Participada espanhola da Mota desfaz-se de contrato tóxico na Argélia e dispara em bolsa

A Duro Felguera alcançou um acordo para a resolução amigável do projeto Djelfa na Argélia. Empresa vai ceder o contrato à chinesa China Power. Ações disparam 17%.

A Duro Felguera, a participada espanhola da Mota-Engil, deu mais um passo para resolver a difícil situação financeira em que se encontra. Depois de ter ganhado mais três meses para negociar com os seus credores a reestruturação do grupo, a empresa das Astúrias, chegou a acordo com a empresa estatal argelina Sonelgaz para se libertar do contrato para a fábrica de ciclo combinado de Djelfa, a sul de Argel, capital argelina, através da sua transferência para a China Power. Ações disparam 17% em bolsa.

A empresa assinou um memorando “para a rescisão amigável do contrato, que inclui a sua transferência para um grupo de empresas liderado pela China Power Engineering & Consulting Group e a resolução final e amigável de todas as disputas e litígios existentes“, adianta a Duro Felguera em comunicado enviado ao regulador espanhol CNMV.

O comunicado refere ainda que a companhia dispõe agora de um mês para “finalizar os termos finais do acordo entre todas as partes e efetivamente executar a transferência do contrato, resolver as reivindicações mútuas entre Duro Felguera e Sonelgaz e concluir as disputas de arbitragem existentes entre elas”.

A realização deste acordo é uma vitória para a Duro Felguera, que enfrentava um litígio com a empresa estatal argelina, que tinha apresentado junto da Câmara de Comércio e Indústria da Argélia um pedido de arbitragem no qual reclamava o pagamento de 413 milhões de euros à empresa espanhola.

Com a transferência do contrato, que foi adjudicado à Duro Felguera em 2014, poderá garantir-se a finalização da construção da central elétrica e, por outro lado, libertar a empresa do litígio com a Sonelgaz.

Foi precisamente o processo de arbitragem colocado pela empresa argelina que precipitou a Duro Felguera a entrar com um pedido de processo de proteção contra credores no passado dia 11 de dezembro, levando a empresa a reexpressar os seus resultados financeiros desde 2022 e a fazer uma provisão no valor de 100 milhões de euros relacionada com o projeto Djelfa.

A portuguesa Mota-Engil, através da sua participada mexicana, e o grupo mexicano Prodi completaram no final de 2023 a injeção de 90 milhões de euros na Duro Felguera, o primeiro passo para a entrada como novos acionistas da cotada espanhola que, em 2021, recebeu um apoio público temporário no valor de 120 milhões de euros. Depois dos primeiros 30 milhões em outubro, desembolsaram em dezembro a segunda tranche de 60 milhões de euros.

O CFO da construtora portuguesa adiantou ao ECO, no passado mês de novembro, que “o tema da Duro Felguera” nasceu “como um braço capaz para o desenvolvimento de grandes investimentos que vai haver na reindustrialização, mas é importante perceber que a Mota-Engil esteve envolvida como parceiro industrial, mas posicionou-se sempre com um ticket de capital muito, muito exíguo, abaixo dos 13%, nos 12,5%”, esclareceu José Carlos Nogueira.

As ações da Duro Felguera já chegaram a disparar cerca de 17%, mas aliviaram entretanto parte dos ganhos e seguem agora a subir 11,2% para 29,75 cêntimos.

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