IA só trará verdadeira transformação às empresas com “inovação e escalabilidade”, defende Deloitte

  • Tiago Alexandre Pereira
  • 1 Outubro 2025

O relatório anual Tech Trends 2025 destaca que já se nota o impacto da IA nas organizações, mas aponta seis áreas-chave que vão marcar a transformação digital das empresas nos próximos dois anos.

Mais do que uma ferramenta, a inteligência artificial (IA) está a consolidar-se como infraestrutura essencial nas organizações, num movimento que promete revolucionar tanto a forma de trabalhar como de competir nos mercados, de acordo com o estudo Tech Trends 2025, da Deloitte.

O relatório mostra que a evolução já está em marcha, mas alerta para a necessidade de estratégias que consigam alterar o paradigma das empresas. “A verdadeira transformação nas organizações só irá ocorrer quando forem capazes de encontrar uma abordagem integrada que equilibre inovação e escalabilidade”, destaca Bruno Batista, partner da Deloitte, em comunicado.

No futuro, mais do que utilizar a IA como apoio, esta tecnologia vai estar presente de forma transversal e integrada, garantindo um funcionamento mais ágil e intuitivo, segundo as conclusões do estudo.

“Estamos a assistir à consolidação da inteligência artificial como infraestrutura essencial nas organizações, não apenas pelo seu impacto direto, mas pela forma como potencia outras tecnologias emergentes, como interfaces espaciais, chipsets de nova geração ou até a computação quântica”, sublinha Bruno Batista.

O Tech Trends 2025 refere que, embora a IA já esteja presente em múltiplos domínios empresariais, muitas organizações continuam a enfrentar o desafio de alinhar competências humanas, arquitetura tecnológica e, sobretudo, dados, para desbloquear todo o seu potencial. A aposta deverá passar por uma abordagem híbrida, capaz de equilibrar o investimento em tecnologias fundamentais e emergentes.

Deloitte destaca seis pontos fundamentais

O estudo anual da consultora britânica identifica, ainda, seis grandes áreas de evolução tecnológica que irão marcar a inovação e a transformação digital das empresas nos próximos dois anos.

Entre as seis áreas-chave apontadas no relatório, destaca-se a interação, onde a computação espacial e a integração da IA permitem novas formas de comunicação entre humanos e máquinas, através de gestos, voz e ambientes tridimensionais. Já na área da informação, a tendência passa por modelos de IA mais pequenos e especializados, que permitem criar agentes virtuais colaborativos, capazes de se adaptar ao estilo de comunicação de cada utilizador.

A terceira tendência é a computação, com a transição da IA do software para o hardware. Novos chips integrados em computadores, dispositivos médicos e robôs prometem maior autonomia e eficiência, numa altura em que a escassez de mão de obra e o envelhecimento da população aceleram o investimento em robótica.

O papel das tecnologias de informação (TI) dentro das empresas também está a ser redefinido. De suporte operacional, passam a fornecer valor direto num modelo de “outcome-as-a-service” (resultado como serviço, em tradução livre), graças à democratização do desenvolvimento e à automação de processos com recurso à IA.

Outro ponto crítico é a cibersegurança. A proximidade da computação quântica coloca em risco os atuais mecanismos de encriptação, obrigando as empresas a prepararem-se desde já para um cenário “pós-quântico”. Segundo a Deloitte, aquelas que investirem em boas práticas de governação e segurança digital estarão mais bem posicionadas para enfrentar não só os riscos futuros, mas também os desafios presentes.

Por fim, a modernização do core das organizações será inevitável. A integração da IA nos sistemas centrais implicará uma reestruturação profunda, com agentes inteligentes a assumirem, em breve, funções críticas de forma autónoma, desde a gestão de clientes até à coordenação de operações entre diferentes sistemas.

Para Gonçalo Santos, partner da Deloitte, a evolução da IA já está a produzir efeitos nas organizações e destaca os agentes de IA. “Há já casos concretos de forças de trabalho compostas exclusivamente por esta tecnologia, capazes de tomar decisões de forma autónoma. O que parecia ficção científica há pouco tempo, tornou-se realidade em apenas alguns anos.”

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