas vendas, refere a Reuters.

Também ainda em abril, por exemplo, a NBCUniversal avançava que já tinha vendido 1,2 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) em publicidade para os Jogos Olímpicos de Paris. O investimento em publicidade encontrava-se 18% acima daquele que tinha sido feito nos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 (realizados em 2021, devido à pandemia), segundo Dan Lovinger, presidente de vendas para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos da NBCUniversal, cita a Reuters.

Recorde-se que a NBCUniversal investiu 7,65 mil milhões de dólares (7,03 mil milhões de euros) para renovar o seu acordo de direitos de transmissão até 2032 nos Estados Unidos da América.

Em Portugal a transmissão dos Jogos Olímpicos é assegurada pelos canais televisivos da RTP e Eurosport e através do streaming da RTP Play e da Max (HBO). Nos últimos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, seis milhões de portugueses acompanharam a participação portuguesa, de acordo com Pedro Sequeira Ribeiro, diretor de marketing do Comité Olímpico de Portugal.

Ainda segundo diz Pedro Sequeira Ribeiro ao +M, os investimentos feitos pelas marcas “são um importante contributo no apoio às atividades do Comité Olímpico de Portugal que inclui a participação da Equipa Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris 2024”.

Entre estes parceiros encontram-se os Jogos Santa Casa, Saúde Prime, Hotéis Vila Galé, Bairrada, Shamir, Scoop, BTL, Decathlon, Saborosa, Cosmos Viagens, TAP, Ergomotion, Repsol, Joma, Rangel, Lusíadas, Decenio, RTP, Eurosport, Cision ou outras entidades como a Marinha Portuguesa ou ICNM (Imprensa Nacional-Casa da Moeda).

Veja algumas das campanhas já lançadas:

“It’s Magic When the World Comes Together” – da Ogilvy para a Coca Cola

“Watch Where We’re Going”, da Wieden+Kennedy Amsterdam para a Nike

“A viagem para Paris há muito que começou”, da Bar Ogilvy para a TAP

“Start Your Impossible”, da Saatchi & Saatchi (Los Angeles e Dallas) e Dentsu (Tóquio) para a Toyota

“Let the Games Begin”, da Adam & Eve/DDB e DDB Paris para a Eurostar

“It Takes More Than Ever”, da Ogilvy para a Powerade

“Welcome to the Paralympics!”, da Adam&eveDDB para a Jogos Paralímpicos

Home of the Olympics, da AKQA London para a Warner Bros Discovery

“Make Some Noise for your Home Team”, da M&C Saatchi Sport and Entertainment para a Old El Paso

“Paralymp1an”, da Retroviral para a BIC

“Lendas de Ouro”, da Droga5 São Paulo para a Corona

“Stains Happen to the Best of Us”, da Saatchi and Saatchi para a Tide

“For Every Golden Moment”, da Grey para a Corona

“Prodigies”, da Wieden+Kennedy para a Visa

“Dior Ambassadors and House Friends”, da Publicis para a Dior

“For the Everyday Heroes, it’s Heinz or Nothing!”, da BETC Paris para a Heinz

“Proud to welcome the World to France for the Paris 2024 Olympic and Paralympic Games”, da equipa de marketing da Air France

“Open Always Wins”, da Samsung

“Paris 2024 Olympic and Paralympic Games”, da OMEGA

“Sabrina Carpenter’s Espresso Dream”, da NBC

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Ex-SCUT vão custar mil milhões aos cofres públicos nos próximos dez anos

Ministério das Infraestruturas contabiliza em 1.025 milhões o encargo para o Estado com a operação, manutenção e investimentos nas autoestradas em que deixará de existir portagem.

As autoestradas onde a partir de janeiro deixarão de ser cobradas portagens terão um encargo para o Estado de 1.025 milhões de euros nos próximos dez anos, entre despesas de operação, manutenção e investimentos, estima o Governo. A este valor há que somar ainda uma compensação pela perda de receita na concessão Beira Interior, que é detida por privados, calculada em 142 milhões de euros.

O Presidente da República promulgou, na terça-feira, o projeto de lei apresentado pelo PS e aprovado pelas bancadas da oposição, que acaba com as portagens em sete autoestradas: Transmontana e Túnel do Marão (A4), Pinhal Interior (A13 e A13-1), Algarve (A22), Beira Interior (A23), Interior Norte (A24), Beiras Litoral e Alta (A25) e Minho (troços da A28).

Segundo os números detalhados na resposta do Ministério das Infraestruturas e Habitação a uma pergunta enviada pelo Grupo Parlamentar do PSD, os encargos que o Estado terá que suportar com aquelas vias, sem ter qualquer receita, superam os mil milhões de euros nos próximos dez anos.

Os custos de manutenção e investimento das concessões do Estado, entre 2025 e 2034, somam 608,74 milhões, apenas para a A22, A23, A24, A25 e A28, segundo os últimos modelos financeiros atualizados reportados pelas concessionárias ao Concedente. Há ainda que juntar 252 milhões relativos às subconcessões da Infraestruturas de Portugal, a A4 e a A13.

Custos de operação e manutenção nas ex-SCUT que integram as concessões do Estado.

Àqueles valores é preciso ainda adicionar “os encargos com grandes reparações cujos contratos de concessão ou subconcessão estabelecem que são da responsabilidade do concedente, ou seja a Infraestruturas de Portugal. São 165 milhões – excluindo a Beira Interior e a Tramontana –, o que eleva para 1.025,9 milhões os encargos totais para o Estado durante a próxima década.

Na resposta, assinada pelo chefe de gabinete, Gustavo Madeira, é salientado que a responsabilidade financeira com as grandes reparações “já existe hoje e não se alteraria com a eliminação das taxas de portagem” e poderá mesmo aumentar face ao aumento do tráfego “expectável com a eliminação das taxas de portagem”.

A autoestrada da Beira Interior é um caso à parte, dado estar concessionada a privados (Globalvia) na maior parte da sua extensão, o que significa que teria de existir uma compensação pela perda de receitas até ao fim da concessão. A projeção, que considera um crescimento de 1,6% ao ano, aponta para um total de 142,2 milhões de euros até 2032.

Há ainda outros custos a ter em conta. É assinalado que “ocorrendo a eliminação da cobrança de portagens haverá que proceder à resolução dos contratos de prestação de serviços de cobrança, por se esvaziar o seu objeto, nas concessões do Algarve, do Interior Norte e da Beira Litoral e Alta, sendo de prever que essa resolução irá originar pedidos de indemnização\compensação a suportar pela Infraestruturas de Portugal”.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, defendeu esta quarta-feira no Parlamento que todas as portagens deviam baixar em vez de se eliminar em algumas autoestradas. “O Governo não concorda com a supressão dessas portagens. É injusta. Não olha para o país como um todo. Devíamos tentar baixá-las todas e não circunstancialmente e oportunisticamente uma ou outra”, afirmou na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação.

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Endividamento das famílias está a subir desde janeiro

Dívida das famílias e empresários em nome individual cresce desde janeiro. Maior salto deu-se no passivo junto da banca, mas também subiu junto de empresas não financeiras.

O endividamento dos particulares está a subir desde janeiro, tendo atingido 152,1 mil milhões de euros em maio, o valor mais elevado desde agosto de 2013. Os dados são do Banco de Portugal e revelam que a banca continua a ser a principal fonte de financiamento, mas a dívida junto de empresas não financeiras também registou um ligeiro aumento.

Segundo os dados atualizados na terça-feira pelo regulador, o endividamento da economia portuguesa voltou a aumentar em maio pelo terceiro mês seguido para 808,4 mil milhões de euros. Deste total, 443,4 mil milhões de euros respeitavam ao setor privado (empresas privadas e particulares) e 365,1 mil milhões ao setor público.

Entre os particulares, que inclui famílias, empresários em nome individual e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias, o endividamento foi descendo ligeiramente ao longo do último ano, totalizando 150,6 mil milhões de euros em dezembro de 2023.

Contudo, desde o arranque do ano que tem subido, registando-se um aumento de 1,5 mil milhões de euros entre janeiro e maio, verificando-se também um salto face a maio de 2023. Na comparação anual, subiu 0,9%, um valor superior ao verificado em abril (0,6%). Este endividamento inclui passivos sob a forma de empréstimos, títulos de dívida e créditos comerciais.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A maioria do endividamento dos particulares é feita, sem surpresas, junto de empresas financeiras, seguindo-se o endividamento junto do resto do mundo. Em menor dimensão encontra-se o financiamento das empresas aos particulares, abrangendo quer empréstimos (por exemplo, casos de adiantamentos por conta de lucros ou contrato de mútuo celebrado entre a sociedade e os sócios), quer créditos comerciais.

Entre janeiro e maio, o passivo junto da banca cresceu 1,2 mil milhões de euros, mas o endividamento junto de empresas não financeiras também aumentou, embora num ritmo mais moderado (302,28 milhões de euros).

Já o endividamento de particulares junto de outros particulares subiu 65 milhões de euros e junto do resto do mundo caiu 14,85 milhões de euros, enquanto o financiamento junto das Administrações Públicas manteve-se relativamente estável.

Segundo os dados estatísticos do Banco de Portugal, o endividamento dos particulares com empréstimos subiu 0,84% entre janeiro e maio, aumentando em todas as vertentes. No quinto mês deste ano, ascendia a 147,1 mil milhões de euros, sendo que 103 mil milhões de euros são referentes a crédito à habitação e 49,1 mil milhões de euros referentes a créditos ao consumo e para outros fins.

No caso dos créditos comerciais (abrangem, por exemplo, casos de uma transação comercial que originou um débito por regularizar por não sido feito o pagamento na altura em que ocorreu a transação), endividamento de particulares ascendia a 5.047 milhões de euros no final de maio.

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Administração da Inapa devia ter avisado Estado mais cedo da iminência da falência

A administração, que deveria manter a tutela atualizada sobre alterações no orçamento, previa, no final de 2023, ter condições de tesouraria para manter continuidade das operações por 12 meses.

A Inapa anunciou, no passado domingo, que vai avançar com o pedido de insolvência depois de ter visto negado por parte do Estado o seu pedido para uma injeção de liquidez de emergência no valor de 12 milhões de euros para acudir a uma quebra de liquidez na unidade alemã. No entanto, cabia ao conselho de administração da distribuidora de papel – que garantia, no relatório e contas de 2023, ter liquidez para assegurar a continuidade das operações por um período de 12 meses – informar a tutela, que detém o controlo da empresa através de uma participação de cerca de 45% do capital detida pela Parpública, sobre qualquer alteração nos planos da empresa, ou nos seus orçamentos. Muito antes de chegar a uma situação de insolvência.

O comunicado emitido pela Inapa no dia 21 de julho, onde a empresa informa que não foi capaz de obter financiamento para suprir “uma carência de tesouraria de curto prazo da sua subsidiária” na Alemanha, na ordem dos 12 milhões de euros – o que levou a empresa a pedir a insolvência da operação alemã e, “nos próximos dias” da própria Inapa IPG –, não era esperado pelos investidores. “O desfecho foi surpreendente”, assume fonte próxima de um acionista da empresa, em declarações ao ECO.

Os primeiros sinais que fizeram soar os alarmes nos mercados surgiram no dia 11 de julho, após a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter decidido suspender as ações da empresa. Uma suspensão levantada após a Inapa comunicar que iria adiar o reembolso de uma linha de obrigações convertíveis, emitida precisamente em 2018 para financiar a compra da empresa alemã Papyrus Deutschland, com uma faturação da ordem dos 550 milhões de euros e que, somado à operação que já tinha naquele mercado, prometia elevar a faturação global da distribuidora de papel para 1.400 milhões de euros.

Seis anos depois, a Inapa fechou o último ano com um volume de negócios inferior a mil milhões de euros e prejuízos de oito milhões, com a operação que prometia dar a volta ao negócio da Inapa a ser responsável pelo acelerar do colapso da empresa.

O presidente do Conselho de Administração deve assumir as responsabilidades das relações com a tutela (…) O Estado deve deixar autonomia à gestão da empresa mas deve ser informado se os planos estão em risco muito grande de não ser implementados.

João Moreira Rato

Presidente do IPCG

Sendo o Estado o maior acionista, com uma posição de 44,89%, “o presidente do conselho de administração (CA) deve assumir as responsabilidades das relações com a tutela“, defende João Moreira Rato, presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), acrescentando que “é muito importante que o Estado respeite a autonomia de CA, mas há planos de autonomia e orçamento que têm que ser cumpridos e é preciso ter contratos de gestão”.

O Estado deve deixar autonomia à gestão da empresa mas deve ser informado se os planos estão em risco muito grande de não ser implementados“, isto antes de chegar-se a uma situação limite, reforça Moreira Rato.

Frederico Lupi acumulava o cargo de presidente do conselho de administração e da comissão executiva até esta segunda-feira, dia 22 de julho, data na qual apresentou a sua demissão, juntamente com seis vogais do Conselho de Administração, depois de a empresa ter anunciado a falência durante este fim de semana.

O presidente do IPCG, o instituto que monitoriza e é responsável pelas recomendações de governo societário, defende que “alguma coisa falhou no canal de comunicação” e a “Parpública tem obrigação de defender a posição do Estado enquanto acionista”, participando ativamente nas assembleias-gerais de acionistas e na aprovação de planos de atividade e orçamento, assim como dar sugestões em relação à estratégia da empresa e participar ativamente. Para o mesmo responsável haver um organismo único que coordenasse a ação do Estado, como acionista nas várias empresas, poderia ajudar a evitar estes problemas de comunicação.

Fonte: Relatório e Contas 2023 da Inapa

Segundo avançou ao ECO uma fonte que conhece o dossiê, a administração da Inapa comunicou à Parpública a “situação crítica” na empresa no dia 6 de junho, num email da administradora financeira (CFO), Inês Louro, enviado ao vice-presidente da Parpública, Marco Neves, que foi depois o reenviou, em nota interna, a Realinho de Matos.

Nessa nota, a Inapa precisaria de 15 milhões de euros, mas o objetivo para os justificar era a reestruturação da companhia e também compra de matéria-prima. Mas sem qualquer plano de negócios que justificasse esta operação. Nessa mensagem por email, a gestão da Inapa admitiria uma solução de haircut da dívida bancária. Mas esse email terá ficado na Parpública e só já no dia 11 de julho, quando a CMVM suspendeu as ações da empresa, houve uma troca de informações com a tutela.

No dia 10 de julho, logo pela manhã, a Inapa envia um email à Parpública a rever as necessidades, para 12 milhões de euros, mas já para responder a uma situação de emergência e para assegurar os compromissos devidos pela subsidiária na Alemanha. A solução de reestruturação tinha desaparecido.

Em respostas ao ECO, o Ministério das Finanças confirmou que “a Inapa havia solicitado uma injeção de 12 milhões de euros no imediato, para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, quando estaria já em análise um outro pedido de 15 milhões de euros para reestruturar a empresa.” Por considerar que faltava “estratégia de recuperação” e garantia de “ressarcimento do Estado”, o Governo recusou estes pedidos.

O Conselho de administração concluiu que o Grupo dispõe de recursos adequados para manter as suas atividades. Consequentemente, é convicção de que a continuidade das operações e liquidez do grupo se encontram asseguradas, tendo por base as necessidades de tesouraria estimadas, a esta data, para o prazo de 12 meses.

Relatório de auditoria, no R&C 2023 da Inapa

Estas necessidades de capital estão longe da realidade relatada pela administração da empresa no seu relatório e contas de 2023. “O conselho de administração concluiu que o grupo dispõe de recursos adequados para manter as suas atividades. Consequentemente, é convicção de que a continuidade das operações e liquidez do grupo se encontram asseguradas, tendo por base as necessidades de tesouraria estimadas, a esta data, para o prazo de 12 meses“, pode ler-se no relatório de auditoria publicado no relatório e contas de 2023, auditado pela PwC.

Questionada pelo ECO sobre eventuais falhas no processo de auditoria, fonte oficial da PwC adiantou que, “por questões de confidencialidade e sigilo profissional” não comenta os trabalhos realizados para os clientes.

Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), afirmou que “já era previsível este cenário”, realçando que uma análise às contas e ao goodwill da empresa permitia verificar que a empresa estava falida. “A Inapa vale próximo de zero”, acrescenta. O representante defende que “os acionistas deviam, na opinião da ATM, pedir responsabilidades à gestão e aos auditores”, aconselhando-os a agir judicialmente.

Também João Moreira Rato nota que é preciso verificar “se tem havido prestação de informação transparente e pública em relação à sua situação financeira”, referindo que, “dada a informação que existe, é necessário ver se incorreram em imponderáveis que aceleraram” a falência da empresa, que contabilizava no final de 2023 uma dívida líquida de 206,7 milhões de euros – para um EBITDA de 28,6 milhões de euros no mesmo período – e capitais próprios de apenas 166 milhões de euros. E um passivo corrente superior ao ativo.

Faz sentido o Estado estar na Inapa?

O Estado tornou-se o maior acionista da Inapa após, em 2019, ter comprado a posição de 33% que a CGD detinha na empresa por 15,8 milhões de euros, sendo que a Parpública já detinha à data 8% da empresa. Esta semana, as Finanças referiram que “a Parpública é detentora de 45% da Inapa, mas não é acionista maioritária”, que a Inapa “é uma empresa privada, não tendo uma atividade considerada como estratégica para a economia portuguesa”. Assim, o “Ministério das Finanças confirmou o parecer da Parpública de não avançar com as operações de financiamento solicitadas”.

Para João Moreira Rato, deveria haver uma política de detenção para cada empresa pública, onde se apresenta uma justificação clara para o Estado ser acionista nessa empresa. “Porque faz sentido o Estado ter uma posição nessa empresa? Porque carga de água o Estado está no setor do papel?”, questiona. “Tem que ser claro para todos porque é que o Estado está na empresa”, reforça. Quanto ao facto do Estado ter rejeitado injetar dinheiro dos contribuintes na Inapa, João Moreira Rato reitera que “se nem existe uma política de detenção clara, porque é que há-de [o Estado] mantê-la viva?”

O Estado, seguido dos pequenos investidores, que detêm 37,7% do capital da empresa, são os principais lesados, com a falência da Inapa, que deixa ainda 113,7 milhões de euros de empréstimos bancários. Segundo avançou o Jornal Económico e o Público, BCP, Novobanco e CGD são os bancos mais expostos à dívida da empresa, contudo estes valores estão amplamente provisionados pelas instituições financeiras. Questionados pelo ECO, os três bancos remeteram-se ao silêncio, adiantando que não comentam.

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Sabseg cresceu mais de 15% em Portugal em 2023

  • ECO Seguros
  • 25 Julho 2024

Superou os 42 milhões de euros em receitas, os 380 milhões de prémios sob gestão e abriu cinco novos espaços em 2023. Já este ano concretizou cinco aquisições e cresce acima do mercado.

A Sabseg Portugal fechou o ano de 2023 com uma carteira de prémios sob gestão de mais de 380 milhões de euros, um aumento de 15,14% em relação ao período homólogo. As receitas subiram 15,4%, ultrapassando os 42 milhões de euros.

Miguel Machado, presidente da Sabseg, garante que a empresa “vai continuar a ampliar e a fortalecer as suas operações, quer através de crescimento orgânico quer através de aquisições estratégicas”.

O ano de 2023 ficou também marcado pelo aumento da sua capilaridade, com a abertura de 5 novos escritórios (Rio Maior, Guarda, Vila Franca de Xira e as Flagship Stores de Lisboa e Porto), com um conceito que reflete “uma nova experiência de Cliente” e que a Sabseg afirma ir implementar em todos os seus 41 escritórios.

“O ano de 2023, foi um período onde reafirmámos a nossa posição no mercado e a nossa capacidade de ultrapassar obstáculos com resiliência, sendo este sucesso o reflexo do trabalho árduo, do comprometimento e do talento de toda a nossa equipa”, comentou Miguel Machado, presidente do conselho de administração da Sabseg, acrescentando que “com o foco continuo na inovação e na excelência, a empresa está pronta para enfrentar os desafios e aproveitar todas as oportunidades”.

No que se refere ao 1º semestre de 2024 a Sabseg continua com um elevado crescimento, destacando-se os ramos de Acidente de trabalho com uma variação de +17% (média do mercado de 11,6%), Automóvel com +18% (compara com 11,2% do mercado) e Crédito com +19% enquanto o mercado regrediu de 1,98%.

A corretora adianta que, nos primeiros seis meses deste ano e “com o intuito de manter uma proximidade cada vez maior dos seus clientes e parceiros”, reforçou a estratégia de aumento da cobertura geográfica, com a abertura de 9 novos escritórios, nomeadamente, Melgaço, Fafe, Monção, Valença, Amadora, Torres Vedras, Sintra, Fátima e Borba.

Segundo Miguel Machado, nos próximos meses, a Sabseg “vai continuar a ampliar e a fortalecer as suas operações, quer através de crescimento orgânico, com uma aposta na melhoria da experiência de cliente, quer através de aquisições estratégicas”.

A conjugação destes dois pressupostos (crescimento orgânico e aquisições), segundo o gestor, “fazem parte de uma visão a longo prazo com o objetivo de cumprir o compromisso de oferecer o melhor serviço aos seus Clientes e proporcionar-lhes o acesso às melhores soluções e condições de seguros disponíveis, de acordo com aquelas que são as suas necessidades”

Miguel Machado afirma que “com uma estratégia consistente, a Sabseg manter-se-á preparada para enfrentar os desafios do mercado e prosseguirá, de forma sustentada, o seu forte desenvolvimento nos próximos anos”, concluindo que, no que respeita ao mercado ibérico, “este posicionamento está completamente alinhado com a Sabseg em Espanha, para rapidamente ultrapassarmos os 1.000 Milhões de Euros em prémios sob gestão”, conclui.

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Setor segurador quer “evangelizar” mercado para impulsionar vendas de seguros de crédito e caução

  • ECO Seguros
  • 24 Julho 2024

Setor segurador vê oportunidade para aumentar a penetração de seguros de crédito e caução. O painel no FNS dedicado ao tema explorou formas de alcançar melhores resultados e os principais obstáculos.

Há muito terreno para os seguros de crédito e caução crescerem no mercado português, dada a sua ínfima penetração no mercado. Para os oradores do painel sobre os próximos passos dos seguros de crédito e caução, o setor segurador devia unir-se para “evangelizar” o mercado e aumentar a penetração dos produtos no mercado e ser competitivo perante a concorrência de outros setores que oferecem esses produtos – como a oferta de garantias de capital pela banca que capta a maioria dos clientes que poderiam optar por seguros de caução.

Entre os vários temas abordados neste painel, destacou-se a visão dos participantes acerca do imposto de selo sobre as garantias bancárias e sobre o crédito de caução. Consideram que afeta a livre concorrência entre as seguradoras e entre seguradoras e setor bancário, uma vez que o cliente tende a preferir por manter o produto para não ter que pagar novamente o imposto.

Não obstante, os membros do painel acreditam que há ainda um grande espaço para o crescimento dos seguros de crédito e caução. Até porque há apenas uma penetração de 0,05% de seguro de crédito nas 600 mil empresas em Portugal elegíveis para este produto de 0,05% e os seguros de caução a penetração é ainda menor – 0,02%, revelou André Granado, Administrador Executivo na Allianz Trade.

Este debate reuniu André Granado, Administrador Executivo responsável pelos Departamentos Comercial, de Marketing e de Comunicação Allianz Trade, Lucas Pereira Durand da Silva, Territorial de Portugal da Sammy Free, Luis Malcato, Administrador / Diretor-Geral Portugal da Azuaga (antiga Abarca) e João Silva, Diretor Seguros de Caução e Crédito na Specialty Risks do Grupo Costa Duarte.

Veja aqui o painel na integra:

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Mau acesso ao SNS continua a empurrar utentes para seguros de saúde

Um estudo da ASF e da Nova dá conta que os detentores de seguros de saúde são mais jovens, com maior nível de instrução, recebem melhor e estão mais empregados que a população geral.

Cada vez mais portugueses contratam seguros de saúde empurrados pela dificuldade em aceder aos serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Cerca de 30,3% dos inquiridos num estudo do regulador dos seguros e a Universidade Nova de Lisboa apontam para essa dificuldade como a principal razão para subscreverem esse produto.

Segundo os resultados do inquérito à população do Observatório dos Seguros de Saúde, resultado do Acordo de Cooperação celebrados entre a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e a Nova, os inquiridos residentes em Portugal com seguro de saúde são tendencialmente mais jovens, com níveis de ensino mais elevados e com rendimentos líquidos do agregado familiar superior aos da população em geral.

Nesse sentido, entre os inquiridos com seguros de saúde destaca-se a classe etária dos 35 aos 54 anos que representa 46% dos segurados de saúde (35% da amostra total). No que diz respeito ao nível de escolaridade, 48% completou o ensino superior (licenciatura, mestrado ou doutoramento), a maioria estão empregados (82% entre quem tem seguro, face a 62% na população) e relativamente ao rendimento mensal líquido do agregado familiar o destes inquiridos é mais elevado, 45% declara rendimentos superiores a 2.250 euros, face a 29% na população total.

Importa salientar que 31% dos inquiridos diz beneficiar de algum seguro de saúde, 18% de um subsistema complementar de saúde e 11% de um plano de saúde.

Na maioria dos inquiridos com seguro de saúde a cobertura da sua apólice estende-se ao agregado familiar (52%). Na maioria dos casos (56%) é suportado pelo próprio ou por um membro do agregado familiar, e o valor médio pago é de 81 euros. Em 35% dos casos o prémio é pago pela entidade empregadora do indivíduo (35%) e para 3% o seguro de saúde é suportado pela entidade empregadora de um membro do agregado familiar.

As perceções relativamente aos tempos de espera no acesso aos cuidados de saúde, à oferta e acessibilidade à rede de prestadores privados, assim como à qualidade global dos serviços prestados resultam em níveis de satisfação e de confiança mais elevados nos seguros de saúde (8,1 e 8,0 pontos, respetivamente, numa escala de 1 a 10), quando comparados com o SNS (avaliações médias de 6,3 e 7,0 pontos, respetivamente).

A perceção negativa sobre o setor é notada na diferença entre a avaliação no nível de confiança nos seguros de saúde pelos clientes (8,0 pontos numa escala de 0 a 10) contra a dada por quem não tem seguro (5,9 pontos).

Os seguradoras mais referidas por quem beneficia de seguro de saúde foram a Médis (25%), a Multicare (23%), a AdvanceCare (18%) e a Fidelidade (17%). Cerca de 11% dos inquiridos que beneficiam de um seguro de saúde não souberam identificar o seu segurador.

Importa salientar que a amostra foi constituída por 800 inquiridos residentes em Portugal com idade igual ou superior a 18 anos no final de 2023. Este estudo integra-se no plano de ação estabelecido pelo supervisor que visa melhorar a qualidade da regulação e supervisão do mercado de seguros de saúde, salvaguardando um posicionamento mais informado dos consumidores e os requisitos de transparência que são exigíveis neste tipo de seguro.

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Fundos de Pensões enfrentam crescente risco de liquidez

Segundo a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) principais riscos para o setor são os macroeconómicos, de crédito e de mercado, que se mantêm avaliados em médio-alto.

O setor de Fundos de Pensões mantém um nível de resiliência a choques de liquidez médio-baixo, mas este tem tendência a piorar motivado subida do risco da venda de ativos a curto prazo, segundo dados divulgados na passada sexta-feira pela Autoridade de Supervisão de Seguros de Fundos de Pensões (ASF) relativos a junho deste ano.

Quanto mais elevada for a liquidez de um ativo, mais rapidamente pode ser comprado e vendido do que um ativo ilíquido e é também mais fácil vendê-lo a preço do mercado.

Estes dados estão disponíveis no Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões da ASF relativo a junho de 2024 que “considera a informação das variáveis financeiras relativa a 25 de junho de 2024, conjugada com os dados reportados pelas entidades gestoras de fundos de pensões, com referência a 31 de março de 2024.”.

 

Os principais riscos para o setor são os macroeconómicos, de crédito e de mercado. Os três mantiveram um risco médio-alto desde março deste ano.

Nesse sentido, as melhorias das projeções de crescimento económico para Portugal, a redução a dívida pública e a desaceleração da taxa de inflação para valores alinhados com o objetivo prosseguido pelo Banco Central Europeu (BCE) empurram o risco macroeconómico de alto para médio-alto em março deste ano. Mas a persistência de riscos relacionados com conflitos geopolíticos e incertezas em várias jurisdições, mantêm o risco com o mesmo nível de risco em junho.

Já o risco de uma contraparte não cumprir um contrato ou uma obrigação no prazo estabelecido às empresas do setor (risco de crédito) mantém-se com a mesma avaliação porque no segundo trimestre de 2024 os riscos de emitentes soberanos e de dívida corporate registaram alguma volatilidade, em particular no mercado de obrigações privadas.

Também o risco de mercado, ou seja, potenciais perdas devido a mudanças nas condições de mercado, como flutuações nas taxas de juros e outros fatores económicos, mantém a mesma avaliação pela “persistência do risco de correção material futura dos preços dos ativos, inclusivamente por via de um evento potencialmente sistémico.”.

No sentido oposto, os riscos de rendibilidade e solvabilidade das Sociedades gestoras de Fundos de Pensões (SGFP), Interligações, Específicos de Planos BD (Benefícios Definidos) e Específicos de Planos CD (Contribuições Definidas) mantêm um nível de risco baixo.

Note que rendibilidade mede o desempenho dos investimentos e a solvabilidade avalia a saúde financeira e a capacidade de cumprir obrigações futuras.

A diminuição da exposição ao setor financeiro e o decrescimento de concentração de ativos por grupo económico justificam a sua classificação.

Os riscos que puderam afetar diretamente a gestão e financiamento dos planos de Beneficio Definido e de Contribuição definida mantiveram-se no patamar de baixo risco. “De destacar que a rendibilidade global acumulada dos fundos de pensões foi muito positiva em 2023, mantendo-se, apesar de mais comedida, em terreno positivo no primeiro trimestre de 2024. Em relação aos planos de Benefício Definido, não obstante a ligeira redução dos níveis médios de financiamento no final de 2023, estes rácios mantêm-se globalmente em níveis confortáveis, quando comparado com o histórico recente.”

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Habit e PiscaPisca unem-se para simplificar seguros de mobilidade

  • ECO Seguros
  • 24 Julho 2024

Na primeira fase da parceria o Pisca Seguros disponibilizará Seguro Auto, Seguro Moto e Seguro de Avarias, os dois primeiros cobertos pela Via Direta e o de Avarias pela Cardiff.

A insurtech Habit anunciou uma parceria com o PiscaPisca.pt para desenvolver a plataforma Pisca Seguros, com o objetivo de simplificar o acesso aos produtos de seguros e eliminar burocracias.

Luís Mestre, Designer digital, João Madureira Pinto, Chief Growth Officer, Domingos Bruges, CEO e co-fundador e Jorge Cravidão, Customer Success Director na insurtech Habit com Paulo Figueiredo diretor do Pisca Pisca e Vânia Oliveira Insurance Product Manager do Banco Credibom.

Esta colaboração promete facilitar o acesso dos clientes aos serviços de seguros através do universo Pisca. Nesta parceria, a Habit atuará no front-office do ecossistema, permitindo que o Pisca Seguros tenha acesso quase imediato ao perfil dos clientes e aos riscos associados. Dessa forma, será possível oferecer seguros mais adequados às necessidades específicas dos clientes. “Esperamos, através do trabalho conjunto com a Habit, aumentar a taxa de adesão e a satisfação dos nossos clientes.”, assinalou Paulo Figueiredo, Diretor do PiscaPisca.pt.

Na fase inicial da parceria, o Pisca Seguros disponibilizará Seguro Auto, Seguro Moto e Seguro de Avarias, os dois primeiros cobertos pela Via Direta e o de avarias pela Cardif. A oferta será expandida nos próximos meses com o lançamento de novas soluções.

João Madureira Pinto, Chief Growth Officer da Habit, assinalou que “a ligação da Habit ao PiscaPisca, nomeadamente ao Pisca Seguros, permite-nos fortalecer o nosso compromisso de entrega de soluções de seguros inovadoras e acessíveis, colmatando parte do protection gap existente. Estamos orgulhosos do que já alcançámos e ansiosos por expandir a nossa oferta conjunta.”

O objetivo futuro é estender esta parceria ao Credibom, ampliando a oferta de serviços e produtos para as famílias.

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BE diz que Marcelo está “determinado” na revisão da lei da imigração

  • Lusa
  • 24 Julho 2024

Na audiência ao BE, o Presidente terá transmitido ao partido que "as restrições que foram criadas pelo Governo deveriam ter um caráter temporário" e que a lei "deve ser revisitada a breve trecho".

A coordenadora do BE afirmou esta quarta-feira que sentiu “determinação” por parte do Presidente da República sobre a necessidade de rever a lei da imigração e argumentou que as exceções criadas para atletas mostram “o erro” do Governo.

“Longe de mim falar pelo senhor Presidente da República. O que posso dizer é que sentimos determinação por parte do Presidente da República quanto à necessidade de rever esta lei e sentimos determinação da parte do Presidente da República quanto ao caráter temporário e excecional que deveria ter tido a lei do Governo”, afirmou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas no parlamento, após uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém sobre a lei da imigração e o fim do mecanismo da manifestação de interesse.

Segundo a coordenadora do BE, Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu à delegação do partido que “as restrições que foram criadas pelo Governo deveriam ter um caráter temporário” e que a lei “deve ser revisitada a breve trecho”.

“Sabemos que esta não é a posição do Governo. Aliás, tivemos a oportunidade também de confrontar o Governo, ainda há pouco tempo, numa outra reunião, que nos disse que pretendia manter tudo como está e notamos a opinião do senhor Presidente da República e a posição do Bloco de Esquerda de que possamos rever esta lei, reintroduzir a manifestação de interesse e encontrar formas para regularizar as pessoas em Portugal. A melhor forma de acolher imigrantes é regularizar imigrantes”, defendeu.

Mortágua insistiu que as novas regras do executivo criam vários problemas, entre eles, “um problema de pressão nos serviços, que não terão qualquer resposta para a quantidade de imigração que está em situação irregular e uma resposta aleatória de processo de regularização, ad hoc, criando situações de privilégio e discriminação por mera vontade do Governo”.

Começamos a compreender a dimensão do problema que foi criado quando começamos a ver o Governo a criar exceções à própria regra que criou. Hoje é para futebolistas que vão ter um regime excecional, uma via verde para a sua regularização. Amanhã será para construir o aeroporto, depois de amanhã será para fazer uma outra obra. Quando, na verdade, o que é preciso admitir é que é necessário regularizar estas pessoas em Portugal”, argumentou Mariana Mortágua, numa referência ao facto de o executivo ter viabilizado autorizações de residência mais rápidas para atletas extracomunitários.

Para o BE as recentes alterações à lei são “um erro” e “uma irresponsabilidade”. A dirigente argumentou ainda que a lei “já está a ser revista pelo Governo” ao criar “regimes excecionais, de privilégio“.

“A única forma de contrariarmos esta arbitrariedade que cria discriminações e privilégios e abre a porta para todo o tipo de abusos é ter uma regra. E a regra é que quem vem até Portugal, quem vem a Portugal porque quer fazer a sua vida aqui e porque está a trabalhar, tem de estar regular. E a resposta dos Estados tem de ser regularizar estas pessoas”, defendeu.

Mortágua lembrou que o BE já propôs no parlamento a reintrodução da manifestação de interesse mas que a iniciativa foi chumbada “pela direita e também pelo PS” mas disse esperar que o tema regresse ao parlamento após a pausa dos trabalhos para férias.

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Unicef define situação em Gaza como “além de catastrófica”

  • Lusa
  • 24 Julho 2024

"No temos as condições necessárias na Faixa de Gaza para uma resposta humanitária robusta. O fluxo de ajuda deve ser desimpedido e o acesso deve ser regular e seguro", pede a agência da ONU.

A Unicef alertou esta quarta-feira que a atual situação humanitária na Faixa de Gaza está “para além de catastrófica”, referindo que os ataques israelitas continuam a provocar numerosas vítimas no enclave palestiniano, incluindo mulheres e crianças.

“A cada semana que passa, as famílias enfrentam novos horrores na Faixa de Gaza. Os ataques devastadores a escolas e locais que acolhem deslocados internos continuam alegadamente a matar centenas de palestinianos, muitos deles mulheres e crianças, e a deixar hospitais já sobrecarregados a colapsar sob pressão”, afirma o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), numa declaração assinada pela diretora executiva da agência, Catherine Russell.

No texto, a agência da ONU denuncia que numerosas crianças que têm sobrevivido a ferimentos voltam a ser atingidas, que médicos e enfermeiros estão sem recursos para salvar vidas, que “milhares de rapazes e raparigas doentes, famintos” estão separados das respetivas famílias e que a violência e a privação “estão a deixar cicatrizes permanentes” nos “corpos e mentes vulneráveis” dos menores palestinianos.

A degradação do saneamento básico e do tratamento de esgotos também está a originar novas ameaças no enclave palestiniano, incluindo a propagação do vírus da poliomielite, em particular para milhares de crianças não vacinadas, assinala a Unicef. “À medida que as famílias são repetidamente forçadas a deslocar-se para escapar à violência imediata, a situação humanitária é para além de catastrófica”, prossegue Catherine Russell.

“As agências humanitárias, incluindo a Unicef, estão a fazer tudo o que podem para responder, mas a situação terrível e os ataques contra os trabalhadores humanitários continuam a obstruir os nossos esforços”, reforça. A responsável da Unicef recorda que, na terça-feira, um veículo claramente identificado desta agência da ONU foi atingido por balas quando se preparava para resgatar cinco crianças que deveriam juntar-se a seu pai, após a sua mãe ter sido morta pelas tropas israelitas. Neste caso, não houve feridos e foi possível reunir a família, evitando graves consequências humanitárias.

“Em resumo, não temos as condições necessárias na Faixa de Gaza para uma resposta humanitária robusta. O fluxo de ajuda deve ser desimpedido e o acesso deve ser regular e seguro”, exorta a agência da ONU.

Há quase nove meses, a ajuda tem entrado em Gaza a conta-gotas. Os civis têm sido privados de abastecimentos. O setor comercial foi dizimado. Isto levou a uma crescente competição pelo pouco que está disponível, ao contrabando de bens para a Faixa de Gaza e agora ao roubo cada vez mais organizado de abastecimentos para ajuda. Isto não só impede os nossos esforços para alcançar as famílias vulneráveis, mas também coloca em risco as nossas equipas e os civis que estamos a apoiar”, relata a representante.

E acrescenta: “O desafio é exacerbado pelas condições de operação no terreno. Pelo menos 278 trabalhadores humanitários na Faixa de Gaza já foram mortos – um número recorde – enquanto outros são colocados em perigo ou impedidos de fazer o seu trabalho”. Um ambiente de saúde melhorado no imediato e a segurança para os camiões de entrega de ajuda com a garantia de condições de segurança para os trabalhadores humanitários são algumas das prioridades apontadas pela diretora executiva da Unicef.

Mais criticamente, precisamos de um cessar-fogo imediato e sustentável”, frisa Catherine Russell. “Apelamos a todas as partes deste conflito para respeitarem as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional. Devem proteger os civis e as infraestruturas de que dependem. Isto inclui garantir que os civis recebam os elementos essenciais para sobreviver – alimentos, água, tratamento nutricional, abrigo e cuidados de saúde – através de operações humanitárias seguras e desimpedidas”, reforça.

“Para que as crianças de Gaza tenham um futuro saudável e seguro”, a líder da Unicef defende “já ser tempo” para terminar com o conflito em curso, apelando ainda à libertação dos reféns israelitas detidos no enclave pelo grupo islamita Hamas.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 39 mil mortos, na maioria civis, e perto de 90 mil feridos, bem como um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

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