Lucros elevados são um “novo normal” na banca portuguesa

Depois dos lucros recorde de cinco mil milhões de euros no ano passado, a agência Morningstar DBRS considera que a banca portuguesa entrou num “novo normal” de alta rentabilidade.

Os lucros elevados na banca portuguesa vieram para ficar, considera a agência de rating Morningstar DBRS, destacando que, depois dos resultados recorde de cinco mil milhões de euros em 2024, o nível de rentabilidade do setor entrou num “novo normal”.

“Para 2025, não esperamos um novo crescimento de dois dígitos nos resultados. Os benefícios de libertação de provisões em grande montante e do repricing da carteira de empréstimos com taxas de juro elevadas parecem esgotados”, começa por dizer a agência de notação de risco numa nota divulgada esta terça-feira.

“Ainda assim, a alteração do nível de lucros de há alguns anos representa um novo normal”, acrescenta a Morningstar DBRS, explicando que os bancos deverão continuar a beneficiar do aumento da procura de crédito, “fruto do forte desempenho da economia, do reduzido endividamento do setor privado e das taxas de juro estruturalmente mais elevadas”.

Os maiores bancos nacionais tiveram lucros de 5,073 mil milhões de euros no ano passado, o que corresponde a uma subida de 13% em relação a 2023.

A Morningstar DBRS explica que o “forte desempenho” da banca se deveu à ainda elevada margem financeira que, apesar dos recentes cortes nas taxas de juro”, atingiu os 9,74 mil milhões de euros em termos agregados. Por outro lado, os resultados beneficiaram do menor nível de imparidades e provisões: caíram de 2,19 mil milhões de euros em 2023 para 909 milhões no final do ano passado.

Os analistas salientam ainda que, embora os custos operacionais tenham subido 7% devido à inflação e aos investimentos na digitalização e simplificação, “o forte resultado operacional suporta os níveis de eficiência”, que são dos mais competitivos na Europa. “O rácio cost-to-income foi de 37,4% em 2024, situando-se no nível mais baixo em comparação com os pares europeus”, aponta a agência.

Também dão nota positiva à melhoria da qualidade da carteira de crédito, com o rácio de crédito malparado a recuar para 2,1%, “abaixo dos 8,7% em 2019”, e aos rácios de solvência “sólidos” de 20% (rácio total) que oferecem uma almofada face à atual situação de incerteza a nível global.

“Estes rácios de capital amplos são o resultado de anos de lucros saudáveis e de forte geração orgânica de capital. Consideramos que estes rácios de solvência vão ajudar a proteger os bancos contra qualquer desestabilização no ambiente operacional associada a riscos geopolíticos e à crescente tensão comercial”, observa a Morningstar DBRS.

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