Fidelidade Re: Administrador Arsuaga explica a nova visão do resseguro no grupo
Juan Arsuaga, administrador do grupo Fidelidade com o pelouro do resseguro, justifica porque alterar de Companhia Portuguesa de Resseguro (CPR) para Fidelidade Re significa mais do que mudar um nome.

A Companhia Portuguesa de Resseguros (CPR), há décadas única portuguesa nesse negócio, vai ter nova vida e ambição – revela Juan Arsuaga, administrador do Grupo Fidelidade. Para começar mudou o nome para Fidelidade Re, mas pretende ganhar peso no resseguro das empresas do grupo a nível nacional e internacional e preparar o caminho para que possa realizar negócios fora do grupo. Entrevistado por ECOseguros, Juan Arsuaga explica as mudanças.
Lê-se no relatório e contas da CPR de 2023 que “o ano de 2024 será mais um marco histórico para a resseguradora com a sua transformação no veículo de resseguro do Grupo Fidelidade”. O que mudou?
Mudou a forma como o Grupo Fidelidade encara o resseguro e o papel da Fidelidade Re no grupo. Um dos pilares estratégicos da Fidelidade passa pela sua internacionalização e a decisão, em 2024, da Fidelidade Re passar a ser cativa do grupo constitui mais um passo importante na consolidação deste pilar, por determinar uma nova visão do resseguro dentro do grupo.
Qual a vantagem de ser cativa?
A transformação traz consigo inúmeras vantagens, mas também alguns desafios. A constituição de uma empresa cativa implica um novo modelo de governo, que se traduz numa maior transparência relativamente à estratégia do resseguro no grupo. Também permite uma otimização na colocação do resseguro e as economias de escala, assim como uma gestão de capital mais eficiente. Ainda no campo das vantagens desta transformação haverá uma maior coesão em termos do resseguro do grupo, economias de escala e otimização na compra. Por outro lado, estamos também a criar uma imagem de grupo junto do mercado ressegurador.
Daí mudar a designação…
A decisão de alterar a denominação da resseguradora para Fidelidade Re vai ao encontro da importância da identificação da resseguradora com o Grupo Fidelidade e do reconhecimento da sua solidez financeira.
A CPR tinha vindo a diversificar o seu risco, aceitando diversos tratados vigentes em diferentes geografias onde a Fidelidade está presente, nomeadamente Portugal, Espanha, França, Moçambique, Angola e Cabo Verde. Será sempre interna ou também para o exterior ao grupo?
A Fidelidade Re está apenas a aceitar resseguro dentro do grupo.
Qual o peso atual do resseguro cedido no grupo Fidelidade?
O resseguro terá um peso entre 10% e 15% no grupo Fidelidade, mas se analisarmos apenas o negócio Não Vida este peso sobe substancialmente.
E qual o peso da Fidelidade Re no conjunto dos contratos com resseguradoras no grupo Fidelidade?
Atualmente o peso da Fidelidade Re no resseguro do Grupo ainda é pouco significativo (em termos médios, não mais de 5%), mas esta situação irá alterar-se progressivamente. Existe um Business Plan a 5 anos que prevê um crescimento substancial do envolvimento da Fidelidade Re nos diversos tratados do Grupo.
Quais são as resseguradoras com que atualmente mais trabalham?
A Fidelidade trabalha com todo o mercado de resseguro, sendo, naturalmente, os maiores resseguradores mundiais os mais relevantes, por exemplo, a Swiss Re, a Munich Re, a Hannover Re, a Scor, a Mapfre Re, entre outros.
No estrangeiro e em Portugal são apenas as companhias do grupo abrangidas? Pretende-se fazer negócio para outras seguradoras?
Neste momento o negócio está circunscrito às empresas do grupo. No entanto, a médio prazo esta situação poderá ser revista, alargando a atividade a outras entidades externas. Existem muitos exemplos de outros resseguradores, presentes no mercado ressegurador, com projetos semelhantes e que alteraram o seu posicionamento inicial de ser uma cativa para uma resseguradora aberta ao mercado.
Por que não resseguro no Ramo Vida? Está previsto?
A Fidelidade Re não tem licença para realizar negócio Vida, pelo que o âmbito de atuação está restrito ao negócio Não Vida. A possibilidade de alargar a sua atividade ao negócio Vida é algo que está presente, embora não seja uma prioridade.
Quais os principais indicadores de 2024?
Em 2024 a Fidelidade Re obteve o rating de A+ da Fitch, o que demonstra a credibilidade do projeto e a robustez financeira de que beneficia por pertencer ao Grupo Fidelidade. O volume de negócios em 2024 ainda foi muito reduzido, mas a rentabilidade foi satisfatória, na ordem dos 16%.
Em geral, como a Fidelidade encara o resseguro no negócio segurador?
Para a Fidelidade o resseguro desempenha um papel fundamental na mitigação do risco e na criação de condições para o crescimento sustentável do negócio. Esta mitigação torna-se ainda mais relevante perante a crescente probabilidade de fenómenos catastróficos, cuja frequência, como temos assistido, tem vindo a aumentar nomeadamente em Portugal. Em mercados em crescente transformação, a capacidade de as seguradoras estarem a inovar constantemente é essencial e o resseguro é fundamental para aumentar a capacidade das nossas áreas de subscrição. Não menos importante é a estabilidade financeira conseguida pela diversificação e redistribuição dos riscos, reduzindo a volatilidade a que estamos expostos pela eventual sinistralidade.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Fidelidade Re: Administrador Arsuaga explica a nova visão do resseguro no grupo
{{ noCommentsLabel }}