Tribunal de Évora declara insolvência da empresa tecnológica Decsis

  • Lusa
  • 16 Setembro 2025

Bruno Costa Pereira foi nomeado para administrador de insolvência e fixado em 30 dias o prazo para a reclamação de créditos.

A empresa tecnológica Decsis, sediada em Évora e com cerca de 200 colaboradores, foi declarada insolvente pelo tribunal da cidade, depois de ter avançado com o pedido na justiça devido a problemas graves de tesouraria.

O edital da insolvência, consultado esta terça-feira pela agência Lusa no portal de justiça Citius, indica que o Tribunal Judicial da Comarca de Évora declarou a Decsis – Sistemas de Informação insolvente na segunda-feira. Segundo o edital, foi nomeado Bruno Costa Pereira para administrador de insolvência e fixado em 30 dias o prazo para a reclamação de créditos.

No documento oficial do tribunal, estão identificados como credores seis bancos, a sucursal portuguesa de uma multinacional tecnológica, a Decunify, que se apresenta no seu site como “uma empresa do Grupo Decsis”, e um funcionário da empresa. Contactado pela Lusa, Bruno Costa Pereira reconheceu que a Decsis “está numa situação difícil”, lembrando que foi arrastada para a “Operação Nexus”, da Polícia Judiciária (PJ), e consequentemente afetada pela “quebra imediata da confiança”.

“A situação exige toda a atenção porque é uma empresa com muitos trabalhadores, quadros muito técnicos e tinha uma vida absolutamente estável do ponto de vista financeiro”, salientou. O administrador de insolvência da Decsis disse estar focado em procurar “uma solução rápida para permitir dar uma perspetiva diferente ao quadro de pessoal”, que pode passar por “manter esta empresa viva e garantir que tem condições de se recuperar”.

“Ou de se transmitir a um novo player [proprietário], garantindo a unicidade que permita depois ressarcir créditos aos credores”, acrescentou. Na semana passada, numa resposta a questões colocadas pela Lusa através de correio eletrónico, a administração da Decsis indicou que a “Operação Nexus” teve “impacto imediato” na empresa, apesar de não ser visada na investigação.

“A ‘Operação Nexus’ elevou o risco de crédito da Decsis para o nível máximo, fazendo com que a banca cortasse todas as linhas de crédito”, indicou a administração, acrescentando que dessa forma foram criados “problemas graves de tesouraria à empresa”. Segundo a sociedade, as empresas conotadas como pertencentes ao “Grupo Decsis” também “sofreram graves danos reputacionais, decorrentes da exposição mediática”, o que provoca dificuldades em gerar fluxos operacionais de tesouraria futuros sustentáveis.

“Assim, a administração reconhece estar legalmente obrigada a requerer a insolvência da empresa”, sublinhou. A “Operação Nexus” da PJ, realizada em 8 de julho, investiga alegados crimes de corrupção e fraude na aquisição de sistemas informáticos por universidades e escolas públicas financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

No dia em que decorreu, a PJ divulgou a detenção de seis pessoas, concretamente um administrador e três funcionários de uma empresa tecnológica, um funcionário de uma empresa concessionária e um funcionário público.

A administração frisou à Lusa que a Decsis se mantém em funcionamento, assim como o Centro de Dados localizado em Évora, apesar de “algumas dificuldades decorrentes da falta do pagamento dos salários”, nomeadamente de julho e agosto.

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