Marcelo afasta divergência entre Centeno e Montenegro. “Os dois têm razão”

  • Lusa
  • 16:15

O Presidente da República defende que “a função do governador é prevenir e a função do primeiro-ministro é decidir e fazer melhor”.

O Presidente da República separou esta segunda-feira o plano economicista e preventivo do governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, e as responsabilidades sociais de quem governa “e tem de fazer” aproveitando a folga orçamental.

Esta distinção foi feita por Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas, em Lagos, no distrito de Faro, a meio de uma visita a uma exposição de meios e capacidades militares das Forças Armadas Portuguesas – um programa integrado nas comemorações do Dia de Portugal.

Interrogado sobre os recentes avisos transmitidos pelo governador do BdP em matérias como o ritmo de crescimento da despesa em Portugal e previsão de regresso do país aos défices orçamentais, o chefe de Estado sustentou a tese de que esta instituição age sempre nessa linha “preventiva”.

O Banco de Portugal “é há muito tempo muito crítico, até mesmo com os governos do primeiro-ministro [socialista] António Costa era, por exemplo com as despesas na saúde e outras despesas assim. E dizendo que as despesas sociais estavam atingindo um limite”.

A seguir, o Presidente da República fez questão de acentuar que Mário Centeno e Luís Montenegro têm papéis e responsabilidades diferentes, já que “a função do governador é prevenir e a função do primeiro-ministro é decidir e fazer melhor”. Segundo o Marcelo Rebelo de Sousa, embora se perceba o ponto de vista de Mário Centeno, “desde que haja o cuidado de não atingir o equilíbrio das contas tem de se perceber também a situação da saúde ou da habitação”.

Uma coisa é a visão economicista e financeira, que tem que ser prevenida. Outra coisa é quem governa não pode dizer que não fazemos estes investimentos em termos sociais quando ainda há uma margem, uma folga em termos de contas do Estado”, assinalou o Presidente da República.

Perante os jornalistas, o chefe de Estado recusou haver uma divergência aberta entre Mário Centeno e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, contrapondo ser da opinião que “os dois têm razão”, embora falem de “coisas diferentes”.

O governador do Banco de Portugal tem razão quando diz que aquilo se passa no mundo, não é positivo e cria uma imprevisão. Em tempo de imprevisão, as pessoas não consomem, poupam e não investem, esperam”, assinalou o Presidente da República.

Ainda de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, esta situação de imprevisibilidade na economia mundial refletiu-se no primeiro trimestre, “logo a seguir à entrada em funções” do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“O consumo diminuiu, investiu-se menos, e, como é evidente, as pessoas esperam para saber se há tarifa, se não há tarifa, se é amanhã, daqui a dois, três ou quatro meses. Isto está a afetar todas as economias e afetou Portugal nos primeiros meses do março – e tem estar presente, porque se continuar assim pode afetar o resto do ano”, avisou, ainda quando procurava interpretar o sentido da mais recente intervenção do governador do Banco de Portugal.

No entanto, de acordo com o chefe de Estado, o primeiro-ministro também deve ser compreendido quando defende a tese de que Portugal, perante esta conjuntura, “tem tentado resistir o melhor que é possível”.

“Primeiro porque vínhamos com um bom balanço com o ano passado, quando ainda a administração não era [a de Donald] Trump, era a de [Joe] Biden. Segundo lugar, porque o turismo recuperou rapidamente”, advogou Marcelo Rebelo de Sousa. Ainda segundo a perspetiva do Presidente da República, algumas exportações nacionais “têm aguentado” e a “Alemanha está a subir um bocadinho”.

Em terceiro lugar, temos investimentos, podemos pegar no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e investir mais e melhor, juntando a economia aos fundos. Não ser um ministro a tratar dos fundos e um outro ministro a tratar da economia. Vamos ver se isso acelera”, comentou.

Marcelo Rebelo de Sousa pegou ainda nas previsões do Banco de Portugal sobre o crescimento do país para concluir: “Significa que se fosse assim Portugal aguentava este balanço internacional e ia tentando encontrar uma forma de equilíbrio interno”.

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