Lucros do grupo RAR caem 4% para 33,2 milhões de euros em 2024

Dono da Colep, Vitacress ou RAR Açúcar, o grupo empresarial do Porto liderado por Nuno Macedo Silva alcançou vendas consolidadas acima de mil milhões de euros e investiu 70 milhões no ano passado.

Num ano marcado pela “consolidação do desempenho num contexto internacional volátil” e pela “concretização de investimentos estratégicos significativos”, o grupo RAR registou lucros de 33,2 milhões de euros em 2024, o que representa uma descida de 4% face ao registado no ano anterior.

“Apesar do cenário incerto, muito relacionado com ruturas ocasionais no fornecimento de matérias-primas e com taxas de juro ainda elevadas”, o volume de negócios consolidado ultrapassou os mil milhões de euros (vs. 987 milhões em 2023), enquanto o EBITDA aproximou-se dos 81 milhões de euros, abaixo dos 85,4 milhões no período homólogo.

Os investimentos das empresas do Grupo RAR superaram os 70 milhões de euros durante o ano passado, tendo sido direcionados para a expansão das atividades e melhorias na Colep Packaging, na Colep Consumer Products, na RAR Açúcar e na RAR Imobiliária.

No relatório e contas de 2024, Nuno Macedo Silva, presidente do conglomerado empresarial sediado no Porto, salienta que “apesar dos desafios económicos e geopolíticos”, o grupo RAR conseguiu “manter o desempenho e avançar com projetos importantes que vão sustentar o crescimento no futuro”.

Para 2025, antecipa uma “conjuntura assinalada pela incerteza geopolítica, nomeadamente com a nova administração nos EUA, mas também com a expectativa de um ambiente favorável para negócios e investimentos, impulsionado pela descida da inflação e das taxas de juro”. “O foco continuará a estar na adaptação estratégica, no reforço da disciplina operacional e financeira e na procura de novas oportunidades de diversificação”, acrescenta o grupo.

Como evoluíram os negócios do grupo RAR?

O maior negócio do grupo RAR é a Colep Consumer Products (CCP), que emprega 1.012 pessoas e em 2024 aumentou as vendas para 335 milhões de euros e atingiu um EBITDA de 38,3 milhões. Uma performance impulsionada pela “gestão atenta de custos e por um mix de produtos mais rentável, resultado da focalização em negócios de maior valor acrescentado e de inovação”.

Depois de ter encerrado as operações no Brasil e na Alemanha, como o ECO noticiou, a fabricante de produtos de cosmética, de cuidado pessoal e para o setor wellbeing diz ter “otimizado a presença industrial na Europa” – tem fábricas em Portugal (Vale de Cambra) e na Polónia (Kleszczów) – enquanto a unidade do México (Santiago de Querétar) “cresceu de forma robusta”.

Já a Colep Packaging Portugal, um dos principais players europeus na indústria de embalagens metálicas e plásticas, atingiu vendas de 149 milhões de euros, com destaque para os segmentos de aerossóis e general line. Com 799 trabalhadores, completou no ano passado a aquisição da totalidade do capital da espanhola ALM (agora Colep Packaging Barcelona) e iniciou as operações da joint-venture no México, onde está a construir uma fábrica de aerossóis metálicos avaliada em 28 milhões de euros, num investimento dividido (50/50) com o argentino Envases Group.

Reportagem na Colep Packaging - 09FEV24
Paulo Sousa, CEO da Colep PackagingRicardo Castelo/ECO

A empresa do grupo com mais trabalhadores (1.318) é a Vitacress Limited, que tocou vendas de 220 milhões de euros e obteve uma “melhoria significativa da rentabilidade”, com um EBITDA de 13 milhões. No relatório e contas, o grupo descreve que o negócio de saladas no Reino Unido teve uma “recuperação muito relevante dos resultados”, o setor de ervas aromáticas frescas no mesmo país reforçou a “posição de liderança” e a joint-venture dos Países Baixos subiu as vendas, mas foi “afetada na rentabilidade” pela pressão sobre os preços no segmento discount na Alemanha e Benelux.

Fundado há 63 anos, o Grupo RAR tem origem no açúcar, um negócio que ainda mantém com 237 colaboradores e “resultados de exploração positivos”, mas que em 2024 viu as vendas tropeçarem para 101 milhões de euros (vs. 129 milhões no ano anterior). A operar num mercado regulamentado e desafiada pela “forte concorrência dos produtores de açúcar de beterraba”, a RAR – Refinarias de Açúcar Reunidas teve um ano “marcado pela volatilidade dos custos das matérias-primas e pela pressão nos preços de venda”.

Por outro lado, a Acembex movimentou perto de 800 mil toneladas de matérias-primas para a indústria agroalimentar em 2024, mantendo a liderança do mercado nacional de importação de cereais e coprodutos com uma quota de 22%. Com vendas de 198 milhões de euros e 14 funcionários, a empresa expandiu a área de atuação para incluir o comércio de cereais biológicos e outras matérias-primas não agroalimentares.

Finalmente, a operar num “cenário de escassez de oferta e de poder aquisitivo limitado, em que os preços de venda se mantiveram elevados”, com 17 colaboradores, a RAR Imobiliária “prosseguiu projetos como o “Boavista 5205” e o “Novo Parque”, iniciou a comercialização do “Montebelo Villas” e avançou com planos para um terreno adquirido em Nevogilde.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Lucros do grupo RAR caem 4% para 33,2 milhões de euros em 2024

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião