Ações das empresas de defesa caem com potencial acordo de paz entre Ucrânia e Rússia
Fabricantes de caças, sensores militares e mísseis tombaram até 10% no rescaldo do encontro entre Trump e Zelensky e à espera das garantias de segurança e do encontro dos líderes russo e ucraniano.
As ações das empresas europeias da defesa caíram esta terça-feira na sequência da reunião entre o líder ucraniano e o presidente dos Estados Unidos. A indústria da defesa esteve entre as piores performances em bolsa ao longo do dia, movida pela previsão de que as negociações possam levar à paz e à possível queda do negócio.
Apesar de Donald Trump ter deixado o discurso do pedido de cessar-fogo, admitiu que é possível chegar à paz enquanto as conversas entre as partes estiverem a decorrer. A causar a desvalorização poderá estar ainda o facto de, entre as garantias de segurança que estão a ser negociadas, se encontrar a aquisição de armas aos Estados Unidos pela Ucrânia no valor de 100 mil milhões de dólares (cerca de 86 mil milhões de euros).
A compra deixa de fora a Europa e o índice Stoxx Europe Aerospace and Defense caiu quase 3%. Por exemplo, a fabricante alemã de peças para tanques Renk tombou 8,27% para 56,99 euros no fecho das negociações, e a gigante italiana Leonardo – ex-Leonardo-Finmeccanica, que está ligada à indústria aeroespacial, defesa e segurança – foi mais a fundo e perdeu 10,16% para 44,30 euros no fim da sessão.
A germânica Hensoldt, especializada em sensores militares, resvalou 9,51% para 79,90 euros, enquanto a sueca Saab AB, que faz caças de ataque, caiu 7,02% para 495,4 coroas suecas (aproximadamente 44 euros cada título). O mesmo sentimento pessimista na francesa Thales (-4,11% para 228,80 euros) e na norueguesa dos mísseis Kongsberg (-6,11% para 285,051 coroas norueguesas ou perto de 23 euros).
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Em Wall Street, as principais empresas de defesa negoceiam sem tendência definida. A Lockheed Martin (+0,24% para 441,72 dólares), a General Dynamics (+0,47% para 315,07 dólares) e a Northrop Grumman (+0,33% para 586,76 dólares) estão em alta ligeira, enquanto a Boeing (-2,23% para 227,24 dólares) e a RTX (-0,54% para 154,67 dólares) acompanham as quedas da Europa.
Nas últimas 24 horas, os ataques da Rússia à região ucraniana de Donetsk mataram cinco civis e causaram oito feridos (três pessoas morreram em Kostianivika, uma em Dobropillia e outra em Novodetske), de acordo com a informação divulgada pelas agências noticiosas EFE e Lusa.
Os bombardeamentos, quer da Rússia à Ucrânia quer da Ucrânia à Rússia, continuaram apesar da reunião entre Volodymyr Zelensky, Donald Trump e sete líderes europeus na Sala Leste e na Sala Oval. Nestes salões da Casa Branca, discutiu-se a guerra na Ucrânia e deu-se o pontapé de saída para um futuro encontro presencial entre os presidentes russo e ucraniano.

No entanto, horas depois das negociações sobre segurança em Washington, os ataques de drones não cessaram. Segundo Moscovo, as defesas antiaéreas russas abateram na segunda-feira à noite 23 drones da Ucrânia sobre duas regiões da Rússia (Volgogrado, a cerca de 100 quilómetros do ponto mais próximo da fronteira, e Rostov) e a península anexada da Crimeia, anexada pelo país em 2014.
Na deslocação ao outro lado do Atlântico, para acompanhar o líder ucraniano e sentarem-se à mesa com o chefe de Estado norte-americano, estiveram a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente finlandês, Alexander Stubb, o chanceler alemão, Friedrich Merz, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.
Numa entrevista posterior ao canal TF1, o chefe de Estado francês caracterizou Vladimir Putin como um “predador” e um “ogre” às “portas” da Europa que “precisa de continuar a comer” para sobreviver e pediu aos homólogos europeus e a Bruxelas para não serem “ingénuos” em relação à Rússia, que será “duradouramente uma potência desestabilizadora”.
Os analistas da XTB consideram que a reunião “deu sinais de progresso” pelas possibilidades e datas para novas conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, com a mediação dos Estados Unidos e o apoio financeiro da União Europeia (UE). “As garantias de segurança discutidas pelos Estados Unidos, a Ucrânia e a UE deverão ser apresentadas em pormenor nos próximos dez dias. No entanto, o secretário-geral da NATO sublinhou que a questão do envio de tropas para o terreno não foi debatida”, escreveram em research.
Falta apenas saber onde e quando será o encontro entre os principais rostos do conflito, Zelensky e Putin, que estará para breve.
Notícia atualizada às 17h41 com cotações de fecho e informação sobre Wall Street
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