Os desafios de Carneiro à frente do PS: Vencer autárquicas, abrir o partido e firmar acordos com o Governo
O ex-ministro lança este sábado a candidatura à liderança socialista. Para além de procurar consensos com o Executivo em áreas de soberania, dará prioridade ao SNS e ao sistema público de pensões.
O único que, para já, se chegou à frente para disputar a liderança do PS, José Luís Carneiro, apresenta a candidatura este sábado com o foco nas próximas autárquicas, que quer vencer, na abertura do partido à sociedade civil, para fortalecer a base de apoio eleitoral, e em possíveis pontes de entendimento com o Governo de Luís Montenegro em áreas de soberania.
Mas não só. Serviço Nacional de Saúde (SNS), sistema público de pensões, escola pública, crescimento sustentável da economia e dos rendimentos e habitação são outras das áreas prioritárias daquele que se perfila como o sucessor de Pedro Nuno Santos aos comandos do partido, pelo menos durante os próximos dois anos. A cerimónia que oficializa a candidatura decorre às 17h30, na sede do partido, no Largo do Rato, em Lisboa.
“Deputados, eurodeputados, autarcas, candidatos às câmaras e juntas de freguesias, dirigentes federativos e de concelhias vão estar presentes, assim como o presidente honorário do PS, Manuel Alegre”, adiantou fonte oficial da candidatura do ex-ministro ao ECO. Carneiro “vai fazer uma campanha que irá abranger todo o país”, sinalizou.
Depois de ter reunido com os fundadores do PS e com a UGT, “vai estar, ao longo das próximas semanas, com militantes de todas as federações, vai reunir e visitar universidades, escolas, IPSS, empresas e representantes do setor empresarial”, refere a mesma fonte. O objetivo é “repensar o PS e a sua relação com o país, lançar uma reflexão, ouvir e dar voz às pessoas”, isto é, abrir o partido à sociedade civil e ampliar a base de apoio eleitoral.
A par deste caminho de união e fortalecimento do partido, José Luís Carneiro estará empenhado em enfrentar aquele que será o primeiro desafio nas urnas: eleições locais, que devem ocorrer em finais de setembro e inícios de outubro. “As próximas semanas vão ser também ao lado dos candidatos autárquicos” e o futuro secretário-geral socialista vai aproveitar o trabalho de casa já feito “pelas estruturas locais e nacionais”.
A grande ambição é ganhar as autárquicas ou pelo menos manter o bom resultado de há cinco anos. Em 2021, o PS ficou à frente com 34,22% dos votos, conquistando 888 mandatos nas câmaras municipais, o PSD, em segundo, com 13,20% dos votos e 437 mandatos, e, em terceiro, a coligação PSD/CDS com 10,81% dos votos e 239 eleitos.
Na moção que vai apresentar este sábado, o antigo ministro da Administração Interna e ex-autarca de Baião vai lançar um repto ao Governo de Luís Montenegro: firmar pactos de regime em cinco áreas de soberania, designadamente na política externa e europeia, defesa, segurança, justiça e organização do Estado, confirmou fonte oficial da candidatura ao ECO, depois de o Expresso ter avançado com a notícia.
De recordar que quando se candidatou à liderança do PS em 2023, perdendo para Pedro Nuno Santos, com 37% dos votos, Carneiro já tinha como bandeira a necessidade de acordos de regime com o PSD. Nesta nova candidatura trilha o mesmo caminho.
Numa altura em que o Governo aposta forte na reforma do Estado, elevando-a à categoria de Ministério autónomo, o candidato a líder do PS quer lançar pontes de entendimento para uma maior descentralização da Administração Central, reforçando a legitimidade direta, ainda que não fale em regionalização.
Se há setores de soberania, que Carneiro conhece bem, até porque já foi secretário de Estado das Comunidades e depois ministro da Administração Interna, e em que há necessidade de consensos democráticos, noutras áreas, o socialista quer ser “oposição firme e responsável” e apresentar uma alternativa.
Neste sentido, “o SNS, o sistema público de pensões, a escola pública, o crescimento sustentável da economia e dos rendimentos, o acesso à habitação e o combate à pobreza e às desigualdades” serão as prioridades de José Luís Carneiro, na oposição.
Sem esquecer “os jovens, a qualificação do emprego e a dignidade do trabalho, a aposta no reforço dos meios das forças e serviços de segurança e proteção civil”, completa fonte oficial da candidatura do socialista.
Pedro Nuno Santos demitiu-se de secretário-geral do PS na sequência da pesada derrota nas eleições legislativas de 18 de maio. Pela primeira vez na história, os socialistas caíram para terceira força política no Parlamento e cederam o lugar de líder da oposição ao Chega. Na Comissão Política de 24 de maio, Pedro Nuno abandonou de imediato a liderança do partido, tendo ficado o presidente Carlos César como secretário-geral interino até às diretas que se vão realizar no Congresso de 27 e 28 de junho.
Para já, apenas José Luís Carneiro avançou com uma candidatura. Mariana Vieira da Silva ainda ponderou entrar na corrida, mas preferiu recuar em nome da união do partido, tendo em conta a proximidade com o novo embate eleitoral no outono, com as autárquicas.
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