Trump aperta o cerco a Powell com visita inédita à Fed

Com a visita inédita de um Presidente dos EUA à Fed, reacende-se o alerta sobre a autonomia monetária do banco central. Powell sente a pressão, enquanto os mercados aguardam por sinais de turbulência.

A Casa Branca confirmou esta madrugada que o Presidente dos EUA, Donald Trump, visitará esta quinta-feira a Reserva Federal (Fed), em Washington, pelas 21h de Lisboa, numa deslocação sem precedentes nas últimas duas décadas.

O anúncio surge num momento de tensão crescente entre a Administração de Trump e o banco central, após o presidente dos EUA ter-se multiplicado em críticas ao presidente da Fed, Jerome Powell, pela relutância em cortar as taxas de juro, gerando inclusive rumores de que pretende demitir o presidente do banco central.

Nos bastidores, o próprio chefe de Estado tem admitido a possibilidade de demitir Powell, a quem na terça-feira chamou “numbskull” (idiota) e politizado, embora na véspera tenha dito ser “altamente improvável” avançar com a destituição “a menos que haja fraude”.

A ameaça baseia-se também nas derrapagens do projeto de renovação da sede da Fed, orçado em 2,5 mil milhões de dólares, que o Executivo aponta como sinal de má gestão. Vários juristas lembram, porém, que o presidente do banco central só pode ser removido “por justa causa”, protegendo a independência da instituição.

Nos mercados, esta notícia provocou, para já, reações contidas. A yield das obrigações do Tesouro a 10 anos dos EUA está atualmente a subir ligeiramente face à sessão de quarta-feira, encontrando-se a negociar nos 4,3937%, enquanto o dólar está a valorizar 0,16% face a um cabaz de seis moedas (índice do dólar).

Vários especialistas têm referido que qualquer sinal de interferência política na Fed poderá reacender a volatilidade nas bolsas, nomeadamente se Trump insistir em cortes agressivos dos juros de referência, como tem procurado fazer em várias das suas interferências públicas.

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