AdC contesta Idealista: compra da Kyero era “operação complexa” pela posição de mercado

Regulador diz que a empresa espanhola apresentou o negócio como alvo de "quota negligenciável de mercado", mas a conclusão mostrou que era "um dos principais concorrentes" nos portais imobiliários.

A troca de acusações entre a Idealista e a Autoridade da Concorrência (AdC) continua, mesmo após o colapso do negócio que a empresa queria fazer com a Portal 47, dona do portal imobiliário Kyero. O regulador voltou esta sexta-feira a responder às críticas da empresa espanhola ao dizer que era uma “operação complexa” pela dimensão da quota de mercado que daí surgiria.

“A idealista apresentou inicialmente a operação em causa como uma mera aquisição de um player com uma quota negligenciável de mercado. No entanto, ao longo da sua investigação, a AdC pôde verificar que os vários participantes do mercado percecionavam a Kyero como uma empresa relevante, configurando até um dos principais concorrentes no segmento internacional de plataformas imobiliárias online”, começa por responder a AdC.

A AdC vai mais longe e recorda que o Idealista apresentou uma notificação ad cautelam (preventiva), que não vai ao encontro de “uma posição muito superior” ao patamar dos 50% de posição de mercado que exige outra comunicação. “Estava-se de facto perante uma operação complexa, que envolvia um player com uma posição de liderança de mercado muito destacada”, constata a entidade, em comunicado.

A autoridade liderada por Nuno Cunha Rodrigues garante que tentou obter informações adicionais e “viu-se confrontada com respostas circulares e pouco claras da Idealista” e agendou duas reuniões com representantes do marketplace: uma a 23 de abril de 2025 e outra a 5 de junho de 2025, logo depois de avançar para uma investigação aprofundada.

“Desde que a AdC remeteu o processo para uma segunda fase, conduziu, num prazo curto, várias diligências de investigação – incluindo um inquérito a mais de 1.400 agências imobiliárias – de forma a confirmar ou informar as suas preocupações”, informa ainda a AdC, acrescentando que não viu qualquer tentativa de resolver as preocupações identificadas por parte da empresa visada.

O esclarecimento surge poucas horas depois de a Idealista ter explicado que não apresentou compromissos porque não foi concluído o teste de mercado (market test) necessário para identificar os riscos concorrenciais por parte da AdC.

O negócio remonta a dezembro de 2024, quando o Idealista informou que tinha chegado a um acordo com a sociedade britânica Portal47 Ltd, dona do Kyero, para a aquisição e, cerca de um mês depois, notificou a autoridade liderada por Nuno Cunha Rodrigues dessa operação de concentração.

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