Ministro de extrema-direita insta Netanyahu a manter detidos ativistas da flotilha

  • Lusa
  • 20:20

"Acho que devem ficar aqui numa prisão israelita durante alguns meses para se habituarem ao cheiro da ala terrorista", escreveu Ben Gvir, também colono, na sua conta da rede social X.

O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, instou esta sexta-feira o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a manter os ativistas da Flotilha Global Sumud na prisão, em vez de proceder à sua deportação.

“Acho que devem ficar aqui numa prisão israelita durante alguns meses para se habituarem ao cheiro da ala terrorista”, escreveu Ben Gvir, também colono, na sua conta da rede social X.

Mais de 470 ativistas foram detidos pela Marinha israelita a bordo dos 42 navios que compunham a Flotilha Global Sumud, que transportava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, durante a noite de quarta-feira e a manhã de quinta-feira, e posteriormente transferidos para a prisão de alta segurança de Saharonim, no deserto do Neguev.

“Não é possível que o primeiro-ministro os envie de volta para os seus países uma e outra vez, e que esse envio faça com que regressem uma e outra vez”, acrescentou. Segundo um vídeo publicado na Internet e divulgado por vários meios de comunicação social, Ben Gvir visitou também o porto israelita de Ashdod na quinta-feira à noite e atacou verbalmente os ativistas, chamando-lhes “terroristas” e alegando que os militares tinham encontrado armas nos navios, sem apresentar qualquer prova.

Ben Gvir, juntamente com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, é uma das vozes mais radicais do Governo de coligação de direita e extrema-direita de Benjamin Netanyahu e uma das figuras que mais insistentemente exigiram a continuação da guerra israelita na Faixa de Gaza, além da ocupação total daquele território palestiniano.

As forças israelitas intercetaram entre a noite de quarta-feira e a manhã de quinta-feira a Flotilha Global Sumud, com mais de 40 embarcações, que efetuava uma missão pacífica, pretendendo furar o cerco israelita à Faixa de Gaza, entregar ajuda humanitária (alimentos e medicamentos) e abrir um corredor humanitário permanente.

Os ativistas de diversos países que seguiam na flotilha foram detidos, entre os quais quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves. O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, declarou na quinta-feira esperar que os cidadãos portugueses possam regressar ao país “sem nenhum incidente”, considerando que a mensagem da flotilha humanitária foi transmitida.

A guerra declarada por Israel a 7 de outubro de 2023 em Gaza para “erradicar” o movimento islamita palestiniano Hamas – horas após um ataque a território israelita com cerca de 1.200 mortos e 251 reféns – fez, até agora, pelo menos 66.288 mortos e 169.165 feridos, na maioria civis, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Fez igualmente milhares de desaparecidos, soterrados nos escombros e espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções e fome, causada por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de mantimentos, distribuídos em pontos considerados “seguros” pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis famintos, tendo até agora matado 2.597 e ferido mais de 19.000.

Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” e “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.

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