DBRS: Queda das taxas de juro vai continuar a suportar preços das casas em 2025
Agência prevê que os preços da habitação em Portugal mantenham a tendência, ainda que cresçam a um ritmo mais baixo. Forte procura, interesse estrangeiro e custos de crédito mais baixos dão impulso.
Os preços da habitação deverão continuar a subir em 2025, ainda que a um menor ritmo, antecipa a DBRS. A agência de notação financeira considera que a dinâmica positiva da economia portuguesa, associada à forte procura — que não é acompanha por nova construção –, o interesse estrangeiro e o ambiente de taxas de juro mais baixas vão continuar a suportar os preços das casas.
“Os preços da habitação em Portugal mantiveram uma tendência de subida durante 2024, apesar das taxas de juro mais elevadas e dos desafios económicos colocados pela inflação”, começa por explicar a DBRS, numa nota dedicada ao mercado residencial português.
“Agora, a descida das taxas de juro deverá continuar a suportar a procura de habitação num contexto de desequilíbrio entre a oferta e a procura e a lentidão de novas construções“, destaca a agência de notação financeira.
O Banco Central Europeu (BCE) iniciou um ciclo de descida de taxas de juro em junho do ano passado, permitindo um alívio dos encargos suportados pelas famílias com os seus créditos à habitação.
Desde o verão do ano passado, a autoridade monetária do euro já cortou taxas em seis ocasiões. A taxa de depósitos — a taxa de referência — foi reduzida em 150 pontos base, dos anteriores 4,5% para os atuais 2,5%, e as taxas de refinanciamento e de cedência de liquidez foram cortadas em 185 pontos. E os movimentos de descida não deverão ficar por aqui, ainda que a entidade liderada por Christine Lagarde já adiante que a política está “menos restritiva”.
“Ao longo de 2025, são esperadas mais descidas de taxas, ainda que não ao mesmo ritmo que ocorreram as subidas”, prevê a DBRS.
Os preços da habitação em Portugal mantiveram uma tendência de subida durante 2024, apesar das taxas de juro mais elevadas e dos desafios económicos colocados pela inflação. Agora, a descida das taxas de juro deverá continuar a suportar a procura de habitação num contexto de desequilíbrio entre a oferta e a procura e a lentidão de novas construções.
A agência descreve um ambiente económico benigno no país, que deverá sustentar a procura por casa, apesar das avaliações mais elevadas. “Com a redução da inflação e a diminuição das taxas de juro, num contexto de níveis de emprego estáveis, espera-se que a atividade económica continue a ser resiliente em Portugal”, escrevem os analistas.
“O mercado de crédito dá sinais de normalidade agora com uma trajetória descendente das taxas de juro“, o que contribuirá para um maior dinamismo do mercado imobiliário residencial, antecipa a DBRS, que, face a estas condições, prevê que a “tendência ascendente sustentada dos preços da habitação deverá continuar em 2025, embora a um ritmo mais lento“.
A agência de rating refere ainda que “a dinâmica de oferta-procura, a falta de novas construções e o aumento do interesse estrangeiro persistirão no curto e médio prazo“, contribuindo para a subida dos preços da habitação em Portugal.
O mercado da habitação em Portugal tem mantido uma trajetória de crescimento ao longo dos últimos anos. Depois de um abrandamento em meados de 2022 e no final de 2023, devido à escalada das taxas de juro e da inflação, o índice de preços da habitação subiu 9,8% no terceiro trimestre de 2024, face ao período homólogo. Em termos mensais, os preços subiram 3,7% face ao trimestre anterior, naquela que é a segunda maior subida entre os países da União Europeia.
“Esta trajetória ascendente consistente é apoiada por um ambiente económico benigno, pela redução da oferta para fazer face à procura atual, pela falta de novas construções e por um aumento do interesse estrangeiro no país desde aproximadamente 2015“, sintetiza a DBRS.
Os analistas referem ainda que as medidas implementadas pelo Governo para resolver os problemas da habitação no país vão demorar a apresentar resultados, os quais apenas deverão surgir a médio prazo.
Em relação à economia, a DBRS não deixa de apontar os riscos internacionais que persistem, nomeadamente ao nível do comércio. “Portugal e a Europa em geral dependem significativamente do comércio, resta saber o grau de perturbação que ocorrerá com os novos EUA administração e sua política tarifária”, remata.
Num comentário à queda do governo na semana passada, a agência de notação financeira explicou que a ausência de um Governo na plenitude de funções “pode levar a alguns atrasos na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e adiar os planos de privatização da TAP”. No entanto, a agência não espera que a crise política gere pressões negativas sobre o rating de Portugal.
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