Eslováquia vai vetar sanções à Rússia se UE não alterar política climática
Robert Fico quer que a Comissão apresente propostas realistas para conciliar objetivos climáticos ambiciosos com as necessidades dos fabricantes de automóveis. Sem isso vai chumbar sanções à Rússia.
O primeiro-ministro da Eslováquia anunciou esta quinta-feira que o país vai vetar as próximas sanções da UE à Rússia, até que a Comissão Europeia apresente objetivos climáticos que conciliem as necessidades da indústria.
“Não apoiarei a adoção de um novo pacote de sanções [contra a Rússia] até que a Comissão apresente propostas realistas para conciliar objetivos climáticos ambiciosos com as necessidades dos fabricantes de automóveis, não só na Eslováquia mas em toda a Europa, e com as necessidades da indústria pesada”, disse Robert Fico, depois de se reunir com o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
As medidas da UE incluem um objetivo de emissões zero de dióxido de carbono (CO2) para a venda de novos automóveis de passageiros e carrinhas a partir de 1 de janeiro de 2035, o que significa uma proibição de veículos com motor de combustão a partir dessa data. A indústria automóvel é uma das mais importantes deste país que produz cerca de um milhão de veículos por ano e cujo Governo, liderado pelo populista Fico, é próximo de Moscovo.
As medidas europeias fazem parte dos objetivos climáticos que visam alcançar a neutralidade carbónica até 2050 e estabelecem um objetivo intermédio e juridicamente vinculativo de redução das emissões de gases de efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030, comparados com os níveis registados em 1990.
“Não excluo a possibilidade de haver vontade política para alterar alguns objetivos climáticos difíceis”, afirmou o político eslovaco. Fico, que esteve recentemente com os Presidentes da China e da Rússia numa parada militar em Pequim que celebrava o fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, também quer que a UE regule os preços da energia de forma diferente e vai pressionar Bruxelas a apresentar outro plano.
“Também não apoiarei qualquer pacote [contra a Rússia] até que a Comissão apresente propostas concretas sobre os preços da eletricidade na Europa”, afirmou o líder eslovaco, defendendo que o preço da energia é definido pela UE. Esta não é a primeira vez que a Eslováquia age desta forma face a propostas de novas sanções a Moscovo.
A Eslováquia bloqueou o 18º. pacote de sanções da UE depois de Bruxelas ter anunciado o plano REPowerEU que estipula acabar com a dependência dos combustíveis fósseis russos em resposta às perturbações no mercado da energia devido à invasão russa da Ucrânia. A legislação significa que a UE vetará a compra de qualquer combustível (gás, petróleo ou nuclear) a partir de 2028, o que afetará duramente a Eslováquia, que não diversificou o abastecimento e continua dependente da Rússia.
Bratislava acabou por aceitar o 18º. pacote, mas sem antes a UE permitir ao país continuar a comprar gás russo. A Hungria, a par da Eslováquia, são os únicos países dos 27 que continuam a receber combustível da Rússia.
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