Duas em cada três trotinetes elétricas precisam de seguro obrigatório

No entanto, algumas seguradoras exigem condições adicionais antes de aceitarem cobrir o risco, como, por exemplo, já ter apólices em vigor ou subscrever outro produto, em simultâneo na mesma empresa.

Dois terços das trotinetes elétricas em Portugal cumprem os critérios legais para seguro obrigatório, segundo dados avançados pela Mudey, plataforma digital de mediação de seguros. No entanto, por vezes o seguro não é vendido diretamente por si exigindo aceitação de condições adicionais.

Ana Teixeira, cofunfadora e CEO da Mudey: “Diversos estudos demonstram que velocidades elevadas estão diretamente associadas a acidentes mais graves, o que reforça a necessidade de informar e educar os consumidores para uma utilização responsável destes veículos de micromobilidade”.Pedro Granadeiro/ECO

A nova legislação obriga à contratação de seguro de responsabilidade civil para trotinetes elétricas que ultrapassem os 25 km/h ou, em alternativa, tenham mais de 25 kg e alcancem velocidade superior a 14 km/h.

O levantamento da Mudey revela que 72% destes veículos atingem velocidades acima dos 25 km/h, com uma velocidade máxima média de 36 km/h. Em 41% dos casos, a velocidade ultrapassa os 50 km/h. Já o peso médio das trotinetes situa-se nos 32 kg. A análise resulta de 1.990 pedidos de informação recebidos entre 16 de junho e 16 de setembro, período em que entrou em vigor o Decreto-Lei 26/2025.

Metade dos veículos foram adquiridos em 2025, evidenciando a crescente adesão a este meio de mobilidade urbana.

Há seguradoras que oferecem o seguro obrigatório de responsabilidade civil com capital seguro de 7.750.000 euros. No entanto, algumas delas exigem condições adicionais antes de aceitarem cobrir o risco, como, por exemplo, já ter apólices em vigor ou subscrever outro produto, em simultâneo na mesma seguradora, explica Ana Teixeira, cofundadora e CEO da Mudey.

Esta realidade deve-se ao facto de se tratar de um risco recente, pouco diversificado e sem histórico consolidado de sinistralidade”, explica Ana Teixeira.

Há consumidores que estão a procurar estes produtos e estão a ver recusada a sua venda, ao que a CEO da Mudey explica que tal geralmente se deve ao facto de os produtos disponíveis no mercado terem sido introduzidos antes da da entrada em vigor do Decreto-Lei 26/2025 e destinavam-se a trotinetes elétricas de baixa potência (velocidade máxima inferior a 25 km/h ou peso abaixo de 25 kg). Ou seja, os produtos continuam ativos mas não abrangem as trotinetes que devem ter seguro obrigatório.

Não obstante, a CEO da Mudey reforça que a mediadora não tem registado recusas diretas por partes das seguradoras – “existem apenas critérios de aceitação que, quando cumpridos, permitem a emissão da apólice”, indica.

Por um lado, existem seguros opcionais de acidentes pessoais, que cobrem, entre outros, indemnizações e despesas médicas ao condutor em caso de acidente. Por outro, explica a responsável, dado que estas trotinetes não estão autorizadas a circular em via pública, há coberturas complementares que não são disponibilizadas pelas seguradoras, como assistência em viagem.

Homens jovens sem carta dominam uso de trotinetes elétricas em Portugal

O perfil dos utilizadores de trotinetes elétricas que se enquadram nos critérios para seguro obrigatório em Portugal revela uma tendência jovem e predominantemente masculina. Quase metade tem menos de 35 anos e 83% são homens. Além disso, 55% afirmam não ter carta de condução, sinalizando que muitos destes veículos são conduzidos por utilizadores sem formação formal em regras de circulação.

A análise mostra ainda que a maioria das respostas se concentra nos grandes distritos: Lisboa lidera com 24%, seguida do Porto com 20%. Setúbal e Faro registam 10% cada e Aveiro representa 8% do total, com os restantes pedidos distribuídos pelo país.

“Diversos estudos demonstram que velocidades elevadas estão diretamente associadas a acidentes mais graves, o que reforça a necessidade de informar e educar os consumidores para uma utilização responsável destes veículos de micromobilidade. O setor segurador pode desempenhar um papel essencial, não apenas na proteção dos condutores e de terceiros, mas também como agente de consciencialização e educação para uma mobilidade mais segura”, sublinha a CEO da Mudey.

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