Fábrica da Schaeffler nas Caldas da Rainha escapa a despedimentos do grupo alemão
Multinacional alemã confirma ao ECO que unidade portuguesa de rolamentos “não está entre as localizações afetadas” por reestruturação. Autarquia e sindicato até anteveem reforço de linhas de produção.
A fábrica de rolamentos da Schaeffler nas Caldas da Rainha não será afetada pelo mega plano de reestruturação da gigante industrial alemã, que prevê o corte de um total de 4.700 postos de trabalho e o encerramento ou a redução da capacidade em várias unidades produtivas, disse ao ECO o grupo cotado na bolsa de Frankfurt.
“Não há planos para cortar empregos em Portugal. A nossa unidade de produção portuguesa nas Caldas da Rainha não está entre as localizações europeias, fora da Alemanha, que serão afetadas pelas medidas anunciadas”, assegurou fonte oficial da Schaeffler AG.
A multinacional anunciou a 5 de novembro que o processo de reestruturação iria abranger dez fábricas no país de origem, onde passará a ter menos 2.800 trabalhadores. Mas também outros 1.900 empregos em várias unidades no resto da Europa, que não foram inicialmente divulgadas.
Não há planos para cortar empregos em Portugal. A nossa unidade de produção portuguesa nas Caldas da Rainha não está entre as localizações europeias, fora da Alemanha, que serão afetadas pelas medidas anunciadas.
A notícia gerou preocupação nas Caldas da Rainha, onde trabalham atualmente cerca de 500 pessoas, sendo desta forma um dos maiores empregadores do concelho. No entanto, indicou ao ECO a mesma fonte, a decisão final passa por fechar as fábricas de rolamentos na Áustria (Berndorf) e de sistemas de embraiagem no Reino Unido (Sheffield) e adotar “algumas medidas de reestruturação menos impactantes” na Roménia (Brasov) e na Eslováquia (Kysuce).
Criada em 1960, a antiga fábrica ROL é especializada no fabrico de rolamentos sobretudo para a indústria automóvel, embora trabalhe igualmente para clientes de outros setores, como o dos eletrodomésticos, exportando a quase totalidade da produção. Segundo dados oficiais consultados pelo ECO, em 2023 a faturação da Schaeffler Portugal baixou quase 20% para 54 milhões de euros, tendo nesse ano gerado lucros de 362 mil euros.
Garantia de “mais trabalho” para Portugal
Contactado pelo ECO, Carlos Marques, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE), afeto à CGTP, confirmou que a informação de que “não iria haver despedimentos” foi avançada pelos responsáveis da empresa aos trabalhadores e a esta estrutura sindical durante uma reunião realizada em dezembro.
“Vão fechar várias empresas, mas aqui em Portugal nem há fecho nem há despedimentos. Pelo contrário, algumas coisas estão a ser mudadas para cá. A empresa está a trazer mais trabalho para aqui, [onde] tem mão-de-obra qualificada e mais barata” do que noutras localizações europeias, referiu o dirigente do SITE responsável pela região de Leiria. Nesse encontro, no final de 2024, foi mesmo “mostrado um placard com o custo da hora nos vários países, em que Portugal aparecia em terceiro a contar do fundo”.
Em Portugal nem há fecho nem há despedimentos. Pelo contrário, algumas coisas estão a ser mudadas para cá. A empresa está a trazer mais trabalho para aqui.
Em declarações ao ECO, o presidente da Câmara de Caldas da Rainha, Vítor Marques, que chegou a reunir-se com a administração da unidade portuguesa, congratula-se com a decisão da Schaeffler de não encerrar esta fábrica, que é uma das mais antigas do grupo. “Cremos que não está prevista, para já, a redução da produção e que existe a perspetiva de a unidade das Caldas receber futuramente novas linhas de produção, deslocalizadas de outras fábricas”, detalhou o autarca.
Um exemplo que parece encontrar paralelismo noutros de grandes multinacionais germânicas com atividade em Portugal que têm avançado com grandes planos de despedimentos, mas que, para já, têm poupado as estruturas portuguesas a essa vaga de austeridade. É o caso de grandes empregadores como os grupos Bosch, Volkswagen ou Continental, que estão a despedir milhares de pessoas, sobretudo na Alemanha.
Cremos que não está prevista, para já, a redução da produção e que existe a perspetiva de a unidade das Caldas receber futuramente novas linhas de produção, deslocalizadas de outras fábricas.
Antes da fusão com a fabricante de equipamentos Vitesco, anunciada em outubro e que acrescentou 35 mil trabalhadores à estrutura do grupo, para perto de 120 mil, a Schaeffler detinha 82 fábricas, das quais 45 na Europa – além das 16 na Alemanha e de uma em Portugal, tem produção em Espanha, Áustria, França, Itália, Reino Unido, Chéquia, Eslováquia, Roménia, Bulgária e Hungria.
O Conselho de Administração da Schaeffler AG apresentou este plano como “a resposta ao ambiente de mercado desafiante, ao aumento da concorrência global e à transformação contínua, particularmente na indústria fornecedora automóvel”. Pretende implementar a maioria das “medidas estruturais na Europa para aumentar a competitividade” nos próximos três anos e calcula potenciais poupanças a rondar os 290 milhões de euros anuais a partir de 2029.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Fábrica da Schaeffler nas Caldas da Rainha escapa a despedimentos do grupo alemão
{{ noCommentsLabel }}