“Não faz sentido estar a pagar três vezes mais a um tarefeiro”, critica Gouveia e Melo

Candidato presidencial considera que é um erro pagar mais a estes médicos, que fazem apenas um "trabalho técnico", em comparação com outros profissionais que têm empatia com os doentes.

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo criticou esta sexta-feira o modelo de gestão e pagamento de médicos tarefeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Não faz sentido estar a pagar três vezes mais a um tarefeiro que não tem responsabilidade nenhuma, que passado o seu período vai-se embora, não tem nenhuma empatia com os doentes, nem com o hospital, que vai fazer só o seu trabalho técnico. E, simultaneamente, pago menos a gente que está lá e tem as responsabilidades”, alertou o almirante na reserva, numa intervenção durante a 10.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Fundação de Serralves, no Porto.

Henrique Gouveia e Melo garantiu que a prioridade na saúde é definir qual será o rumo daqui para a frente: “Queremos um modelo complementar? Queremos acabar com o SNS e dar palco à medicina privada ou queremos um SNS sustentável?”. O candidato presidencial defendeu que é preciso garantir a saúde aos mais desfavorecidos.

Em relação à proposta de alteração à lei laboral, defendeu a flexibilização das regras do trabalho, sem precariedade, de forma a manter a coesão social, que caracteriza como “muito importante”.

“Nunca me refugiei em trincheiras. Falo de forma muito objetiva sobre o que acho. O que acho é que a economia está a mudar e precisa de flexibilidade, mas temos de ver qual é essa flexibilidade”, explicou o almirante que ganhou notoriedade durante a Covid-19, mostrando-se defensor do “motor económico livre”, equilibrado com o “capitalismo humano”.

A seu ver, o que “está mal” no país é “organização”. “O que está a acontecer na saúde e noutras áreas de gestão é isso. Temos um problema de organização. Temos de ter uma cultura de mérito. Um funcionário público ganha o mesmo, quer se esforce ou não – e isso não incentiva. Não defendo a saída dos funcionários públicos mas, em último caso, não podem abusar do Estado. Temos de defender os direitos legítimos dos trabalhadores e não os ilegítimos”, ressalvou.

Questionado sobre se o Parlamento está a governar apenas para as televisões, referiu que “de alguma forma sim” e deu como exemplo a proibição do uso de burca ou niqab em espaços públicos, aprovada pela Assembleia da República a 17 de outubro. “Sou contra o agendamento neste período em que há outras prioridades. Há coisas muito mais importantes para discutir”, justificou.

Em declarações aos jornalistas, à saída da conferência organizada pelo ECO, Gouveia e Melo respondeu aos comentários de Aníbal Cavaco Silva, que de forma velada o descreve como um mau candidato a Presidente, num artigo de opinião publicado no Observador. Na sua visão, o ex-Chefe de Estado fez-lhe um elogio: “O professor Cavaco fez-me um grande elogio que foi assumir que eu sou o maior perigo nesta corrida presidencial para o seu protegido Marques Mendes”.

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