Zona Euro cresce mais em 2025 mas perde fôlego já em 2026

Entre tensões comerciais e incerteza política, a OCDE melhora o crescimento económico da Zona Euro para este ano, mas antecipa uma travagem em 2026 acompanhada de uma inflação mais baixa.

Num cenário marcado por tensões comerciais crescentes e por um elevado nível de incerteza política que começam a pesar na atividade económica, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) melhorou as perspetivas de crescimento da Zona Euro para este ano, mas simultaneamente reviu em baixa as projeções para 2026.

No relatório intercalar do Economic Outlook, divulgado esta terça-feira, a OCDE reviu em alta em 0,2 pontos percentuais o crescimento esperado para a Zona Euro em 2025, elevando a previsão da taxa de crescimento do PIB para 1,2%. Contudo, a organização cortou em 0,2 pontos percentuais as expectativas para o próximo ano, apontando agora para um crescimento de apenas 1% do PIB em 2026.

Paralelamente, a equipa de analistas da OCDE, ainda liderada por Álvaro Santos Pereira como economista-chefe, reviu em baixa as previsões de inflação para a região, tanto para este ano como para 2026. A organização aponta agora para uma taxa de inflação de 2,1% em 2025 e 1,9% no próximo ano, uma correção descendente de 0,1 pontos percentuais face às estimativas anteriores, publicadas em junho.

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Segundo o documento, “a inflação agregada dos preços ao consumidor para os países do G20 deverá diminuir à medida que o crescimento económico e os mercados de trabalho arrefecem”. Na Zona Euro especificamente, “espera-se que a inflação permaneça contida”, com a normalização dos preços alimentares a contribuir para uma trajetória descendente, destaca o relatório publicado esta terça-feira.

A OCDE justifica a revisão das suas previsões com um equilíbrio delicado entre fatores negativos e positivos. Por um lado, “o aumento das fricções comerciais e a incerteza geopolítica” pesam sobre as perspetivas de crescimento. Por outro, “condições de crédito mais fáceis” proporcionam algum suporte à atividade económica.

Os especialistas da organização, que também reviram em alta em 0,3 pontos percentuais o crescimento da economia mundial para este ano — apontando para uma taxa de crescimento do PIB de 3,2% –, sublinham ainda que “o crescimento económico global revelou-se mais resiliente do que o previsto na primeira metade de 2025, especialmente em muitas economias de mercados emergentes”.

Esta resistência deveu-se em grande parte ao “front-loading de produção de bens e comércio antes da introdução de tarifas americanas mais elevadas”, destacam os técnicos no relatório.

Divergências dentro da Zona Euro

O relatório da OCDE, que não detalha previsões para Portugal, sublinha que as perspetivas variam significativamente entre os principais países da região do Euro. Na Alemanha, “espera-se que a expansão fiscal impulsione a atividade económica”, enquanto “a consolidação esperada tanto em França como em Itália irá amortecer o crescimento”.

O relatório revela ainda que os mercados de trabalho apresentam “alguns sinais de abrandamento”, com “taxas de desemprego crescentes e uma diminuição das ofertas de emprego em algumas economias”. No entanto, a taxa de desemprego na Zona Euro “atingiu um mínimo histórico”, destacam os especialistas.

Apesar da melhoria das perspetivas de crescimento para este ano, a OCDE mantém uma visão cautelosa sobre as pressões inflacionistas. O documento refere que “a desinflação estagnou em muitas economias, com o aumento dos preços dos alimentos por detrás de um ressurgimento da inflação de bens e a inflação de serviços a manter-se geralmente persistente”.

Contudo, “o enfraquecimento das pressões dos custos habitacionais está agora a ajudar a reduzir a inflação na maioria das economias avançadas”, um fator que deverá contribuir para a moderação das pressões de preços nos próximos trimestres, sustentam os analistas.

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