Crédito à habitação continua a aumentar na Zona Euro
As famílias estão a beneficiar de condições mais favoráveis no acesso ao crédito, especialmente na habitação, enquanto as empresas enfrentam restrições crescentes que vão continuar a existir em 2025.
O mercado de crédito na Zona Euro está a dar passos mistos. Enquanto as famílias beneficiam de condições mais favoráveis, especialmente no crédito à habitação, as empresas deparam-se com um ambiente cada vez mais restritivo.
“Os bancos reportaram critérios de concessão de crédito globalmente inalterados para os empréstimos às famílias para aquisição de habitação após três trimestres de flexibilização, e um novo agravamento para o crédito ao consumo“, lê-se num relatório do Banco Central Europeu (BCE) divulgado esta terça-feira, baseado no inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito. Por outro, “os bancos da área do euro reportaram um novo agravamento dos critérios de concessão de crédito para empréstimos ou linhas de crédito a empresas no quarto trimestre de 2024”.
Esta divergência é particularmente relevante no que respeita à procura de crédito. O BCE destaca que “a procura líquida de empréstimos à habitação continuou a aumentar fortemente, enquanto a procura de crédito ao consumo aumentou ligeiramente”. Em contraste, “a procura líquida de empréstimos por parte das empresas continuou a aumentar ligeiramente no quarto trimestre de 2024, mantendo-se globalmente fraca”.
Para o primeiro trimestre de 2025, “os bancos da área do euro esperam um novo agravamento dos critérios de concessão de crédito para empréstimos a empresas”, refere o Banco Central Europeu.
O agravamento dos critérios de concessão de crédito às empresas é uma tendência significativa, considerando especialmente o atual contexto económico. O BCE explica que o endurecimento na concessão de crédito às empresas foi “impulsionado principalmente por uma maior perceção dos riscos relacionados com as perspetivas económicas e por uma menor tolerância ao risco por parte dos bancos”. Esta cautela por parte das instituições financeiras pode ter implicações significativas para o investimento empresarial e, consequentemente, para o crescimento económico da Zona Euro.
É importante notar que este agravamento não foi uniforme em todos os países da Zona Euro. O BCE refere que “deveu-se principalmente aos bancos na Alemanha e em França num ambiente de maior incerteza política, enquanto os critérios de concessão de crédito flexibilizaram em Itália”.
Crédito para a compra de casa continua a crescer
Ao nível do crédito à habitação, a situação é mais positiva. O BCE reporta que “os bancos indicaram que as perspetivas do mercado da habitação tiveram um impacto positivo, embora menor do que no trimestre anterior”. Esta melhoria nas condições de crédito à habitação pode ser um sinal de confiança renovada no mercado imobiliário, após um período de incerteza.
O relatório também destaca que “as taxas de juro mais baixas tiveram um impacto substancial de flexibilização, enquanto as margens sobre os empréstimos médios permaneceram globalmente inalteradas e as margens sobre os empréstimos de maior risco aumentaram ligeiramente”. Esta redução nas taxas de juro pode explicar, em parte, o aumento da procura de crédito à habitação.
No entanto, é importante notar que, apesar desta flexibilização, os bancos continuam cautelosos. O BCE refere que “uma maior perceção dos riscos e uma menor tolerância ao risco por parte dos bancos foram os fatores-chave para os bancos que reportaram um impacto de agravamento da qualidade do crédito nas condições de concessão de crédito”.
O relatório do BCE aponta para que “a concorrência de outros bancos foi o principal fator de flexibilização dos critérios de concessão de crédito para empréstimos à habitação, enquanto a tolerância ao risco dos bancos e as perceções de risco tiveram um impacto de agravamento”.
O BCE destaca também que os bancos antecipam que esta tendência pode continuar. Para o primeiro trimestre de 2025, “os bancos da área do euro esperam um novo agravamento dos critérios de concessão de crédito para empréstimos a empresas”. Isto pode indicar que as empresas continuarão a enfrentar desafios no acesso ao crédito nos próximos meses.
Em contraste, as perspetivas para o crédito à habitação são mais otimistas. Os bancos “esperam um novo aumento da procura de empréstimos à habitação e de crédito ao consumo”. Esta expectativa de aumento contínuo na procura de crédito à habitação pode ser um sinal positivo para o mercado imobiliário da Zona Euro.
O relatório do BCE aponta para que “a concorrência de outros bancos foi o principal fator de flexibilização dos critérios de concessão de crédito para empréstimos à habitação, enquanto a tolerância ao risco dos bancos e as perceções de risco tiveram um impacto de agravamento”. Isto sugere que, apesar da cautela geral, a concorrência entre os bancos está a ajudar a manter condições favoráveis para os mutuários no mercado de crédito à habitação.
Ao nível do crédito ao consumo, o BCE nota que “os bancos reportaram um novo agravamento líquido da parcela de pedidos de empréstimo rejeitados para crédito ao consumo”. Isto indica que, embora a procura esteja a aumentar ligeiramente, os bancos estão a ser mais seletivos na aprovação destes empréstimos.
É importante contextualizar estas tendências no ambiente económico mais amplo da Zona Euro. O BCE menciona que “o aumento global moderado reflete a situação económica ainda fraca, especialmente em alguns setores da economia com utilização intensiva de investimento”. Esta observação sublinha a interligação entre as condições de crédito e o desempenho económico geral.
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