Banco de Fomento reduz resultado líquido em 4,2 milhões em 2024

Atrasos no lançamento das linhas InvestEU e menores níveis de concessão de crédito 'on lending' explicam redução. Margem financeira foi de 17 milhões, em linha com o orçamentado.

O Banco de Fomento teve um resultado líquido de 18,3 milhões de euros em 2024, menos 4,2 milhões face ao ano anterior. Os atrasos no lançamento das linhas InvestEU e menores níveis de concessão de crédito on lending explicam esta quebra, revelou Bruno Rodrigues, Chief Financial Officer (CFO) da instituição, numa conferência de imprensa para assinalar os 100 dias de mandato.

A redução dos lucros em 2024, ano cuja gestão é da responsabilidade da administração anterior de Ana Carvalho e Celeste Hagatong, deve-se “a evoluções desfavoráveis no BPF em cerca de 4,2 milhões de euros e na Portugal Ventures (PV) em 3,6 milhões”, detalhou Bruno Rodrigues. “Na PV, a variação é essencialmente explicada pela excelente performance que tinha sido obtida em 2023 na avaliação das carteiras de ativos de capital de risco em cerca de 5,9 milhões e que, em 2024, essa avaliação resultou apenas num aumento de 550 mil euros, daí a variação desfavorável, ainda assim positiva”, explicou.

Em termos de resultados consolidados, a penalização foi maior. Os 20,2 milhões de euros de lucro registados em 2024 representam uma redução em 7,6 milhões face ao ano anterior.

O presidente executivo do BPF sublinhou que a instituição não tem como objetivo gerar lucro para o acionista Estado: “Não queremos ser banco multimilionário nos resultados, mas sim um banco de impacto na economia”, disse Regalado. “Não nos medimos por milhões, mas por valor no PIB”, acrescentou. Por isso, uma das decisões da nova administração foi ajustar o modelo de pricing, para o tornar “mais competitivo”.

Apesar da redução dos lucros, o banco acabou por ter um resultado melhor face ao que estava previsto no orçamento em cerca de quatro milhões de euros. Este desvio positivo deve-se à evolução das taxas de juros que permitiram um melhor desempenho nas aplicações de curto prazo, e que “acabaram por compensar a falta de operações on lending que estavam previstas no orçamento que “deviam ter dado um incremento de 222,5 milhões de crédito concedido que acabou por não acontecer”.

Já o lançamento do programa de garantias BPF InvestEU permitiu aumentar as receitas com comissões e assim como o reforço das realizações de capital no fundo de Capitalização e Resiliência e no Fundo de Capitalização de empresas nos Açores. As comissões aumentaram um milhão de euros face a 2023, mas ficaram dez milhões aquém do que estava no orçamento. Uma redução explicada pela decisão de reduzir em 50 pontos base as comissões de gestão do FdCR e pela menor execução face ao esperado do próprio fundo, explicou o CFO.

A “disponibilização tardia das linhas de garantia em 2024” também teve um impacto negativo ao nível das receitas com a prestação de serviços para as sociedades de garantia mútua que “ficou aquém do projetado” e da performance das próprias sociedades de garantia mútua.

Os custos com pessoal aumentaram cinco milhões de euros face ao ano anterior para um total de 18 milhões de euros, sendo que em causa está um aumento de 2,6 milhões para reforçar as equipas de controlo interno e o restante com gastos administrativos (1,8 milhões) para reforço do modelo de governance do banco.

O Banco de Fomento “esperava uma maior exposição a crédito e, portanto, um maior nível de imparidade”, mas acabou por correr tudo melhor do que o esperado e o nível de imparidades desceu em um milhão de euros face ao ano anterior, quando no orçamento estavam previstos quatro milhões. Recorde-se que foram feitas várias auditorias no mandato de Ana Carvalho, que viu as contas de 2023 serem impactadas negativamente pela obrigação de registar provisões para tapar buracos do passado, anteriores mesmo à criação do BPF. O receio de, em exercícios futuros, serem identificados mais problemas levou à cautela de fazer provisões mais significativas no orçamento de 2024.

Cortar custos é a missão de 2025

Gonçalo Regalado deixou na conferência de imprensa a garantia de que os resultados de 2025 “serão melhores” face ao ano anterior, desde logo porque o banco está apostado numa forte redução de custos, ainda que o objetivo último seja “entregar impacto para fazer PIB”. “O nosso acionista é o país, não é um acionista que quer dividendo o que quer é PIB”, explicou.

“Os resultados de 2025 serão de impacto e densidade na economia: garantias emitidas, capital executado, capacidade de deployment de financiamento, comissões cobradas, margens financeiras melhores, mas esse não é o nosso fim último”, sublinhou o CEO. “Os resultados do BPF serão sempre o espelho do que os empresários vão pagar e não podemos, nem devemos, ser um banco caro que afaste pelo preço os empresários. Claro que também não podemos ser um banco deficitário nos resultados“, acrescentou.

Estamos a reduzir estruturalmente custos, particularmente externos, fazendo com a prata da casa e garantindo que temos uma governance mais rigorosa nos custos”, anunciou. “Estamos a ultimar a aprovação do comité de custo e investimentos onde todas as propostas para custos no grupo terão de ser avaliadas por dois administradores e depois ratificadas pela comissão executiva”, explicou.

“Encontrámos muitas parcerias e outscourcing que hoje é feito internamente”, criticou Gonçalo Regalado. “Encontrámos muitas empresas de consultoria, muitos escritórios de advogados, auditores, revisores e opinadores que hoje é feito com braço da casa. A regra da casa é fazer com quem sabe fazer. Hoje há um grande espírito de solidariedade nas oito empresas do grupo, fazemos equipas mistas para todas as dimensões”, garantiu.

O responsável deu o exemplo da task force criada para tratar da reconversão de parte das linhas Covid em subvenção como um bom exemplo do trabalho interno que está agora a ser desenvolvido. “Tínhamos uma decisão executiva de contratar mais uma consultora para fazer isto. Tomámos a decisão de o fazer com braço da cada”, rematou.

“Contratámos zero pessoas desde que a administração entrou em funções”, revelou. Mas o CEO não exclui a possibilidade de recrutar pessoas para as áreas novas. “Não invalida que para áreas novas não tenhamos de contratar e recrutar pessoas e lideranças específicas, como a da tecnologia, digital e operações. Mas também para áreas de negócio novas como os seguros de crédito e da dimensão de internacionalização, para a banca de investimento e os projetos estratégicos em Portugal”, detalhou.

(Notícia atualizada com mais informação)

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