Centeno avisa partidos: “é o momento de não ter ilusões” nas contas públicas
Governador do Banco de Portugal assume provável cenário de novo corte nas projeções económicas e lembra que a estabilidade financeira é um capital que Portugal adquiriu e "não pode ser desbaratado".
O governador do Banco de Portugal evita avaliar os programas eleitorais da AD e do PS, mas deixa o aviso de que “é o momento de não ter muitas ilusões” sobre a sustentabilidade das contas públicas. Mário Centeno lembra que, ao olhar para propostas e medidas políticas, deve-se “ter sempre presente a ideia da estabilidade financeira” e lembra que a instituição “vem dizendo há décadas que as políticas devem ser contracíclicas e não pró-cíclicas”.
Perto de serem conhecidas novas previsões do supervisor financeiro, o governador assume que é mais provável um cenário de novo corte nas projeções económicas. “Nós antevemos uma desaceleração da economia nos próximos trimestres, que se prolongará durante 2026. Fazer algo para que isto não seja assim obriga a que os decisores de políticas, não apenas de política monetária, mas também de política orçamental, possam ser mais previsíveis”, afirma.
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"Antevemos uma desaceleração da economia nos próximos trimestres, que se prolongará durante 2026.”
Em entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Mário Centeno disse que a estabilidade financeira é um capital que Portugal adquiriu e que “não pode ser desbaratado” quando se apresentam propostas e medidas para o futuro.
“Não há nenhuma medida em si mesma que seja má, nem espetacular. Elas só funcionam no seu conjunto se, no fim do dia, respeitarem um equilíbrio que o Banco de Portugal desde há muitas décadas sempre sublinhou”, referiu, quando questionado sobre os programas eleitorais dos partidos para as legislativas de 18 de maio.
Na mesma entrevista, o governador do Banco de Portugal disse que a economia portuguesa vive “um momento bom, mas em desaceleração”.
“Antevemos uma desaceleração da economia nos próximos trimestres que se prolongará em 2026”, disse, sublinhando, no entanto, que “as contas públicas portuguesas estão a beneficiar de uma posição cíclica positiva”, nomeadamente com as contribuições para a Segurança Social, as receitas de impostos e a receita de IRC, “que nunca foi tão grande em Portugal”.
O Banco de Portugal prevê que a economia portuguesa vai crescer 2,3% este ano, projeção mais otimista do que os 2,1% apontados pelo Governo, e que a inflação vai abrandar para 2,3%. Segundo o Boletim Económico de março, divulgado no dia 20 do mês passado, o banco central prevê que a economia portuguesa cresça 2,3% este ano, abrandando para 2,1% e 1,7% em 2026 e 2027.
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