S&P sobe rating de Portugal para A, com perspetiva positiva

  • ECO
  • 28 Fevereiro 2025

Um ano depois, a agência norte-americana volta a subir a notação da dívida soberana. "Eleições antecipadas parecem improváveis em 2025", acredita a S&P.

A agência Standard & Poor’s decidiu esta sexta-feira subir o rating de Portugal de A- para A, com perspetiva positiva. Quase um ano depois de aumentar a notação da dívida soberana para o patamar A, a S&P admite uma nova subida “nos próximos 24 meses”.

A decisão é justificada, em nota de imprensa, com os “pequenos excedentes orçamentais” que Portugal deve atingir entre 2025 e 2028 e, assim, baixar a dívida “mais rapidamente que a maioria dos outros países europeus”. A agência estima que o excedente tenha sido de 0,5% do PIB em 2024 e prevê 0,2% até 2026-7. Já a dívida deve descer para 84% do PIB até 2028, em comparação com os 96% em 2024.

Num ambiente geopolítico incerto, a S&P acredita também na redução dos riscos para a posição externa do país. Mesmo com as tarifas que administração Trump ameaça aprovar, a qualquer momento, “Portugal deverá registar excedentes moderados na balança corrente”, nota a agência.

Num cenário de guerra comercial, o principal risco para a economia portuguesa seria “secundário, através dos laços com as economias mais afetadas, como a Alemanha”. A pressão para o aumento da despesa militar, por outro lado, não deixa reservas na S&P, que afirma estar “tranquila” com o histórico político de Portugal em manter uma “trajetória descendente da dívida pública e desalavancagem externa”.

A S&P prevê também um crescimento real do PIB de cerca de 2% entre 2025 e 2028, superior à estimativa de 1,2% para a zona euro, graças a uma execução mais acelerada do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ainda assim, salienta a nota, “a absorção total até 2026” dos fundos do PRR é “improvável e a margem para uma extensão é limitada” dadas as novas prioridades da União Europeia em matéria defesa e comércio.

Na frente política, a agência considera “improvável” a convocação de eleições antecipadas antes de julho de 2025, o último mês em que Marcelo Rebelo Sousa pode dissolver o Parlamento, devido à proximidade das presidenciais de 2026. “A implementação de políticas-chave será provavelmente tranquila, pelo menos até 2026”, indica a S&P.

Já o mercado do trabalho continua “robusto”, com a taxa de desemprego a dever-se manter “baixa”, numa média de 6,3% entre 2025 e 2028.

Para este ano, a S&P projeta ainda uma rentabilidade sólida para os bancos portugueses, ainda que “inferior a 2023-2024”.

Em agosto do ano passado, a S&P tinha mantido a notação da dívida soberana em A-, com perspetiva positiva. Mas em março de 2024, a S&P subiu a classificação de Portugal de BBB+ para A- e marcou o regresso do país, treze anos depois, ao patamar ‘A’ em todas principais agências.

A agência canadiana DBRS foi a primeira do ano a avaliar Portugal, ao subir o rating do país para A (elevado), com perspetiva estável, a 17 de janeiro. A Fitch tem previsto decidir a 14 de março e a Moody’s a 16 de maio.

 

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