Empresas agrícolas do sudoeste alentejano querem residência coletiva para trabalhadores

  • Lusa
  • 29 Maio 2025

"Há uma intenção” de se tentar "replicar" no Sudoeste alentejano "o exemplo espanhol” da Residência Tariquejo, em Cartaya, na província de Huelva, região da Andaluzia.

A associação que representa empresas hortofrutícolas do sudoeste alentejano quer criar na região de Odemira, no distrito de Beja, uma residência coletiva para trabalhadores imigrantes temporários, inspirada em projetos existentes em Espanha.

O presidente da AHSA – Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores do Sudoeste Alentejano, Luís Mesquita Dias, revelou esta quinta-feira à agência Lusa que “há uma intenção” da entidade “de tentar ajudar a replicar na região o exemplo espanhol” da Residência Tariquejo, em Cartaya, na província de Huelva, região da Andaluzia.

“Foram sondadas algumas empresas locais e julgamos que vamos encontrar parceiros interessados e disponibilidade por parte da autarquia” de Odemira, afiançou Luís Mesquita Dias. O presidente da AHSA falava à Lusa no final do colóquio “Regadio e Alojamento: Fatores Críticos de Sucesso em Odemira”, que a entidade que lidera promoveu no Cineteatro Camacho Costa, naquela vila alentejana.

No âmbito da iniciativa, intervieram, através de videoconferência, dois dos responsáveis da Tariquejo – Residencia Para Trabajadores Temporeros, construída num terreno cedido pelo município de Cartaya e detida por uma cooperativa de 11 empresas agrícolas, que tiveram apoio do Governo. Há uns meses, num debate na Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), em Beja, já tinha sido apresentado este projeto como exemplo de boas práticas.

Mais recentemente, a EDIA promoveu uma visita à residência espanhola, em que participaram representantes de empresas, de municípios e de outras instituições do Alentejo. Luís Mesquita Dias conhece no terreno o projeto espanhol e disse hoje à Lusa que “quando as coisas têm mérito e ajudam a resolver problemas” é preciso “replicá-las no território”.

“Não é preciso fazer uma réplica exata do que os espanhóis fizeram. Temos é que pegar nessas boas ideias e, depois, tentar ter, da parte das autoridades locais, a abertura que tiveram em Espanha e que aqui nem sempre se encontra”, alertou. No caso de Odemira, a AHSA tem vindo a “aproximar posições com o presidente da câmara”, Hélder Guerreiro.

A residência da Tariquejo, fundada em 2010, é um edifício construído em alvenaria, situado num complexo no qual têm sido adicionadas, ao longo do tempo, mais algumas casas e também contentores, constatou a Lusa, numa visita há algum tempo ao local. Os quartos têm duas a três camas, casa de banho, zona de refeição, frigorífico, máquinas de lavar. Os imigrantes podem frequentar cursos de castelhano e outras formações e existem, espalhadas pelo edifício, indicações no seu idioma de origem e em espanhol.

O modelo assenta na contratação de trabalhadores imigrantes na origem, sobretudo mulheres marroquinas ou homens da América do Sul, que ficam em zonas separadas do complexo. A quantidade de trabalhadores é indicada pelas empresas antes de cada campanha agrícola e solicitada às suas organizações representativas e, a seguir, autorizada pelo Governo.

Os contratos são assinados na origem, os voos são pagos aos imigrantes e, no final da campanha, regressam aos seus países de origem, sendo que, a maioria, volta a Espanha no ano seguinte, segundo os responsáveis da cooperativa. A residência tem uma equipa multidisciplinar que acompanha os imigrantes e o transporte de e para as empresas é garantido por cada uma delas. O transporte para a localidade mais próxima, assim como para consultas no serviço de saúde, entre outros, é disponibilizado pela cooperativa.

A intenção de avançar com uma residência coletiva seria mais uma solução para alojar trabalhadores imigrantes na zona do sudoeste alentejano, a juntar aos já existentes arrendamento nos aglomerados urbanos e Instalações de Alojamento Temporário Amovíveis (IATA) nas explorações.

“Neste momento, há IATAS que dão para mais de 2.000 pessoas e há ainda mais mil e tal em construção e legalização”, revelou Luís Mesquita Dias, frisando que é “manifestamente pouco” para as necessidades das empresas e lamentando a “morosidade do processo”.

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