“EUA estão preparados para defender Israel caso o Irão responda”, reage Trump
As declarações do líder da Casa Branca surgem em contracorrente com a restante comunidade internacional, cujos dirigentes têm condenado o ataque de Israel e apelado à contenção e ao diálogo.
Os Estados Unidos afirmaram esta sexta-feira que o Irão não pode ter uma bomba nuclear, como justificação para o ataque lançado esta madrugada por Israel contra Teerão, e avisaram que estão preparados para se defender e defender Israel de retaliações.
“O Irão não pode ter a bomba nuclear e nós esperamos voltar à mesa das negociações. Veremos“, declarou o Presidente norte-americano, Donald Trump, após os ataques, citado pela Fox News. Trump sublinhou ainda que “os Estados Unidos estão preparados para se defender e defender Israel caso o Irão responda”.

As declarações do líder da Casa Branca surgem em contracorrente com a restante comunidade internacional que já reagiu e cujos dirigentes têm condenado a ação de Israel e apelado à contenção, ao diálogo e à desescalada da tensão no Médio Oriente.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a Israel e ao Irão para que “demonstrem a máxima contenção”. Num comunicado divulgado por um porta-voz, Guterres condenou “qualquer escalada militar no Médio Oriente” e afirmou estar “particularmente preocupado” com os ataques israelitas.
A Rússia manifestou igualmente “preocupação” com os ataques israelitas contra alvos no Irão e condenou a “escalada” do conflito, segundo o Kremlin.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita condenou “firmemente” os ataques israelitas contra um “país irmão”, considerando tratar-se de agressões “flagrantes” que violam a soberania e a segurança do Irão, e constituem uma violação das normas e do direito internacional.
A Jordânia, que faz fronteira com Israel, anunciou que não permitirá qualquer violação do seu espaço aéreo no contexto do conflito, tendo a autoridade nacional de aviação civil decretado o encerramento do espaço aéreo e a suspensão de todos os voos como medida de precaução.
Por sua vez, o Sultanato de Omã, que tem atuado como mediador entre os Estados Unidos e o Irão nas conversações sobre o programa nuclear iraniano, classificou o ataque israelita como uma “escalada perigosa”, que “ameaça excluir soluções diplomáticas e comprometer a segurança e estabilidade da região“, segundo a agência oficial de notícias do país.
A Índia apelou às duas partes para que “evitem qualquer escalada”, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Randhir Jaiswal, que salientou existirem “canais para o diálogo e a diplomacia, e que devem ser usados”.
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão condenou “veementemente” os ataques israelitas e expressou a sua “solidariedade” com o Irão.
O Irão não pode ter a bomba nuclear e nós esperamos voltar à mesa das negociações. Veremos. Os Estados Unidos estão preparados para se defender e defender Israel caso o Irão responda.
Do Reino Unido surgem declarações do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em comunicado: “O relato dos ataques é preocupante e apelamos a todas as partes para que recuem e reduzam urgentemente as tensões. A escalada não serve ninguém na região”.
Na Venezuela, o Ministério dos Negócios Estrangeiros classificou os ataques como “um crime de guerra”, que se soma ao “longo historial de crimes do regime” de Benjamin Netanyahu.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Takeshi Iwaya, também condenou “firmemente esta última ação, que representa uma escalada”, acrescentando ser “extremamente lamentável que se tenham tomado medidas militares” e exortando “todas as partes envolvidas a demonstrarem a máxima contenção”.
O Iraque condenou igualmente a “agressão” de Israel contra o Irão, considerando que a ofensiva “ameaça a segurança e a paz internacionais”, segundo um comunicado oficial das autoridades do país.
A China, a França, a Turquia e Alemanha já tinham reagido anteriormente aos bombardeamentos israelitas em território iraniano, juntando-se ao coro de críticas internacionais.
O exército de Israel atacou na passada madrugada a capital do Irão, com o Governo israelita a afirmar ter como alvo instalações nucleares e militares.
A imprensa oficial iraniana confirmou a morte tanto dos três dirigentes militares como de pelo menos seis cientistas nucleares. Segundo as agências de notícias oficiais iranianas, pelo menos nove pessoas morreram e uma centena ficaram feridas devido aos ataques, estimando-se que entre estes se encontrem civis.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, divulgou uma mensagem em vídeo, na qual declara: “Ora bem, realizámos os primeiros ataques com sucesso e, com a ajuda de Deus, faremos muito mais”, declarou.
O chefe do Governo israelita adiantou ainda que a operação militar lançada contra o “coração” do programa nuclear iraniano irá durar “o tempo que for necessário”.
O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas anunciou, por sua vez, que “Israel pagará um preço elevado e deve esperar uma resposta firme das forças armadas iranianas”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão afirmou que o país tem o “direito legal e legítimo” de responder aos ataques.
A investida israelita começou por volta das 3h30 locais (1h00 em Lisboa), quando se ouviram fortes explosões na capital iraniana, tendo-se propagado a outras zonas do país. Pouco depois, soaram alarmes antiaéreos em todo o território de Israel, enquanto o Ministério da Defesa israelita anunciava o lançamento de um “ataque preventivo” contra o Irão e que os alarmes se destinavam a mobilizar a população israelita para o caso de um ataque de retaliação.
O exército de Israel anunciou entretanto que o Irão já lançou mais de 100 drones contra território israelita e que “todos os sistemas de defesa estão a funcionar para eliminar as ameaças”.
Von der Leyen fala em “notícias alarmantes”. Costa pede contenção e diplomacia
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou como “notícias profundamente alarmantes” as relativas aos bombardeamentos israelitas a dezenas de alvos militares e nucleares iranianos no Irão e apelou à “máxima contenção” das partes.
“As notícias que nos chegam do Médio Oriente são profundamente alarmantes. A Europa apela a todas as partes para que deem provas da máxima contenção, reduzam imediatamente a escalada e se abstenham de retaliações”, escreveu Ursula von der Leyen, numa publicação na rede social X.
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“Uma resolução diplomática é agora mais urgente do que nunca, a bem da estabilidade da região e da segurança mundial”, adiantou a líder do Executivo comunitário.
A posição surge depois de, minutos antes, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, ter dito que a situação no Médio Oriente é perigosa, após um ataque de Israel ao Irão.
“A situação no Médio Oriente é perigosa”, referiu a alta Representante para a Política Externa da UE, numa mensagem divulgada nas redes sociais e na qual apela “a todas as partes para que deem provas de contenção e evitem uma nova escalada” conflitual.
“A diplomacia continua a ser o melhor caminho a seguir e estou pronta a apoiar todos os esforços diplomáticos no sentido de desanuviar a situação”, acrescentou Kaja Kallas.
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Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, apelou à contenção e à diplomacia após os ataques de Israel ao Irão, situação com a qual está “profundamente preocupado”.
“Estou profundamente preocupado com os últimos acontecimentos no Médio Oriente”, referiu Costa, numa mensagem divulgada nas redes sociais, na qual apelou “à contenção e à diplomacia”.
O ex-primeiro-ministro português apelou ainda para que seja evitada “uma nova e perigosa escalada, que desestabilizaria toda a região” do Médio Oriente.
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