Spin-off da FEUP cria plataforma de IA para simular casos clínicos
A Medtiles Tutor, uma plataforma feita com recurso a IA generativa, treina os profissionais de saúde simulando casos clínicos em texto, imagem e vídeo. Principal foco é no tratamento de AVC.
A Medtiles, uma spin-off da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), desenvolveu uma plataforma de simulação de casos clínicos, com base em inteligência artificial (IA) generativa. A Medtiles Tutor, como é denominada, permite treinar os profissionais de saúde para situações críticas em contexto hospitalar, focando-se, sobretudo, no tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Em comunicado, a FEUP explica que a plataforma utiliza IA generativa para simular “casos clínicos em texto, imagem e vídeo, adaptados ao nível de cada utilizador”, permitindo “treino repetido, personalizado e com feedback imediato”.
Os utilizadores da Medtiles Tutor “podem criar conteúdos próprios e definir parâmetros específicos, tornando o treino escalável e ajustado ao contexto hospitalar”. O objetivo, em resumo, é “preparar melhor os profissionais antes de enfrentarem o paciente real”.
O foco no AVC é justificado pelo facto de se tratar de uma condição médica com mais de 12 milhões de novos casos por ano e em que a rapidez do tratamento é fundamental. Segundo a Medtiles, “a cada minuto sem intervenção morrem cerca de dois milhões de neurónios”.
“A cada 15 minutos ganhos no tratamento, as chances de sobrevivência sem incapacidade aumentam em 4%. Por isso, a Medtiles foca-se em melhorar a preparação dos profissionais de saúde para que possam agir rapidamente e com eficácia”, sublinha, no comunicado.
Testes realizados em parceria com a ONG Neurotalks indicam que mais de 80% dos profissionais relataram melhor retenção do conhecimento após o uso da Medtiles Tutor. Além disso, a empresa – que foi reconhecida pela Agência Nacional de Inovação (ANI) com o Selo ID – tem realizado testes em ambientes clínicos, como no Hospital da Luz, e colabora com a Universidade Católica do Porto.
Este spin-off da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto prepara agora a expansão internacional, tendo já parcerias em Espanha, Itália e Brasil e colaborações com empresas farmacêuticas e medtech.
Ao nível tecnológico, a aposta continua com o desenvolvimento de frameworks de Agentic AI (sistemas de IA com maior autonomia face à IA tradicional, tomando decisões e executando tarefas complexas com supervisão humana mínima) e modelos especializados em saúde.
Vindos da Engenharia, Medicina e Educação, a Medtiles é composta por uma equipa de seis pessoas: os fundadores Liliana Antão e João Reis, do laboratório DIGI2 da FEUP, onde nasceu a ideia de aplicar IA à formação médica; os neurologistas Sandra Moreira (CEO) e Luís Ribeiro; e os estudantes da FEUP Nelson Neto e António Abílio.
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