“Triste” com eleições antecipadas, CEO da Jerónimo Martins pede “por amor de Deus” que políticos se entendam
Na conferência de apresentação de resultados, Pedro Soares dos Santos deu o exemplo alemão, deixando um apelo ao entendimento entre os partidos para evitar uma crise política prolongada no país.
O CEO da Jerónimo Martins pediu esta quinta-feira uma “visão partilhada” entre os partidos políticos portugueses para evitar que o país atravesse uma crise política prolongada.
“Deixa-me triste não termos esta visão partilhada para Portugal em áreas como a saúde, a justiça, o ensino… Não termos uma base de visão partilhada leva-nos a sofremos o que estamos a sofrer, com eleições antecipadas. Só peço: por amor de Deus, não fiquemos de fora desta visão da Europa por não nos conseguirmos entender”, afirmou Pedro Soares dos Santos na conferência de imprensa após a apresentação dos resultados de 2024.
O presidente executivo da dona do Pingo Doce deu o exemplo alemão, que deveria servir de inspiração para o parlamento nacional. “A geopolítica mudou muito desde a Covid-19. Não desapareceu nem vai desaparecer esta instabilidade. A Europa enfrenta um grande desafio porque vai ter de ter uma visão partilhada para o mundo. Um sinal positivo foi na Alemanha, a CDU e os sociais-democratas [SPD] terem-se unido no pós-eleições“, exemplificou.
Quando questionado sobre a disponibilidade para continuar a acumular os dois cargos na administração da Jerónimo Martins, cujos órgãos sociais sofrerão alterações no final do ano, Pedro Soares dos Santos – atual chairman e CEO – referiu que “depende dos acionistas”.
O grupo Jerónimo Martins, que detém a cadeia de supermercados Pingo Doce, teve lucros de 599 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda de 20,8% em relação a 2023. As contas foram impactadas pelo pagamento de prémios e a dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins, de acordo com a Chief Financial Officer (CFO), Ana Luísa Virgínia. Porém, mesmo excluindo esse valor para a nova entidade, os lucros não deixariam de descer.
O conselho de administração da Jerónimo Martins vai propor aos acionistas, na Assembleia Geral que se realiza no próximo dia 24 de abril, a distribuição de um dividendo bruto de 0,59 euros por ação, 16% abaixo do anterior.
“Pagámos mais impostos do que investimos”
Pedro Soares dos Santos voltou a criticar a elevada carga fiscal das geografias onde opera e revelou que, pela primeira vez, o valor pago em impostos foi superior ao capex. “Pagámos mais impostos do que investimos. Crescemos, lucramos e cumprimos totalmente as nossas obrigações”, destacou, em declarações aos jornalistas a partir da sede, em Lisboa.
No total, foram pagos 1.058 milhões de euros em impostos, do quais 144 milhões de euros em Portugal, 883 milhões de euros na Polónia, 28 milhões na Colômbia e dois milhões nos outros países. “Tivemos um ano muito desafiante (…), que reforçou muito a solidez do balanço da Jerónimo Martins. Cumprimos as nossas metas”, assinalou o gestor, acrescentando que a deflação foi positiva, porque “nos anos transatos tinha sido muito violento com a inflação”.
Colômbia é para ficar e maioria investimento ruma à Polónia
Relativamente ao programa de investimento de 1,1 mil milhões de euros, a administração esclareceu que mais de 50% será destinado à Biedronka na Polónia. Segue-se a cadeia de hipermercados nacionais Pingo Doce e a Ara com 14%. “Muito do capex que veem em Portugal é essencialmente para alteração da filosofia do Pingo Doce”, assinalou o CEO da Jerónimo Martins.
Na Colômbia, o grupo está de pedra e qual, afiança o CEO. “Não temos intenção nenhuma de abandonar o negócio na Colômbia. [EDP Renováveis e Jerónimo Martins] são dois mundos completamente diferentes. As razões por que eles abandonaram só eles sabem. Nós continuamos a acreditar no projeto. Há uma coisa muito importante na gestão e em tudo na vida: estabilidade, caminho bem definido e diminuir o risco. Temos tido essa capacidade, portanto esse problema não nos afeta”, defendeu Pedro Soares dos Santos.
País que será um dos motores para chegar aos 50 mil milhões de euros em vendas até 2030. No ano passado, as vendas da Jerónimo Martins cresceram 9,3%, em termos homólogos, para os 33,5 mil milhões de euros. A empresa recusa que as vendas tenham aumentado devido à inflação, mas sim à subida no número de clientes e dos volumes. “Nos nossos principais negócios trabalhámos com deflação”, o que levou a aumentos dos volumes para compensar, de acordo com a CFO, Ana Luísa Virgínia.
A propósito do negócio agroalimentar do grupo, o CEO admitiu que “está muito competitivo” e que a “a tecnologia joga um papel importante”, pelo que a empresa terá de avaliar os próximos passos e perceber qual a dimensão que lhe pretende dar e a sua importância no portefólio da Jerónimo Martins.
Notícia atualizada às 13h20
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