Produção automóvel em Portugal sem “exposição significativa” a tarifas dos EUA
Os mais de 300 mil veículos produzidos em Portugal são exportados sobretudo para a União Europeia. Ainda assim, o porta-voz ACAP alerta para o "efeito dominó" da tarifa de 25% anunciada por Trump.
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) disse esta quinta-feira que o país não está diretamente exposto à tarifa dos EUA sobre automóveis importados, uma vez que as exportações destinam-se sobretudo à União Europeia, Mas alertou para o “efeito dominó” na economia global.
“Nós somos um país com produção automóvel, temos mais de 300 mil veículos produzidos em Portugal e esta produção é para exportação, mas, sobretudo, para a União Europeia, portanto não há aqui uma exposição significativa da nossa produção nacional aos Estados Unidos”, apontou o secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, em declarações à agência Lusa.
O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou, na quarta-feira, a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis importados, calculando gerar com a medida receitas fiscais de 100 mil milhões de dólares (93 mil milhões de euros).
“Isto é mau para a economia global, porque, no fundo, se as empresas vão sofrer com esta decisão das tarifas, acaba por ter um efeito dominó e toda a economia é afetada, todos os seus industriais e o automóvel não escapa a esse impacto”, realçou Helder Pedro.
Para a ACAP, esta medida da administração de Donald Trump é “um contrassenso”, porque os construtores europeus têm fábricas nos EUA há várias décadas e, adicionalmente, a partir de 3 de maio vão ser também aplicadas taxas aos componentes que os construtores americanos vão ter de importar, caso contrário a produção para.
“[Os componentes] ficam mais caros, vão aumentar o [preço do] produto, portanto os consumidores americanos pagam mais e também o produto que é para exportar fica mais caro”, explicou Helder Pedro.
Os fabricantes de automóvel europeus e asiáticos caíram esta quinta-feira na abertura das bolsas, depois do anúncio de tarifas adicionais de 25% sobre carros fabricados fora dos Estados Unidos.
As três maiores fabricantes de automóveis da Ásia, Toyota, Honda e Nissan, perderam 2,04%, 2,47% e 1,67%, respetivamente, no índice da bolsa de Tóquio (Nikkei), que reúne as 225 empresas mais representativas do mercado e encerrou o dia com queda de 227,32 pontos, fixando-se em 37.799,97 pontos.
A Hyundai, maior fabricante de automóveis coreana, perdeu 4,28%, a Kia Motors 3,45% e a Mitsubishi 3,20%.
Na Europa, os fabricantes e fornecedores de automóveis também caíram, com a Porsche a perder 4,30% na bolsa de Frankfurt, a Mercedes a recuar 4,31%, a BMW 4,09%, a Daimler 3,18% e a Continental 2,71%.
Na bolsa de Paris, a Stellantis caiu 6,12%, a Valeo 5,65% e a Forvia 5,42%.
A reação à decisão de Donald Trump foi imediata na Ásia, com o Japão e a Coreia do Sul a responderem com tarifas de 16% e 15%, respetivamente, do total de importações de automóveis dos EUA.
A taxa aplicada até agora era de 2,5%, o que significa que os carros importados serão agora taxados em 27,5% do seu valor.
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