Santa Casa e Parpública já não vão vender o Hospital da Cruz Vermelha

  • Joana Abrantes Gomes
  • 7 Janeiro 2025

Os dois acionistas da sociedade gestora do Hospital da Cruz Vermelha entregaram ao Governo um "parecer fundamentado de ausência de condições necessárias” para prosseguir com a venda.

Afinal, a venda do Hospital da Cruz Vermelha (HCV) não se vai concretizar. Pelo menos para já. De acordo com um despacho publicado esta terça-feira em Diário da República, o Governo encerrou o processo de alienação conjunta das participações detidas pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a Parpública na CVP – Sociedade de Gestão Hospitalar, que gere o hospital, “sem adjudicação da venda” a nenhum dos três candidatos à compra, designadamente a Sanfil Medicina, a Trofa Saúde e o Hospital Lusíadas.

No despacho, lê-se que a SCML e a Parpública apresentaram às respetivas tutelas — respetivamente, o Ministério do Trabalho e da Segurança Social e o Ministério das Finanças –, em 16 de dezembro último, “um parecer fundamentado de ausência de condições necessárias, em termos de salvaguarda do interesse patrimonial das acionistas, para prosseguir o processo de venda“.

Nesse parecer, “propõem dar por encerrado o referido processo, fazendo uso da faculdade de não-adjudicação da venda a nenhum dos proponentes“, acrescenta o despacho assinado pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Rosário Palma Ramalho, e o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes.

A Santa Casa e a Parpública acordaram a venda das respetivas participações na sociedade gestora do Hospital da Cruz Vermelha (54,79% e 45%) no acordo parassocial celebrado no dia 11 de novembro de 2022, tendo então estimado que o processo de alienação ficasse concluído no início do terceiro trimestre do ano passado.

No final de dezembro, o Jornal Económico (acesso condicionado) revelou que o processo de venda estava na sua fase final de apresentação de ofertas vinculativas, mas que os três candidatos à compra (a Sanfil Medicina, a Trofa Saúde e o Hospital Lusíadas) não estavam dispostos a aceitar as condições impostas pelo Estado, nomeadamente no que toca às adaptações necessárias e aos respetivos custos identificados nos processos de due diligence.

Ainda assim, uma fonte conhecedora do processo dizia ao jornal que “o negócio vai fazer-se, porque o Governo está determinado a que isso aconteça, mas não nas condições que o Estado pretende”.

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