“Um mal necessário”. Montenegro anuncia moção de confiança

"Não ficando claro que o Parlamento dá todas as condições para executar o seu programa, avançaremos para a aprovação de um voto de confiança, será um mal necessário", anunciou o primeiro-ministro.

O Governo vai apresentar uma moção de confiança, afirmou o primeiro-ministro esta quarta-feira, explicando que esse voto será um mal necessário para esclarecer que tem condições para continuar no poder. As declarações de Luís Montenegro decorreram na fase inicial do debate da segunda moção de censura que o Governo enfrenta em menos de duas semanas, desta vez da autoria do PCP, depois de o Chega ter avançado com iniciativa semelhante, que foi rejeitada.

Esta nova tentativa de derrube do Executivo também deverá estar condenada, com o PS a anunciar que se irá abster. Em causa está a polémica em torno da empresa familiar de Montenegro, a Spinumviva, que presta serviços a clientes como o grupo de hotéis e casinos Solverde.

“Não ficando claro que o Parlamento dá todas as condições para executar o seu programa, avançaremos para a aprovação de um voto de confiança, será um mal necessário”, anunciou o primeiro-ministro. “Mais vale dois meses de suspensão política do que um ano e meio de degradação política”, defendeu.

Montenegro considera que “não pode persistir dúvida quanto ao Governo dispor ou não de condições para continuar a executar o seu programa”. E dirigiu-se ao PS: “O país precisa de clarificação política e este é o momento, o contexto internacional assim o impõe, seria inaceitável, porque contrário ao interesse nacional que um partido reiteradamente inviabilizasse moções de censura e depois continuasse a alimentar suspeições para contaminar o ambiente político com o fito de desgastar o Governo e o primeiro-ministro”.

“Não vale a pena disfarçar, não podemos brincar com o país e não podemos brincar com a vida dos portugueses”, vincou.

O primeiro-ministro destacou que o PS pretende “derrubar o Governo”, “mas não quer eleições já” e os avanços e recuos geram “um processo lento, de degradação e desgaste contínuo”.

Luís Montenegro garantiu ainda que o Governo está focado no futuro dos portugueses e enumerou uma série de façanhas do Executivo para justificar a importância de o manter: a dívida externa está abaixo dos 60% do PIB, a definição da nova localização do aeroporto de Lisboa, a construção de 59 mil habitações públicas, a execução do programa Acelerar a Economia, entre outros.

“Conquistámos estabilidade política e consolidámos estabilidade financeira. Estamos a resolver muitos problemas que afligem a vida das pessoas”, assegurou.

“Fuga para a frente”

Uma das primeiras reações ao anúncio de Montenegro foi de André Ventura. “Olhos nos olhos, esta bancada jamais lhe dará qualquer voto de confiança para ser primeiro-ministro”, anunciou o líder do Chega.

André Ventura acusou Luís Montenegro de ter “medo do escrutínio” de optar pela “fuga para a frente”. “Escolheu uma fuga para a frente e esse medo ficou muito evidente. O primeiro-ministro devia ter sido transparente, verdadeiro e não foi, optou por esconder”, criticou. Fez também mira ao PCP, revelando que não encontrou “nenhuma moção de censura do PCP a António Costa”.

“O PCP não quer censurar governo nenhum, quer fazer a mesma muleta ideológica ao PS que tem feito nos últimos anos”, concluiu. “Só merecem desaparecer para sempre deste Parlamento”.

Sem condições para se manter, diz PCP

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) iniciara a sessão defendendo que a moção de censura tem “o objetivo claro de derrubar o Governo e a sua política” e afirmar que o “Governo não tem condições para se manter em funções”. Paulo Raimundo acusou o primeiro-ministro de estar “ao serviço dos poderes económicos”, o que é um “fator de descredibilização” do Governo.

Numa entrevista esta manhã, ao programa “Ponto Central” da Antena 1, Paulo Raimundo manifestou-se convicto na queda do Executivo. “Pode não ser hoje, mas o Governo vai cair”, referiu o líder comunista, poucas horas antes da votação parlamentar da moção de censura por iniciativa do PCP, cujo chumbo está garantido, tendo em conta que o PS irá abster-se.

Durante o debate no Parlamento, Paulo Raimundo disse que quem não votar a favor da moção de censura ficará associado ao apoio ao Executivo. “Ou se condena o seu Governo ou se dá a mão”, atirou.

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