As principais medidas do (novo) dia 1 de Trump

Em prol de uma economia mais protecionista e menos verde, o presidente norte-americano retira os EUA do Acordo de Paris e faz nascer o "Serviço de Receita Externa" para cobrar tarifas a estrangeiros.

O 47º presidente dos Estados Unidos da América anunciou esta segunda-feira as prioridades para o seu novo mandato na Casa Branca, que inclui reformas na contratação do Estado, na política tarifária da maior economia do mundo, na ação climática e na ideologia de género.

Donald Trump apresentou um conjunto de medidas em torno de uma economia mais protecionista e menos verde, e, apesar de ter ignorado a Gronelândia ou o TikTok, lançou a intenção de controlar o canal do Panamá.

"A vossa cabeça vai rodar quando virem o que vai acontecer”

Donald Trump

Presidente dos Estados Unidos da América

 

Tarifas para o estrangeiro endurecem

“Taxar e taxar”. É esta uma das principais promessas de Donald Trump para promover o enriquecimento dos cidadãos norte-americanos. Embora não tenha apresentado detalhes sobre as alterações fiscais que pretende fazer, informou que iria “começar imediatamente” a revisão do sistema comercial dos EUA para “proteger os trabalhadores e as famílias norte-americanas”.

Vamos taxar e taxar países estrangeiros para enriquecer os nossos cidadãos”, afirmou apenas, durante o seu discurso de tomada de posse, que durou aproximadamente 30 minutos.

A única certeza que ficou deste endurecimento de taxas é que haverá uma nova agência governamental chamada Serviço de Receita Externa (External Revenue Service, na tradução à letra) para cobrar as tarifas e outras receitas de países estrangeiros.

Donald Trump crê que a decisão trará “enormes quantidades de dinheiro” para o Tesouro dos EUA vindas de fontes além-fronteiras. “Estamos a instituir a External Revenue Service para cobrar todas as tarifas, direitos e receitas”, informou.

Fronteiras e energia: emergências nacionais

Na vertente da energia, declarou emergência energética nacional e revogou o Green New Deal (Novo Acordo Verde) para deixar de parte – sem surpresas – o dossier do investimento na neutralidade carbónica e os incentivos à mobilidade elétrica. Aliás, mostrou publicamente interesse que os Estados Unidos se tornassem uma nação de produtora de gás e petróleo e prometeu exportar estas matérias-primas. “Seremos ricos novamente”, disse.

Foi mais além e retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris para “pôr fim às políticas de extremismo climático de Biden”, de acordo com o sumário de prioridades estratégicas publicado pela Casa Branca. “As políticas energéticas do presidente Trump acabarão com a concessão de enormes parques eólicos que degradam as nossas paisagens naturais e não servem os consumidores de energia americanos”, lê-se ainda.

Segundo Donald Trump, o “aumento dos preços da energia” foi um dos principais motivos para a crise da inflação “recorde”, uma problemática que pretende combater com os “vastos poderes à sua disposição” para baixar o custo dos produtos. Em dezembro de 2024, a inflação já havia descido para 2,9%.

No que diz respeito à proteção fronteiriça, o objetivo principal é combater a imigração ilegal. Portanto, declarou também emergência nacional e referiu que iria enviar tropas de patrulha para a zona que, já no anterior mandato, mais o preocupava: a fronteira com o México no sul do país. “Todas as entradas ilegais vão ser bloqueadas e daremos ordem de reenviar os milhões que entrem de forma ilegal”, afirmou Donald Trump.

Canal do Panamá de volta para os EUA?

O controlo da Gronelândia era um dos temas mais esperados para o discurso inaugural, mas foi na América Latina que soaram os alarmes. Donald Trump confirmou o interesse em retomar o controlo do canal do Panamá e, horas depois, o presidente José Raúl Mulino respondeu com repúdio às palavras do homólogo dos Estados Unidos.

Os EUA cederam o controlo total do canal ao Panamá em 1999, uma data marcante para o país latino e que José Raúl Mulino descreveu como “o resultado de lutas geracionais” e, portanto, “nenhuma nação” iria interferir com a conquista do século passado, que estabeleceu uma gestão neutra do canal por onde passam navios de mercadorias para o resto do mundo. E acrescentou que o Panamá está legalmente protegido com os termos jurídicos do tratado que foi assinado.

Género feminino e masculino

A nova administração pretende “trazer de volta os valores americanos” e estabelecerá o homem e a mulher como a única “realidade biológica” que, segundo acreditam, protegerá as mulheres da ideologia “radical” de género. Logo, os únicos géneros reconhecidos serão o masculino e o feminino.

Imigração e pena de morte

Além de voltar a levantar o muro do México, que prometeu construir rapidamente, os Estados Unidos vão colocar um ponto final no mecanismo CBP One, uma app que durante a governação de Joe Biden permitiu dar entrada legal a quase um milhão de imigrantes. A decisão tem efeitos imediatos, a partir de 20 de janeiro de 2025.

“O Presidente Trump tomará medidas ousadas para garantir a segurança da nossa fronteira e proteger as comunidades americanas. Isto inclui acabar com as políticas de captura e libertação de Biden, restabelecer a permanência no México, construir o muro, acabar com o asilo para quem atravessa ilegalmente a fronteira, reprimir os santuários criminais e melhorar a verificação e o rastreio de estrangeiros”, sintetizou. Essas “medidas ousadas” passam por suspender a reintegração de refugiados.

Para o Departamento de Justiça (DoJ), encarregou a missão de tentar que a pena de morte seja a punição “adequada para crimes hediondos” contra a humanidade, incluindo o assassinato dos agentes da autoridade ou de cidadãos americanos por parte de migrantes irregulares.

Wall Street reage amanhã à chegada de Trump

Nas próximas horas poder-se-á perceber como os mercados financeiros reagem a este regresso do republicano à Casa Branca, uma vez que Wall Street esteve fechado no Dia da Inauguração, depois de uma semana em que as bolsas norte-americanas conquistaram máximos de novembro devido aos dados da inflação, que tranquilizaram os investidores.

 

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