Guerra comercial não trava receitas da Nvidia e ações disparam 6%
A Nvidia continua a desafiar o cerco dos EUA à China com um aumento de 69% das receitas e uma subida de 5% das ações. A guerra tecnológica aquece e a liderança americana parece cada vez mais em jogo.
Num trimestre marcado pelo endurecimento das restrições às exportações de tecnologia para a China, a Nvidia alcançou um crescimento de 69% nas receitas, atingindo 44,1 mil milhões de dólares e superando as estimativas dos analistas de 43,3 mil milhões de dólares.
As ações da empresa liderada por Jensen Huang abriram a subir cerca de 5%, mas já estão a valorizar 6%, num efeito que se está a alastrar também às restantes empresas de semicondutores.
O forte desempenho da Nvidia deve-se, em grande parte, à procura “incrivelmente forte” por produtos que alimentam aplicações de inteligência artificial, segundo o CEO Jensen Huang, apesar do impacto direto das novas regras de exportação aplicadas pelo governo dos EUA.
Jensen Huang criticou publicamente as limitações de exportação, defendendo que proteger os fabricantes chineses apenas os torna mais fortes a longo prazo.
Em abril, a empresa incorreu numa provisão de 5,5 mil milhões de dólares devido ao excesso de inventário e a obrigações de compra do chip H20, cuja exportação para a China passou a exigir licença especial, reduzindo em 2,5 mil milhões de dólares as vendas previstas naquele mercado.
Para o segundo trimestre fiscal, a Nvidia prevê receitas de 45 mil milhões de dólares, um valor que já incorpora uma estimativa de perda de 8 mil milhões de dólares em vendas na China, mas que ainda assim poderá ficar ligeiramente abaixo dos 45,5 mil milhões de dólares apontados pelos analistas. Mesmo assim, o guidance da empresa reflete a confiança da empresa na capacidade de reorientar parte da procura para outros clientes, incluindo contratos recentemente anunciados com “soberanos de inteligência artificial” na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Efeito de Trump transversal no mercado
O impacto das restrições comerciais espelha-se numa perda potencial de 50 mil milhões de dólares em vendas anuais na China, um dos maiores mercados de semicondutores, que a Nvidia classificava antes como “inacreditavelmente subexplorado”.
Jensen Huang criticou publicamente as limitações de exportação, defendendo que proteger os fabricantes chineses apenas os torna mais fortes a longo prazo e apelando a uma revisão das regras que, diz ele, fragilizam a liderança norte-americana em inteligência artificial.
Apesar destes constrangimentos, a margem bruta ajustada da Nvidia manteve-se em 71%, em linha com as expectativas comunicadas em fevereiro e com as estimativas de mercado, mesmo após excluída a contribuição negativa da provisão de abril. Para o atual trimestre, a empresa antecipa uma ligeira melhoria para cerca de 72%, acima das projeções médias dos analistas de 71,7%.
O otimismo dos investidores relativamente à Nvidia reflete-se também no efeito de contágio para as ações de outras empresas de semicondutores, que acumulam também ganhos esta quinta-feira em bolsa, beneficiando de uma perceção generalizada de que o ciclo de compras para inteligência artificial continua em fase de aceleração e não em arrefecimento.
Esta dinâmica chega num momento em que os EUA intensificam medidas protecionistas, com tarifas e limitações de licenciamento, na tentativa de conter o avanço tecnológico da China, mas acabam por reforçar o apetite por fornecedores alternativos fora do mercado chinês.
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