Credores dão nova vida à Valentim de Carvalho

Plano aprovado prevê a venda de terrenos em Paço de Arcos, por 8,5 milhões, para pagar dívidas ao Fisco, Segurança Social e trabalhadores. Programas como "Joker" vão ajudar a relançar atividade.

ECO Fast
  • A Valentim de Carvalho obteve a aprovação dos credores para um plano de recuperação que inclui a venda de terrenos em Oeiras por 8,5 milhões de euros. O encaixe ajudará ao pagamento das dívidas, que totalizam 20 milhões de euros, e ao relançamento da atividade.
  • A empresa acredita que irá conseguir recuperar o negócio nos próximos anos e passar de uma faturação de 700 mil euros no ano passado para os cinco milhões em 2029, à boleia de programas televisivos como o “Joker” e “Cá Por Casa”.
  • A venda dos terrenos permitirá a amortização de dívidas a trabalhadores, à Autoridade Tributária e à Segurança Social, mas nem todos os credores receberão o montante total que reclamam.
Pontos-chave gerados por IA, com edição jornalística.

A histórica Valentim de Carvalho vai ter uma nova vida, depois de os credores terem aprovado o plano de recuperação que prevê a venda de parte dos terrenos onde se encontram os seus estúdios, em Paço de Arcos. A operação – que já tem comprador, como o ECO revelou — vai permitir um encaixe de 8,5 milhões de euros, dinheiro que vai ajudar a pagar dívidas que ascendem a 20 milhões de euros, e ainda a relançar a atividade.

O Plano Especial de Revitalização (PER) da Estúdios Valentim de Carvalho – Gravações e Audiovisuais, apresentado em abril e que os credores aprovaram na semana passada, não revela o nome do investidor interessado naqueles terrenos, indicando apenas que o loteamento em causa – que tem o maior valor comercial — será destinado à habitação e que o projeto já foi aprovado pela Câmara de Oeiras.

Quanto aos equipamentos audiovisuais que se encontram no lote a ser vendido, o plano prevê a transferência para novas instalações que a empresa irá alugar e onde irá concentrar toda a atividade operacional e novas áreas de negócio. Para este esforço para relançar a atividade conta investir 1,5 milhões de euros nos próximos anos.

Há ainda um segundo lote (de valor comercial inferior) onde manterá a sede, serviços centrais e apoio administrativo a todo o grupo, mas onde prevê a realização de obras de ampliação e ainda a manutenção da atividade relacionada com histórico estúdio.

“Joker”, apresentado por Vasco Palmeirim, é um dos programas televisivos produzidos pela Valentim de Carvalho.RTP

“Joker” e “Cá por Casa” valerão metade do negócio

Com o PER aprovado, a proposta de 8,4 milhões pelos terrenos torna-se “efetiva” e as verbas vão contribuir para “normalizar o passivo” e “relançar a atividade” que foi — adianta a empresa no plano de recuperação — profundamente afetada nos últimos anos com os problemas financeiros da generalidade das empresas que compõem o grupo, a pandemia e massificação da oferta de conteúdos em streaming.

A empresa acredita que irá conseguir recuperar o negócio nos próximos anos e passar de uma faturação de 700 mil euros no ano passado para os cinco milhões em 2029, à boleia de programas televisivos como o “Joker” (concurso de conhecimentos gerais apresentado por Vasco Palmeirim e que gerará rendimentos de 1,5 milhões por ano) e “Cá Por Casa” (de Herman José, que renderá 1 milhão por ano), que representarão metade da faturação esperada.

Neste período, a Valentim de Carvalho também espera começar a faturar no negócio de streaming e digital, prevendo rendimentos de meio milhão de euros dentro de cinco anos.

Venda do terreno amortiza dívidas a trabalhadores, Fisco e Segurança Social

Com as dívidas ascenderam a mais de 20 milhões de euros, nem todos os credores vão receber todo o dinheiro que reclamam. Esse não será o caso, porém, da Autoridade Tributária (2,73 milhões de euros), Segurança Social (2,57 milhões) e trabalhadores (203 mil euros), cujas dívidas serão pagas com a verba que a empresa irá encaixar com a venda do terreno.

Já a Caixa Geral de Depósitos (CGD) terá o valor do capital completamente amortizado, cerca de 1,1 milhões de euros, mas irá perdoar 240 mil euros correspondentes à parcela de juros.

Quanto à Sony Pictures TV UK, que reclamava 2,3 milhões de euros, a Valentim de Carvalho chegou a um acordo para o pagamento de 530 mil euros. O Abanca (230 mil euros) e a Lisgarante (600 mil euros) também surgem como credores garantidos e em relação aos quais pede um perdão parcial de dívida (além do perdão de juros).

E a dívida dos fornecedores, que ascende a 6,6 milhões, terá um ‘haircut’ de 50%, sendo que receberão o remanescente (3,3 milhões) nos próximos cinco anos através de prestações semestrais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Credores dão nova vida à Valentim de Carvalho

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião