Banco de Portugal prevê que tarifas reduzam PIB em 1,1% em três anos
Banco de Portugal calcula que, no cenário de adverso, o impacto das tarifas pode levar a economia portuguesa a crescer apenas 1,4% este ano, ao invés dos 2,3% previstos no cenário base.
O Banco de Portugal (BdP) estima que o impacto global da guerra de tarifas, e consequente aumento da incerteza, poderá levar a uma redução cumulativa do Produto Interno Bruto (PIB) português de cerca de 1,1% no final de três anos, com os efeitos concentrados nos dois primeiros anos. Neste cenário adverso, a economia portuguesa cresce apenas 1,4% este ano, ao invés dos 2,3% estimados no cenário base.
No “Boletim Económico de março”, o BdP prevê que a implementação das tarifas a partir do segundo trimestre deste ano levará a uma redução do PIB próxima de 0,7% ao fim de três anos e mais concentrada no primeiro ano. No entanto, para além dos efeitos diretos da imposição de tarifas, incorporando o ambiente de maior incerteza, o impacto aumenta.
Esta evolução resulta de “repercussões negativas na confiança dos agentes económicos fruto da imprevisibilidade de futuras políticas comerciais, da sua escala e duração, da possibilidade de medidas retaliatórias e da volatilidade induzida nos custos de produção e nos preços dos bens”, levando a uma “redução do investimento e do consumo privado”.
Assim, o impacto global dos choques considerados “aponta para uma redução cumulativa do PIB em torno de 1,1% no final de três anos, com os efeitos concentrados nos primeiros dois anos”. Neste modo, o maior impacto verifica-se este ano, segundo o qual significa uma redução de 0,9 pontos percentuais face aos 2,3% previstos no cenário base. Ou seja, na prática o crescimento da economia ficaria pelos 1,4%.

Em 2026, o impacto é contudo menor: neste cenário a economia cresce 1,7%, ao invés dos 2,1% previstos no cenário base. Por outro lado, o impacto em 2027 seria positivo, significando mais 0,2 pontos percentuais face aos 1,7% estimados.
O governador Mário Centeno assinala que “as tarifas terão um impacto de contração nas economias quando estamos envolvidos nelas de forma bilateral, com retaliação esse impacto torna-se maior” e que “a clareza do impacto do ponto de vista do crescimento é menos crescimento, do ponto de vista dos preços é mais dúbio”.
O governador explica que se pode assistir a um mercado internacional que se torna mais competitivo, porque os países sujeitos as tarifas tentam exportar bens e serviços para mercados onde essas tarifas não existam na sua relação bilateral.
“O passo daqui para a politica monetária neste momento é ‘apenas’ (…) na dimensão incerteza. Não vejo como possamos sair deste eventual cenário de guerras comerciais com uma economia compatível com preços a subir muito significativamente”, disse.
(Notícia atualizada às 12h22)
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