COP30. Lula da Silva diz que planeta já não aguenta uso intensivo do petróleo

  • Lusa
  • 7 Novembro 2025

Presidente brasileiro afirma que "uma eliminação gradual justa, ordenada e equitativa dos combustíveis fósseis exige o acesso à tecnologia e ao financiamento para os países do Sul Global".

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, disse esta sexta-feira que “o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis” é insustentável e anunciou um fundo com dinheiro do petróleo para a transição energética.

“A Terra já não pode sustentar o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que prevaleceu nos últimos 200 anos”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva numa sessão sobre transição energética no segundo e último dia da cimeira de líderes em Belém, um prelúdio para a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30) que começa na segunda-feira.

Dois anos depois da adoção na COP28, no Dubai, pela primeira vez de um compromisso geral para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, o tema não está explicitamente na agenda da COP30 mas foi trazido pelo Presidente do Brasil, país que está entre os 10 maiores produtores de petróleo do mundo e que autorizou recentemente a prospeção de petróleo perto da foz do Amazonas.

Numa entrevista na terça-feira, questionado pela Lusa, Lula da Silva disse que o mundo ainda não está capaz de abandonar os combustíveis fósseis. Esta sexta, o Presidente brasileiro afirmou que “uma eliminação gradual justa, ordenada e equitativa dos combustíveis fósseis exige o acesso à tecnologia e ao financiamento para os países do Sul Global”.

Lula da Silva disse que o Brasil iria criar um fundo para financiar a transição energética e promover a “justiça climática”, que será financiado com “parte dos lucros da exploração petrolífera”.

O mundo precisa de um roteiro claro para acabar com esta dependência dos combustíveis fósseis”, disse na sessão em que participaram vários líderes mundiais, entre eles o secretário-geral da ONU, António Guterres. Lula da Silva não deu mais detalhes sobre o calendário de implementação do fundo nem se os fundos virão da empresa estatal Petrobras ou de todo o setor.

Segundo o chefe de Estado, “direcionar uma parte dos lucros da produção de petróleo para a transição energética continua a ser um caminho viável para os países em desenvolvimento”. É este o argumento que Lula da Silva utiliza quando os seus críticos, sobretudo ambientalistas e organizações indígenas, o acusam de apoiar o projeto de exploração de petróleo recentemente lançado na costa da Amazónia.

Na entrevista, questionado pela Lusa, já tinha recusado assumir o papel da liderança ambiental e disse que seria incoerente da sua da parte impedir a prospeção de petróleo perto da Foz do Amazonas. “Seria incoerente se eu, num ato de irresponsabilidade dissesse: Bom, nós não vamos utilizar mais petróleo”, frisou, referindo-se à autorização dada à Petrobras para prospeção de petróleo ao largo da Amazónia.

Ainda em resposta à Lusa, Lula da Silva reforçou que o mundo ainda não está capaz de abandonar os combustíveis fósseis e que poucos países estão mais próximos de conseguir isso do que o Brasil. A Petrobras anunciou na quinta-feira que registou um lucro líquido de 32,705 mil milhões de reais no terceiro trimestre (5,3 mil milhões de euros), um aumento de 22,7% face ao segundo trimestre.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2023, Lula da Silva designou a Petrobras como “motor” do crescimento do país.

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