BRANDS' ECO Da eletrónica à inteligência artificial: a nova mobilidade ganha forma
Durante a tarde do Automotive Summit 2025, os painéis de debate refletiram sobre a nova mobilidade e como a eletrónica e a Inteligência Artificial se tornaram aliadas para o futuro.
A tarde do Automotive Summit 2025 confirmou a transição do setor automóvel para uma era dominada pelo software, pela inteligência artificial e pela integração tecnológica. Em Aveiro, o debate evoluiu da normalização para a digitalização, com especialistas e empresas a mostrar como Portugal está a posicionar-se num ecossistema industrial que já não se define apenas pela mecânica, mas pela capacidade de programar e gerir sistemas complexos.
O painel “A Influência do Digital no Setor Automóvel” abriu a segunda parte do dia com Daniel Rodrigues e Nuno Monteiro, da Critical Techworks, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para o grupo BMW. “Estamos a viver a transição do automóvel para o software defined vehicle. O código é hoje tão determinante quanto o motor”, afirmou Daniel Rodrigues, explicando que “o futuro da mobilidade é digital, conectado e em constante atualização”.
A dupla detalhou a importância crescente da arquitetura eletrónica e das plataformas integradas, que permitem reconfigurar o desempenho e as funcionalidades de um carro através de software updates. “Os veículos já não são apenas máquinas físicas: são sistemas digitais em movimento, com uma dimensão de engenharia de dados que redefine toda a cadeia de valor”, disse Nuno Monteiro, sublinhando que Portugal “tem hoje um papel ativo na engenharia global da BMW e está envolvido em projetos que definem o futuro da condução inteligente”.
A sessão seguinte, dedicada ao MMOG/LE e ao IATF 16949, reforçou o elo entre qualidade, conformidade e transformação tecnológica. Terry Onica, da QAD Automotive, e Cathy Fisher, especialista em sistemas de qualidade, apresentaram a convergência entre os padrões logísticos e de auditoria técnica que sustentam a produção automóvel mundial.
“O MMOG/LE é a espinha dorsal da eficiência logística na indústria”, referiu Terry Onica, defendendo que a digitalização dos processos “é essencial para garantir rastreabilidade, previsibilidade e sustentabilidade”. Cathy Fisher acrescentou que “as novas versões destas normas já incorporam critérios de cibersegurança e responsabilidade ambiental”, destacando a necessidade de “harmonizar auditorias e reduzir redundâncias entre fabricantes e fornecedores”.
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Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações) -
Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações) -
Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações) -
Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações) -
Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações) -
Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações) -
Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, com Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações)
O Workshop Tecnologias no Setor Automóvel foi o momento mais técnico da tarde, reunindo Hugo Martins (Capgemini Engineering), Rui Cardoso (Bosch Car Multimédia), Filipe Ribeiro e Fábio Matos (Yazaki), José Rui Simões (Critical Software) e Susana Sargento (Instituto de Telecomunicações), sob moderação de Jorge Bandeira, da InovaRia.
As intervenções evidenciaram o papel das empresas portuguesas na transformação digital das cadeias de produção e na integração de novas tecnologias. “O automóvel está a tornar-se um ecossistema de conectividade e dados”, afirmou Rui Cardoso, da Bosch. “Hoje, cada componente é inteligente, comunica e gera informação em tempo real”.
Na Capgemini Engineering, Hugo Martins destacou a necessidade de acelerar a aplicação prática da inteligência artificial e da análise preditiva. “Estamos a caminhar para uma automação cognitiva, em que o sistema identifica padrões, antecipa falhas e otimiza a manutenção antes que o erro aconteça”, explicou.
Cibersegurança é tema transversal
O tema da cibersegurança atravessou várias intervenções. Filipe Ribeiro, da Yazaki, alertou para “a urgência de proteger toda a cadeia automóvel, desde os sensores até ao backend”. E José Rui Simões, da Critical Software, sintetizou: “O automóvel é agora uma entidade digital. Se é digital, é vulnerável. A segurança tem de estar embutida desde o design.”
Susana Sargento, investigadora do Instituto de Telecomunicações e professora na Universidade de Aveiro, trouxe a visão académica e de fronteira da investigação. “O carro é uma extensão da infraestrutura. A comunicação vehicle-to-everything vai permitir uma mobilidade mais segura, cooperativa e eficiente”, afirmou, lembrando que Portugal “tem projetos de referência internacional nesta área, fruto da colaboração entre empresas e centros de investigação”.
Seguiu-se o painel “Desafios e Soluções noutros Setores da Mobilidade”, onde o debate se alargou ao caminho que outras indústrias estão a percorrer no processo de transição tecnológica. Brígida Lopes, da CP – Comboios de Portugal, apresentou o caso do transporte ferroviário como exemplo de transformação sustentável e digital. “A CP tem um papel estratégico na descarbonização e na coesão territorial”, disse. “Só pela atualização tecnológica das nossas frotas, conseguimos reduzir mais de 9% do consumo energético nos últimos cinco anos”.
A engenheira destacou ainda a criação do Centro de Desenvolvimento de Estudos Eletrónicos, no Entroncamento, dedicado à engenharia inversa e à modernização de componentes eletrónicos obsoletos. “Desenhámos e fabricámos internamente novas cartas eletrónicas para prolongar a vida útil das automotoras elétricas por mais de 20 anos”, explicou. “É um exemplo de economia circular e de autonomia tecnológica nacional”.
Do setor aeroespacial e da defesa, João Pedroso, da Aerial Electronics, trouxe uma perspetiva crítica e comparativa. “A Europa continua demasiado lenta na adoção de novas tecnologias. Perdemos projetos estratégicos porque resistimos à mudança”, afirmou. O engenheiro alertou para a necessidade de “aprender com a indústria asiática, que pensa a longo prazo e não tem medo de falhar”.
Com base na experiência de décadas no desenvolvimento de componentes eletrónicos, João Pedroso defendeu uma reindustrialização europeia mais ambiciosa. “A linearização da economia eletrónica tem de ser repensada. Temos poucos fabricantes de componentes e uma dependência excessiva da Ásia”, disse. “Ou recuperamos a capacidade produtiva e estratégica, ou ficaremos dependentes de quem define o ritmo tecnológico”.
Uma reindustrialização verde e digital
A sessão encerrou com uma mensagem do Secretário de Estado da Economia, que destacou o papel do setor automóvel na reindustrialização verde e digital. “Vivemos um momento de transformação profunda, marcado pela transição energética, pela digitalização e pela inovação tecnológica”, afirmou. “Portugal tem talento, capacidade industrial e visão estratégica. O nosso objetivo é liderar nas áreas emergentes da mobilidade elétrica, microeletrónica e sistemas inteligentes de transporte”.
O encerramento formal ficou a cargo de Pedro Silva, da OPCO, que confirmou o regresso do evento em 2026. “A mobilidade está a mudar todos os dias. O que hoje é futuro, amanhã será passado. Cabe-nos garantir que Portugal continua a fazer parte dessa mudança”, concluiu.
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